O Índice de Basileia mede a saúde financeira dos bancos. Entenda como funciona e qual a importância.

O Índice de Basileia é um indicador que avalia a solidez financeira e patrimonial, além de outros aspectos, das instituições financeiras. Por isso, é uma métrica importante para investidores, que ajuda a tomar decisões de alocação de capital.

Esse índice é utilizado tanto no Brasil quanto em outros países. Em qualquer caso, ele consiste em calcular o risco de investir em determinado banco, seja em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e debêntures, seja em ações e outros ativos. Portanto, ele contribui para o balanceamento da carteira e a aplicação da análise fundamentalista.

Então, o que o Índice de Basileia representa, qual sua importância e como calculá-lo? Vamos explicar neste post.

Sumário

O que é o Índice de Basileia?

O Índice de Basileia é um indicador que mede a solidez de uma instituição financeira e o nível de risco ao investir nesse emissor. Isso porque ele avalia o grau de alavancagem, sendo necessário mantê-lo acima de determinado resultado exigido pelo Banco Central do Brasil.

Criado no final dos anos 1980, o indicador surgiu como um modelo de fiscalização. O objetivo era evitar que as instituições financeiras colocassem em risco todo o capital de seus acionistas, clientes e investidores.

Isso porque, diferente de outros segmentos, o bancário depende das dívidas para ganhar dinheiro com o spread. Ou seja, o lucro vem da diferença entre a taxa de juros cobrada dos clientes e a paga pelo banco.

No entanto, esse processo precisa ser feito com equilíbrio para evitar a falência. Assim, o Índice de Basileia busca avaliar a solvência e o risco de crédito da instituição financeira, sendo um padrão mundial.

Qual a diferença entre Índice de Basileia e Índice de Mobilização?

Os Índices de Basileia e de Mobilização devem ter resultados inversos. Créditos: jannoon028 — Freepik

A diferença entre Índice de Basileia e Índice de Mobilização é que o primeiro verifica a saúde financeira da instituição financeira. Ou seja, tem a ver com a solvência. Já o segundo mede a quantidade de ativos imobilizados, como veículos e imóveis. Assim, mesmo que componham o patrimônio, limitam o pagamento das dívidas.

Segundo o Banco Central, o Índice de Mobilização máximo das instituições financeiras é de 50%. Caso ultrapasse esse percentual, é necessário vender parte dos ativos imobilizados.

Assim, os Índices de Basileia e de Mobilização devem ter resultados inversos. Enquanto o primeiro deve ser o mais alto possível, o segundo precisa estar baixo.

O que é o Acordo de Basileia?

O Acordo de Basileia é um tratado que traz recomendações para as instituições financeiras se manterem saudáveis. Ele está dividido em I, II e III, e traz recomendações do Comitê de Basileia, órgão relacionado ao Banco de Compensações Internacionais (BIS).

O objetivo do BIS é garantir que os bancos centrais dos países e as agências reguladoras cooperem entre si para formar um sistema financeiro mundial estável.

Assim, o Basileia I tinha o propósito de definir um capital mínimo para as instituições financeiras. Sua criação ocorreu em 1988.

Por sua vez, em 2004, foi elaborada uma revisão, chamada Basileia II. Ele buscou trazer maior precisão aos riscos dos bancos que atuavam em diferentes países.

Assim, foram adotados alguns princípios, como aqueles de supervisão para a revisão de processos internos e as solicitações de divulgação ampla de informações.

Já em 2010, após a crise de 2008, foi feita outra revisão, o Basileia III. Ele surgiu devido à necessidade de evitar uma elevada alavancagem dos bancos, que gerou a crise financeira dois anos antes. Essa é a versão atual.

Seu objetivo é fortalecer as instituições financeiras para serem capazes de absorver as crises financeiras e de outros setores econômicos. Isso diminui o chamado efeito dominó, que consiste na propagação dos problemas pelo sistema financeiro.

Vale a pena ressaltar que o Comitê de Basileia para Supervisão Bancária (BCBS) é um fórum internacional que debate as recomendações repassadas. Ele foi criado em 1974 e busca melhorar a regulação e a supervisão das práticas bancárias.

No total, ele conta com 45 autoridades monetárias e supervisiona 28 jurisdições. O Banco Central do Brasil (Bacen) integra a entidade desde 2009.

Qual a importância do Índice de Basileia?

