Guerra comercial: saiba como se posicionar em ações internacionais agora
Retaliação da China a Trump sinaliza nova postura; bolsas despencam em todo o mundo
A semana começou com forte aversão ao risco nos mercados globais. Bolsas internacionais operam em queda, o dólar se valoriza frente a várias moedas e as commodities apresentam volatilidade nesta segunda-feira, 7.
A combinação de uma guerra comercial prolongada entre EUA e China e receios com o crescimento global tem gerado dias de pânico nos mercados, exigindo cautela dos investidores.
Sangria nos mercados globais
Nos EUA, o S&P 500 caiu -4,8% no último pregão, enquanto o Nasdaq recuou -6%, entrando em bear market. Nesta segunda, as bolsas internacionais estenderam as perdas diante das incertezas tarifárias.
No Japão, o índice Nikkei encerrou o dia com uma queda de 7,83%, após acionar o “circuit breaker” — mecanismo que interrompe temporariamente as negociações — logo na abertura do pregão.
No Brasil, o Ibovespa sentiu a turbulência, encerrando a semana com perdas superiores a -3%. Hoje, o índice doméstico emenda sua segunda queda consecutiva, acompanhando os temores trazidos pela guerra comercial.
Com esse cenário, entender como se posicionar diante da instabilidade se torna essencial para proteger o patrimônio e buscar oportunidades.
Queda livre de ações pode ser sua chance
Nos últimos dois anos, participei de diversos eventos com clientes, eventos do mercado, conversas com outros analistas e gestores. Um dos temas mais recorrentes nessas ocasiões foi a dúvida sobre se ainda valeria a pena investir na Bolsa americana após as fortes valorizações
A pessoa que hesitou em 2023, mas comprou em 2024, se beneficiou de mais um ano de altas fortes na Bolsa americana. Esse investidor surfou dois anos de valorização acima de 20% ao ano, além de ter ganhado com a alta do dólar. Ainda assim, muitos permanecem à espera de uma oportunidade como essa.
O mercado americano acumula quedas de -14% em 2025. Não é uma queda de -50% que gera aquelas oportunidades que vemos apenas uma ou duas vezes na vida. No entanto, para o mercado americano, já é uma queda relevante e acima da média das correções anuais históricas de 10%.

Por definição, o mercado sobe quando há uma demanda maior por ativos de risco, enquanto o mercado cai quando a demanda por ativos de risco fica menor. Obviamente que a fotografia do momento tem que estar ruim para acontecerem quedas.
E a foto está bem feia.
EUA estão a caminho de uma recessão?
O cenário ainda é muito incerto após o anúncio de tarifas de Trump na última quarta-feira, dia 2 de abril. No entanto, a resposta do mercado foi certeira.
O índice S&P 500 acumulou queda superior a -4% em apenas dois dias consecutivos. As taxas de juros de longo prazo, com vencimento em 10 anos, recuaram para níveis abaixo de -4%. Essa movimentação repercutiu nos mercados do mundo inteiro, que acompanharam a tendência.
48 horas após o “tarifaço de Trump”, no dia 4 de abril, a China anunciou uma retaliação às tarifas impostas pelo republicano.
O país asiático contra-atacou com um pacote de tarifas de 34% sobre todos os produtos importados dos Estados Unidos, além de estabelecer restrições à exportação de sete metais raros, determinados aparelhos médicos provenientes dos EUA e da Índia, bem como a atuação de algumas empresas americanas, limitando a capacidade dessas companhias de comercializar produtos no mercado chinês.
Olhando essa retaliação, o mercado já imagina que outras poderão seguir. Mas o medo do mercado vai além das tarifas. Ele está muito mais relacionado ao dano econômico que essas tarifas devem causar. E o cenário de uma recessão vem ganhando cada vez mais força. Alguns economistas, inclusive, já estão aumentando suas projeções.

