As ações da Hapvida (HAPV3) caem -22% no ano, com forte desaceleração nos últimos dez dias. 

Entre as razões que provocaram o desânimo do mercado, está a taxa de sinistralidade de 68%, prevista inicialmente para ser alcançada no terceiro trimestre deste ano (3T24), mas deve se tornar realidade apenas em 2025.

Novo programa de recompra

Na tentativa de compensar a queda do papel no curto prazo, a companhia anunciou a recompra de 200 mil ações, no período de 18 meses, contados a partir de quinta-feira, 15.

O novo programa de recompra é uma tentativa da gestão de dizer ao mercado que suas ações estão em um preço adequado, ou seja, estão baratas

A descrença do mercado com as ações da Hapvida

O mercado está bastante descrente com as ações da Hapvida e a principal razão é a demora na captura de sinergias com NotreDame Intermédica em São Paulo. Faz dois anos desde a fusão, mas a complexidade na integração parece só aumentar.

O mercado elevou as apostas em Hapvida, no entanto, a companhia não conseguiu melhorar seus resultados.

Inclusive, desde 2018, antes mesmo da integração com NotreDame, os resultados da Hapvida mostram uma desaceleração.

Resultados em queda, tratando-se da maior operadora de planos de saúde do país, com quase 18% de market share, têm bastante peso. Com isso, o mercado acabou buscando o qualificativo da empresa, pressionando uma redução de custos. 

Para piorar, a operadora ainda responde a ações judiciais que somam ao menos R$ 2 bilhões, dos quais R$ 422 milhões estão provisionados, conforme balanço da companhia. 

O que o investidor deve fazer com a ação da Hapvida?

A falta de visibilidade tanto no curto quanto no longo prazo continua pesando sobre os papéis da Hapvida NotreDame Intermédica. Com isso, reiteramos nossa recomendação para ficar de fora de HAPV3.

Vemos os resultados da companhia, muito antes da fusão, decepcionarem o mercado e seus acionistas. A empresa vem apresentando prejuízos recentes e sinistralidade ainda está bastante elevada (72%).

Apesar de sinalizar que as ações estão baratas com o movimento de recompra (que pode não ser concretizado), entendemos que a estratégia é semelhante ao follow-on feito em 2023, em que a família proprietária se dispôs a investir boa parte do seu capital na companhia.

Os esforços da gestão em retomar a confiança do mercado são grandes, mas entendemos que a empresa está bem cara para todos os problemas apresentados.

Negociando a 18x Ebitda, achamos as ações da companhia caras e com sérios problemas de governança.