O Itaú (ITUB4) fechou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido gerencial de R$ 7,668 bilhões, uma alta de +7,1% A/A e -5,1% T/T.

A margem financeira gerencial total foi de R$ 25 bilhões no quarto trimestre, alta de +17,8% A/A e +4,5% T/T.

O retorno recorrente sobre patrimônio líquido (ROE) foi de 19,3%, ainda vemos como um bom patamar de rentabilidade.

Já a carteira de crédito total atingiu R$ 1,1 trilhão, crescimento de +11,1% A/A e +2,7% T/T.

Provisões contra calote da Americanas


Segundo o Itaú, excluindo a provisão de R$ 719 milhões para cobrir 100% da exposição do banco à Americanas, seu lucro líquido teria ficado em torno de R$ 8,4 bilhões.

De acordo com a lista de credores divulgada pela Americanas, o Itaú tem R$ 2,9 bilhões a receber da varejista, que entrou em RJ (Recuperação Judicial) no dia 19 de janeiro.

Na avaliação de Guilherme Tiglia, analista da Nord Research, “mesmo com o “fator Americanas” no provisionamento do balanço, o Itaú quebrou o próprio recorde. Sem uma provisão extra, o lucro recorrente teria somado R$ 8,4 bilhões de outubro a dezembro de 2022 e ROE de 21,0% no período”, ressalta Tiglia.

“Dentre os credores, acredito que o Itaú será um dos menos impactados pela crise na Americanas”, defende o analista.

Carteira de crédito e inadimplência

No resultado, observamos um crescimento na carteira de crédito e aumento na margem financeira, o que é positivo. Ao mesmo tempo, houve um aumento da inadimplência no quarto trimestre (+2,95% T/T e +2,5% A/A), o que já era esperado, acompanhando o crescimento da carteira.

Adicionalmente, notamos uma alta nas receitas de prestação de serviços e seguros.

Resultado em linha, guidance positivo

O Itaú superou boa parte das projeções (guidance) estabelecidas para 2022, com exceção do custo de crédito no quarto trimestre.

A analista Danielle Lopes diz que a crise da Americanas custou “caro” ao banco. “O custo de crédito teve alta de +22,7%T/T e de +58,1% A/A. Sem o efeito Americanas, estaria no objetivo do guidance”, pontua.

“Historicamente, o Itaú é um banco bastante conservador, e vejo como um sinal extremamente positivo provisionar 100% das perdas com a Americanas imediatamente”, acrescenta Lopes.

Itaú em 2023

Os resultados do Itaú Unibanco foram sólidos no 4T22. Para 2023, o banco espera um crescimento da carteira de crédito total de até 9,0%.

“Em linhas gerais, o Itaú segue com uma operação mais eficiente entre os grandes bancos brasileiros, sendo um player de alta qualidade a um preço razoável (6,5 vezes P/L para 2023), o que o coloca em boa posição para navegar o cenário macroeconômico desafiador que está por vir. A nossa recomendação é de compra”, reitera Tiglia.