Ibovespa em queda: MILS3, BPAC11 e PRIO3 são oportunidade de compra
O pessimismo dos investidores chega a um nível elevado. O Ibovespa não subiu nenhuma vez em agosto: 13 quedas consecutivas. Com os números de ontem, as perdas são de -5,71% no mês de agosto. No ano, o índice registra ganhos de +4,72%.
Sabe o que significa a pior sequência negativa do Ibovespa desde 1984? Nada.
No mercado financeiro, quem quer ganhar dinheiro do IBOV a longo prazo precisa estar preparado para perder do IBOV no curto prazo.
Mas se as incertezas seguem elevadas, o que fazer nessa situação?
Primeiro, vou resumir o que está acontecendo com os mercados no mundo e no Brasil.
A tempestade na economia chinesa
Nesta semana, os dados da China estão ocupando o centro das atenções por parte dos investidores.
A segunda maior economia global deixou a desejar ao apresentar números que não atenderam às expectativas de vendas no varejo e produção industrial.
Os últimos dados referentes ao setor varejista ficaram abaixo das previsões que indicavam um aumento de 4,4%, com crescimento de 2,5%. Paralelamente, o setor industrial registrou um aumento de 3,7%, não atingindo a marca esperada de 4,6%, reforçando a percepção de que a economia chinesa está tangenciando um período de desaceleração.
Adicionalmente, rumores sobre o default de títulos da Country Garden, uma das maiores construtoras da China, trazem mais cautela e aversão ao risco.
Uma eventual desaceleração da China tem o potencial de gerar repercussões em escala mundial, podendo afetar as exportações de diversos países, incluindo o Brasil.
Perspectiva de alta de juros nos EUA
O mercado também fica atento sobre o rumo das taxas de juros nos Estados Unidos, que atualmente se situam entre 5,25% e 5,50% ao ano, frente ao ciclo de corte de juros local.
A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (FED) mostrou que a autarquia se manterá restritiva por mais tempo para garantir a desinflação (processo que estamos fazendo também em terras tupiniquins).
Apreensão no mercado doméstico
No Brasil, temos um arcabouço fiscal bastante duvidoso, que não agradou 100% o mercado, que “aceitou” o projeto apenas por existir.
O novo arcabouço proposto pelo ministro Fernando Haddad já é considerado uma obra de ficção, diante das propostas de limitação de despesas no ano, e ainda nem foi aprovado em definitivo pela Câmara.
O déficit primário já alcança altos R$ 145,4 milhões em 2023, próximo de 3 vezes acima da meta proposta pelo novo arcabouço.
O que ainda esperar para o Brasil?
A reforma tributária que deve ser votada no início de outubro prevê a unificação de impostos importantes, como IPI, PIS e Cofins, além de discussões mais acaloradas com a previsão de zeragem dos tributos em cestas básicas e a criação do “imposto do pecado” sobre itens prejudiciais como cigarros e bebidas alcóolicas.
Não satisfeitos com polêmicas, temos o novo PAC sob os holofotes do mercado. A proposta da Câmara é de inclusão das obras do PAC de interesse de parlamentares como uma espécie de contrapartida à verba de emendas.
Esse novo ajuste certamente não está no pacote fiscal problemático que citei há pouco.
Agora que você entendeu por qual motivo as incertezas seguem elevadas, vou mostrar o que fazer nesse cenário.
3 empresas que vemos como oportunidade
Mesmo com um cenário atual mais conturbado — nada diferente do Brasil das últimas décadas —, vemos que os fluxos gringo e Institucional ainda não voltaram para a Bolsa.
A renda fixa ainda está bastante atrativa a dois dígitos e vemos como uma oportunidade para reforçar posições com ótimos resultados que estão precificadas muito abaixo do que entendemos que valem.
BTG Pactual (BPAC11)
BTG Pactual (BPAC11) é um banco de investimento que atuava majoritariamente no atacado e atualmente tem conseguido apresentar excelente crescimento também no varejo.
Neste trimestre, o banco apresentou novamente uma boa captação de net new money (NNM – novo dinheiro) de R$ 61 bilhões, dado bastante importante para direcionar o crescimento da companhia nos trimestres seguintes.
Crescimento em todas as linhas de negócio e IB — investment banking —, a linha que ainda não se recuperou totalmente tem boa visibilidade com a retomada do mercado de ofertas públicas de ações, fusões e aquisições.
A 11x lucros, achamos que a companhia está bem barata frente ao crescimento que tem conseguido entregar.
Mills (MILS3)
Mills (MILS3) atua nas divisões de negócios de rental (locação de plataformas aéreas, elevadores, compressores, geradores) e construção (formas e escoramentos) no segmento de aluguel de máquinas e equipamentos.
No 2T23, a companhia entregou resultados acima do esperado pelo mercado, reflexo do crescimento de +21% da frota, principalmente da linha amarela, do maior volume locado e o ticket médio elevado. Com isso, a divisão Rental cresceu +30% a receita e +27% o Ebitda. Já Formas e Escoramentos, a receita cresceu +79% e o Ebitda +175% por conta da demanda aquecida e dos preços mais altos da locação.
Com uma grande oportunidade de crescimento em linha amarela, negociando a 6x Ebitda e 11x lucros, Mills tem se aproveitado de um mercado mais estressado para reforçar seu pipeline de aquisições.
O crescimento não é a qualquer custo, mas com uma estratégia direcionada para aproveitar o mercado de linha amarela, além da maior resiliência em plataformas elevatórias.
PRIO (PRIO3)
A companhia atua na extração de petróleo no grupo que chamamos de petroleiras juniores (minors). Diante da imprevisibilidade de seu maior componente, o petróleo, o custo é essencial para a diferenciação da companhia frente às demais, além de um bom ritmo de aquisições de novos campos e aumento de produção.
No 2T23, a companhia divulgou excelentes resultados. Com o salto de +174% na produção, o grande destaque da PRIO (PRIO3) no trimestre foi a entrega do lifting cost (custo de extração) recorde de apenas US$ 7,4, a expectativa é de que ele permaneça nesse patamar no resto do ano e que possa cair para o patamar de US$ 5~6 com a produção de Wahoo entrando no ano que vem.
A 8x Ebitda, com crescimento de produção para entrar em seus resultados e continuidade de queda no custo de extração, vemos a companhia como uma ótima oportunidade.