A importância do Índice de Basileia é avaliar a saúde financeira das instituições bancárias. Assim, assegura-se a existência de capital para cobrir possíveis perdas nas operações, garantindo a solvência necessária. Para investidores, é a oportunidade de saber qual o risco do emissor de determinado título privado.

Assim, o indicador considera o funcionamento diferenciado das instituições financeiras. Isso porque empresas de outros setores fazem empréstimos para financiarem suas atividades e as expandirem.

Por outro lado, as instituições financeiras concedem crédito para lucrarem com o spread. Então, esse indicador considera o cenário e serve como parâmetro de mensuração da saúde do sistema bancário.

Como calcular o Índice de Basileia?

Os dados do indicador podem ser acessados a qualquer momento pela internet. Créditos: pressfoto — Freepik

Para calcular o Índice de Basileia, divida o patrimônio de referência (PR) pelo valor dos ativos ponderados pelo risco (RWA). O resultado deve ser multiplicado por 100 para chegar a um percentual.

O PR é formado pela soma dos níveis I e II de capital (Tier 1 e Tier 2). O nível I contempla o capital principal e o complementar. O primeiro é composto por lucros acumulados, reservas de capital e capital social (ações ordinárias e preferenciais).

Ainda tem o resto do PR, que são as dívidas subordinadas. Elas se caracterizam como perpétuas para o capital complementar e com vencimento acima de 5 anos para o nível II.

Pode parecer complexo, mas esses dados são obtidos no balanço patrimonial da instituição financeira. Assim, você obtém o PR e o RWA. Então, é só aplicar os números na fórmula e obter o resultado.

Por exemplo, imagine que o PR é de R$72.000 e o RWA é de R$450.000. Dessa forma, o Índice de Basileia é de 16% (R$72.000 ÷ 450.000 = 0,16 × 100).

Isso significa que, a cada R$100 emprestados, o patrimônio do banco é de R$16. Portanto, está acima do recomendado pelo Bacen. 

De toda forma, esse cálculo não precisa ser feito. Os dados do indicador podem ser acessados a qualquer momento pela internet.

Além disso, tem o Bancodata, o sistema do Bacen que traz a informação. Nesse caso, é preciso completar os 3 campos indicados e você obterá a resposta.

Qual o Índice de Basileia dos principais bancos brasileiros? 

  • Itaú: 15,13%.
  • Banco do Brasil: 15,7%.
  • Caixa Econômica Federal: 16,6%.
  • Bradesco: 15,5%.
  • Santander: 13,5%.
  • Nubank: sem informações.
  • C6: 11,4%.
  • Banco Inter: 22,8%.

Os dados foram retirados do Bancodata, consultado em julho de 2024, e são relativos aos balanços de junho de 2023. Já o Índice de Basileia do Sistema Financeiro Nacional (SFN) no período foi de 15,8%.

Para acessar as informações, entre no Bancodata e defina a data-base mais recente. Então, escolha "Conglomerados Prudenciais e Instituições Independentes" em "Tipo de instituição" e opte por "Resumo" no campo "Relatório". Na tabela, você verá várias informações, inclusive o Índice de Basileia dos bancos brasileiros.

Portanto, fica muito mais fácil utilizar esse dado na sua análise de investimentos. Isso permite ter uma visão ainda mais completa das aplicações financeiras e tomar a decisão certa dos ativos para comporem sua carteira.

Assim, o Índice de Basileia é um indicador relevante para a análise de renda fixa e variável. Por isso, vale a pena acompanhar os resultados a cada divulgação da instituição financeira.

Quer se aprofundar no assunto? Veja as melhores ações de banco e leia mais conteúdos do blog.

Resumindo

Qual o Índice de Basileia atual?

O Índice de Basileia do Sistema Financeiro Nacional, em junho de 2023, é de 15,8%. Quanto aos principais bancos brasileiros, para o mesmo período, os indicadores são 15,1% para o Itaú, 15,7% para o Banco do Brasil e 16,6% para a Caixa Econômica Federal. Ainda tem 15,5% para o Bradesco e 13,5% para o Santander.

Quanto é um bom Índice de Basileia?

O mínimo exigido no primeiro acordo é de 8%, com reserva extra de 2,5%, assim o percentual de capital deve ser de 10,50%. Quanto mais elevado e distante do mínimo obrigatório, melhor.