Ibovespa hoje: o que fazer em momentos de queda?
Ultimamente, o mercado está sofrendo com bastante estresse. São taxas de juros subindo, bolsa caindo e câmbio se desvalorizando.
Fica muito difícil neste momento não vermos a performance da nossa carteira no negativo, o que pode gerar um desconforto.
Mas o que fazer nesta hora? Devo vender? Vamos manter? São as perguntas que mais recebemos nos nossos canais de atendimento.
É muito importante termos essa proximidade com o cliente na hora da crise e podermos mandar mensagens diretamente a você, exatamente para auxiliar no que fazer e o que não fazer em um momento desses.
O que não fazer
A começar pelo que não fazer: NÃO VENDA! Não venda suas ações porque a cotação caiu.
Quando você decide investir em ações, você já tem que estar ciente de que elas oscilam ao sabor do mercado. No entanto, embora as cotações oscilem, os resultados das boas empresas não oscilam.
Não é porque o mercado está com medo do fiscal, que uma boa empresa exportadora de petróleo deixa de vender seu petróleo no mercado internacional. Em vários casos, a oscilação no resultado da empresa é nula.
Ou seja, nesses casos, a oscilação na cotação é apenas uma oportunidade de você comprar uma empresa a um preço mais baixo. Não faria sentido algum você vender uma empresa boa que cresce e aumenta os lucros porque o preço de suas ações caiu.
Porém, infelizmente, o investidor acaba entrando no pânico do mercado e vendendo ações de boas empresas em cotações mínimas, e isso acaba por destruir o seu patrimônio.
É por isso que ao decidir investir em ações, você precisa estar muito ciente de que, para tentar ganhar mais do que o CDI, você está entrando em um investimento que oscila bastante.
Você tem que dar o tempo desse investimento maturar e só vender quando o mercado precificar essas ações lá para cima. E isso pode demorar anos.
Caso contrário, se você não tiver o estômago ou a paciência, não invista em ações e fique apenas no CDI, ganhando a rentabilidade mediana.
A renda fixa funciona da mesma forma. Os títulos IPCA+ e prefixados estão oscilando bastante seguindo o aumento das taxas de juros americanas. E, com isso, o investidor de renda fixa pode ficar inseguro.
Entretanto, do ponto de vista do fundamento, os dados de inflação estão mostrando uma desinflação consistente, rumo à meta. Além disso, o Banco Central vem conduzindo muito bem o processo de queda da Selic, não acelerando o passo e indo com mais cautela.
Outros países emergentes que decidiram acelerar o passo de queda por conta de sua inflação cadente acabaram por sofrer uma desvalorização cambial grande, pela redução do diferencial de juros com os EUA.
Mas o Banco Central brasileiro não. Entendendo que isso era um risco, ele adotou uma política mais parcimoniosa e manteve o passo de 50 bps. Inclusive apoiado por Galípolo, o novo membro indicado pelo governo, que deve ser o futuro presidente na próxima gestão do Comitê.
E esse juro americano subindo, Marilia?
O juro americano está precificando atualmente um cenário difícil de acontecer. As taxas longas subiram para muito próximo das taxas curtas, chegando a quase 5%. Ou seja, entrando em uma precificação de que os juros americanos não cairiam nunca mais.
Ou que o nível de juro real americano é muito maior.
Como muito bem notado pelo meu sócio Luiz Felippo em seus excelentes estudos, essa alta de juros não está vindo acompanhada de alta da expectativa de inflação, mas sim apenas de abertura de juros reais.
Ou seja, se fosse um medo de fiscal piorando, as inflações implícitas deveriam abrir, pois o governo poderia “inflacionar” a economia, emitindo dinheiro e pagando a dívida (que é geralmente o que acontece). Mas não é isso que o mercado está colocando nos preços.
Ele está colocando uma necessidade de juros maiores.
Oras, mas se os números de inflação nos EUA já estão voltando a desinflacionar, reduzindo inclusive os núcleos de inflação, temos na verdade um indício contrário do que está acontecendo.
Temos um indício exatamente de que a taxa de juro atual está, sim, sendo suficiente para desinflacionar a economia, portanto está acima do juro neutro.
O que fazer
Ou seja, eventualmente, pode até ser mais tarde, teremos, sim, um ciclo de queda.
Isso me dá um cheiro de que o que está acontecendo atualmente é um movimento técnico, que pode se reverter no futuro.
Portanto, me sinto confortável em manter minhas posições de risco e acredito que seja uma boa chance para quem ainda não se posicionou.