Na Kalshi, uma plataforma de apostas em previsões de eventos futuros, as chances de uma recessão subiram para 66%. Apenas a título de comparação, no começo do mês de março, as chances estavam abaixo de 37,5%.
Ou seja, existem riscos relevantes para o mercado hoje. Mesmo assim, existem excelentes oportunidades para compras no momento.
3 ações internacionais para se posicionar em meio à guerra comercial
Com as quedas recentes, temos inúmeras empresas apresentando valuations bastante interessantes para compras. Mas, diante das tamanhas incertezas do mercado, o foco precisa ser em companhias que possuam uma visibilidade altíssima, aliado a capacidade de repassar aos clientes os efeitos inflacionários causados por tarifas.

Com base nisso, separamos três empresas listadas nos EUA que são recomendadas para investimento agora.
TSMC (TSM)
A TSMC é a maior fabricante de semicondutores do mundo. A grande maioria dos chips que estão sendo fabricados para abastecer os data centers que permitem o funcionamento dos modelos de inteligência artificial no mundo são fabricados por ela. Mas não são apenas os chips para IA. Eles também fabricam os chips da Apple e de várias outras empresas que estão presentes no nosso dia a dia.
Apesar das tarifas sobre a Taiwan terem sido postas em 32%, os semicondutores foram isentos desses custos. Além desse “benefício”, a TSMC anunciou recentemente, junto ao presidente Trump, um investimento novo de US$ 100 bilhões nos EUA. Isso soma-se aos US$ 65 bilhões que eles já haviam anunciado anteriormente.
As projeções de crescimento da empresa indicam que eles devem crescer aproximadamente 20% ao ano, pelos próximos cinco anos. Claro, que diante de tantas incertezas econômicas, esses valores podem acabar ficando menores. Mas é uma empresa que dificilmente será substituída pelos clientes e que consegue repassar os custos caso venha a ser alvo de impostos. Negociando a 15x lucro, é uma ótima oportunidade.
Netflix (NFLX)
Apesar de ser uma empresa que presta um serviço discricionário, ao contrário dos chips da TSMC que são essenciais para o funcionamento de computadores, celulares e carros, a Netflix é uma companhia que também possui pela frente muitos anos de crescimento.
A tendência é que cada vez mais nosso entretenimento de cinema seja por meio de streaming. Hoje, a empresa está próxima de 300 milhões de assinantes no mundo. Ou seja, ainda existe um potencial enorme de crescimento considerando pela frente uma troca do modelo de TV a cabo pelo streaming.
Apesar de não ser uma das companhias mais baratas do mercado, negociando a 35x lucro, a Netflix deve seguir com sua trajetória de crescimento acima do que a economia do mundo cresce.
Além disso, a empresa mostrou que, em termos de execução, segue à frente da competição, sendo a primeira a ser assinada e a última a ser cancelada conforme as variações das condições econômicas dos assinantes.
Halozyme (HALO)
Por fim, mas não menos importante, uma empresa do setor de saúde. Obviamente que em um cenário de incertezas econômicas focar em companhias cujos produtos possuem baixa elasticidade na demanda é fundamental (em outras palavras, que o consumo vai se manter independentemente do cenário econômico).
A Halozyme licencia o uso de uma molécula patenteada para que empresas farmacêuticas criem medicamentos de aplicação subcutânea.
A molécula Enhaze, da Halozyme, permite que medicamentos intravenosos (na maior parte dos casos para tratamentos oncológicos) sejam convertidos em medicamentos subcutâneos. Com isso, o tempo de aplicação dos medicamentos é reduzido de horas de aplicação para minutos — um ganho de conforto enorme para pacientes passando por tratamentos complexos.
A empresa projeta que, até 2028, suas receitas devem crescer a uma taxa anual média de +17%. Junto ao crescimento das receitas, como a companhia ganha com royalties, seus custos praticamente não aumentam. Com isso, suas margens devem seguir crescendo ao longo desses anos. Nesse contexto, espera-se um crescimento do lucro em +25% ao ano.
Com as recentes quedas generalizadas do mercado, as ações da Halozyme estão negociando a 12x lucro. Nos parece, assim como as duas empresas acima, uma excelente oportunidade.
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