Ela está de volta…
Wall Street teve uma semana bem esquisita.
Na quinta-feira, foi divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI), que ficou bem acima do esperado pelo mercado, marcando uma alta de +5 por cento na comparação anual – maior leitura desde junho de 2008.
Quem diria que Brasil e Estados Unidos teriam justamente a inflação em comum? A Marilia comentou um pouco sobre isso lá no Instagram dela, vale a pena conferir.
Mesmo quando analisamos o núcleo da inflação, que exclui alguns itens mais voláteis como alimentos e energia, o número também veio bem alto, em 3,8 por cento – maior leitura desde junho de 1992!
Era um prato cheio para o mercado cair, visto que a inflação já está alta por alguns meses consecutivos. O que aconteceu? Os principais índices acionários dos Estados Unidos subiram, sendo que o S&P500 marcou mais uma máxima histórica.
No mês de abril, quando também tivemos uma surpresa nos números de inflação, o S&P500 caiu -2,4 por cento e os títulos de dívida do governo americano viram suas taxas aumentarem. Cenário bem diferente, né? Estranho…
Na real, parece que os investidores estão dando de ombros para qualquer notícia ruim, com a inflação bem acima da meta do Banco Central dos Estados Unidos, o FED.
Por falar nele, o colegiado vai se reunir na próxima semana para discutir a política monetária do país. Ninguém espera que o FED aumente as taxas de juros, que hoje estão perto de zero, mas como a inflação está correndo solta, pode ser que ele decida retirar alguns dos vários estímulos aplicados nos últimos anos.
Além de uma inflação em alta, os Estados Unidos vivem um dilema no mercado de trabalho. Os novos pedidos de auxílio-desemprego caíram para o menor nível observado durante a pandemia, segundo os números divulgados na semana passada, quando totalizaram 376 mil.
Apesar disso, para a semana que terminou em 22 de maio, cerca de 15,3 milhões de americanos ainda recebiam algum tipo de benefício de desemprego estadual ou federal, como mostra o gráfico a seguir.
Apesar de bem inferior ao observado no pior momento da pandemia, quando quase 35 milhões de americanos recebiam algum tipo de auxílio do governo, o número atual ainda é cerca de sete vezes o número de pessoas nessa situação, se olharmos o período pré-pandemia.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos nunca tiveram tantas vagas de emprego a serem preenchidas.
O Departamento de Trabalho realiza uma pesquisa mensal – JOLTS – que mostrou um total de 9,3 milhões de vagas de trabalho abertas no país, o maior número da série histórica, que se inicia em 2000.
Muitas empresas tentam retomar as atividades e precisam contratar mão de obra qualificada para isso. Todavia, lembremos que 15 milhões de americanos ainda recebem benefícios do governo.
Para uma parcela dessa população, o valor pago pelo governo é superior ao que seria ganho em um trabalho mais simples, então o estímulo para a volta ao mercado de trabalho é baixo. Para trazer esses trabalhadores, as empresas têm aumentado os salários e oferecido mais benefícios.
Fico imaginando o que acontecerá quando os estímulos do governo cessarem e todos retornarem ao mercado. Será muita gente com renda querendo gastar…
E como fica a inflação, meu povo? Ela está de volta…
Ainda bem que nós, brasileiros, já estamos acostumados com isso. Temos muito o que ensinar aos americanos nesse campo.
Até semana que vem!