As altas recentes do dólar fez com que todos se questionassem: por que o dólar está subindo tanto?

É simples: a dívida pública é alta e o nosso governo decidiu gastar mais do que arrecada.

Qual o valor do dólar hoje?

O dólar comercial renovou mais uma vez o recorde, aos atuais R$ 5,66.

Da mesma forma que cobraria muito mais para emprestar para um devedor que não honra suas dívidas, o mercado puxa o dólar e os juros para cima.

Fonte: Bloomberg

O gatilho para as altas do dólar (e dos juros futuros) foi a mudança nas metas de gastos fiscais do arcabouço no final de maio.

Em resumo, o governo criou o arcabouço no ano passado, prometendo superávits crescentes, e alterou as próprias metas, jogando a necessidade de controle para frente.

O mercado não gostou das mudanças.

Fonte: Bloomberg

Os juros brasileiros, que vinham acompanhando os americanos, dispararam, mesmo com os juros americanos caindo um pouco.

Até quando o dólar vai subir?

É difícil de responder. Depende do plano econômico do governo.

De acordo com os cálculos dos economistas, considerando o quanto importamos e exportamos, os nossos juros e a nossa economia, o dólar deveria estar em torno de R$ 4,50.

O que leva o dólar a negociar a R$ 5,66 é o medo do mercado em relação a uma crise fiscal, como vimos no governo Dilma.

Dessa forma, quanto mais o governo gastar e anunciar que não pretende segurar os gastos, mais o dólar sobe. É uma decisão 100% política.

Além do problema fiscal, há o risco de que o Banco Central seja pressionado pelo governo a reduzir os juros na marra.

Os juros podem cair se tivermos o controle dos gastos e a inflação na meta. Se cairmos os juros com descontrole fiscal e inflação alta demais, o dólar sobe.

Pode ir a R$ 6? Pode. Pode ir a R$ 7? Pode.

Depende da seriedade do governo de segurar os gastos e controlar a inflação.

A Bolsa vai despencar?

Não está acontecendo nada fora do normal. Deveríamos estar habituados a essa situação.

É trágico, mas a Bolsa brasileira (em dólares) caiu -50% desde a máxima em 2008.

Fonte: Bloomberg

Funciona assim: quando há governos que controlam os gastos, o CDI cai e a nossa Bolsa voa (em dólares e reais).

No entanto, quando os governos gastam muito, o dólar sobe e a Bolsa cai (em dólares).

Lula 1 foi ótimo para a Bolsa, pois teve superávits primários de 3% do PIB (economizou). No entanto, os governos Lula 2 e Dilma aumentaram os gastos e a Bolsa despencou.

Depois, Temer assumiu e a Bolsa se recuperou bem, até a pandemia. Desde a pandemia, os gastos fiscais tiveram um aumento significativo. E a Bolsa brasileira ainda não conseguiu recuperar o nível pré-pandemia (em dólar).

Mas não seriam os ciclos das commodities?

As commodities ajudam, mas não explicam completamente a história.

Todos pensam que são as commodities. Eu já discuti bastante sobre isso, inclusive com gestores profissionais.

Fonte: Bloomberg

Mas como você explica que o IBOV (em dólar) caiu -16% nos últimos 5 anos, enquanto as commodities subiram +28%?

Observe que o IBOV se descola do índice de commodities justamente em 2021, quando os juros subiram forte.

Exatamente. As commodities ajudam, mas o CDI subindo e os gastos públicos explicam melhor o Brasil.

Bruce, você tem muito viés político!

Muito pelo contrário. Se tivesse não teria dito que a Bolsa estava baratíssima logo após a eleição do Lula.Basta você "dar um Google": "Bruce Barbosa rally pós-eleições". Aqui está a data.

Fonte: Nord Research

Pois é, errei feio. No entanto, avisei para os riscos. Veja abaixo:

Fonte: Nord Research

O termo "uma nova Dilma" é justamente um governo que gasta demais e não se preocupa com o equilíbrio fiscal.

E não foi apenas um texto. Na área de membros do ANTI-Trader, foram produzidos diversos textos, vídeos e áudios.

Brasil vira Argentina?

Acredito que não, pois basta o Congresso passar uma reforma administrativa para resolver o problema fiscal.

Estão lembrados do governo Temer? Bastou criarem o teto de gastos (saudades) para o mercado melhorar, o CDI cair e a Bolsa voar.

No entanto, lembre-se de que acalmar o mercado é uma decisão política.

O que fazer com o seu dinheiro?

Simples, tenha:

  • Bolsa brasileira (porque está barata);
  • Dólares (caixa para o caso de uma crise);
  • Renda fixa brasileira (aproveite os juros longos altíssimos).

É impossível saber até onde a briga do nosso governo com o mercado chegará. Eu acredito que o mercado ainda pode piorar antes de melhorar.

Só vai melhorar quando tivermos um plano fiscal equilibrado e confiável.

A alocação em cada classe de ativo depende do seu estômago. Acredito que este seja um bom momento para comprar empresas dolarizadas, abaixo de 10x lucros, sem dívidas, alta rentabilidade e alta confiança de lucros crescendo.

É importante salientar que não temos uma ideia de quando a Bolsa começará a melhorar, mas é justamente nestes momentos que você fará as melhores compras.

Apesar do momento adverso, os preços são bastante atrativos. As decisões para nos livrar do buraco são políticas. As mudanças podem acontecer só nas eleições de 2026 ou de 2030.

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Nos posicionamos na bolsa americana, mas aproveitamos as quedas para voltar a comprar empresas na Bolsa brasileira. PRIO3 abaixo de R$ 40 foi um presente.

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