Economia brasileira deve decolar em 2024
Durante esta semana, dedicamos alguns dias para viajar com os membros do Clube Nord para os Estados Unidos. A ideia era começar em Nova York, com reuniões na XP e BTG US, e, posteriormente, encerrar em Omaha, na reunião anual da Berkshire Hathaway.
A viagem calhou em um momento muito propício: o Brasil nunca esteve tão dependente do cenário americano como está atualmente.
Com os juros nos EUA em 5% ao ano, ninguém quer saber de países emergentes. Com investidores retornando ao mercado livre de risco internacional, o dólar se fortalece.
Além disso, os bancos centrais de todo o mundo enfrentam dificuldades para reduzir as taxas de juros, uma vez que a taxa americana pode permanecer estável por mais tempo do que o mercado esperava.
Isso está atrapalhando a queda dos juros longos no Brasil e o rally da nossa bolsa. Os fundos têm uma performance fraca e os investidores estão pouco entusiasmados com o cenário prospectivo, com sua carteira andando de lado.
Mas duas coisas me chamaram a atenção durante as duas apresentações que vimos das operações US das corretoras brasileiras. A primeira é a forma como o Brasil está se posicionando como uma potência exportadora. E a segunda é como o Banco Central americano está fazendo sua política monetária olhando para o retrovisor.
Brasil como potência exportadora
Durante a apresentação do BTG, foram apresentados diversos números referentes ao agronegócio e às exportações brasileiras. Nós estamos entre os cinco maiores exportadores de diversas matérias-primas, tais como soja, laranja, café, milho, carne e nióbio.
Além das várias commodities de alimentos, também exportamos commodities metálicas e, recentemente, aumentamos bastante a exportação de petróleo (que deve continuar crescendo nos próximos anos).
Esse setor está trazendo não só um crescimento acima do esperado para o país, como também beneficiando o nosso câmbio. Apesar da instabilidade global e dos juros altos nos Estados Unidos, conseguimos manter uma estabilidade na moeda graças às boas colheitas.
Se dobrarmos a produção nos próximos anos e os juros americanos normalizarem, poderemos ter novas rodadas de valorização do real.
A produtividade do setor também tem aumentado significativamente, além dos investimentos em infraestrutura para o escoamento da produção.
O Brasil está muito bem colocado no contexto global de comércio, sendo que tudo isso se dá com apenas 16% de aproveitamento das áreas cultiváveis. Enquanto países como China e Japão já ocupam praticamente 100% das áreas cultiváveis.
Ainda há muito espaço para expansão no setor.
Temos uma boa classificação para a energia limpa, com mais de 70% da nossa produção vindo de fontes renováveis (hidro, solar e eólica). Somos produtores de biocombustíveis, que também é a energia do futuro.
Tudo isso para dizer que temos, sim, pontos positivos em nossa economia e que podem trazer um crescimento sustentável no longo prazo.
No curto prazo, ainda estamos reféns dos altos juros americanos, mas eles podem estar próximos de baixar.
BC americano olhando para o retrovisor
O Fed tem demonstrado cautela ao conduzir a política monetária, afirmando que não tem plena confiança na redução consistente da inflação.
Mas, como foi demonstrado na apresentação da XP, eles estão fazendo uma política monetária olhando para o retrovisor.
Aproximadamente 45% a 75% do core inflation nos EUA está ligado a aluguéis de casas. Os aluguéis subiram muito durante a pandemia, mas os dados mais recentes já mostram os preços voltando ao patamar mínimo da pré-pandemia.
Contudo, essa mudança ainda não é refletida no core inflation, uma vez que o dado é uma média móvel e ainda não capta os efeitos da inflação alta anterior. Se o CPI levasse em conta o dado na ponta, a inflação americana estaria hoje abaixo da meta de 2%.
Dados do mercado de trabalho, como o Jolts, ou às vagas difíceis de conseguir, também já voltaram para os níveis pré-pandemia.
Outros dados, como o PMI ou a confiança do consumidor, também mostram que a economia está realmente cedendo.
Diante disso, podemos estar sofrendo da mesma doença que atacou o Fed em 2021, quando a autarquia disse que só iria subir os juros em 2024: o Fed está fazendo política monetária olhando pelo retrovisor.
Se isso for verdade, podemos notar, ao longo deste ano, uma grande mudança nas expectativas, e novos cortes de juros podem entrar no jogo.
Com a queda dos juros nos Estados Unidos, a janela de oportunidades para os emergentes se abre de novo, melhorando a precificação da nossa bolsa, que está muito barata, e reduzindo o nosso juro longo.
Na minha perspectiva, este cenário é o cenário mais provável. E acredito que estamos bem próximos de ver isso se concretizar. Poucos meses nos separam da melhoria nos nossos mercados.
Tenho a convicção de que a melhora será rápida e que poucas pessoas vão surfá-la, uma vez que os investidores ainda estão bastante pessimistas.
Como sempre digo, quem toma o risco, colhe grandes frutos. A espera é recompensada nesses momentos.
Eu já estou posicionada. E você?
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