Entenda o que está acontecendo no país vizinho e como começou a crise na Argentina.

Nas últimas décadas, o país vizinho vem enfrentando instabilidade econômica. A falta de dólares, a inflação descontrolada e o crescimento da dívida externa são alguns dos problemas da crise na Argentina.

Neste artigo, saiba como a crise na Argentina afeta a economia brasileira. Acompanhe!

O que está acontecendo na Argentina?

Falta de dólares

Num país emergente como a Argentina, a falta de dólares gera uma desvalorização cambial descontrolada e, consequentemente, o aumento da inflação.

Além disso, em razão da falta de números oficiais sobre a inflação entre 2007 e 2016, o país perdeu credibilidade. Denunciando intervenção política nesses números, técnicos do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) renunciaram a seus cargos.

Inflação descontrolada

A inflação alcançou 138% em 2023. Créditos: Freepik

Para ter uma ideia, em outubro de 2023, a inflação alcançou 138% no acumulado dos últimos 12 meses. Esse número é o mais alto desde quando a Argentina adotou a paridade de um peso para um dólar em agosto de 1991.

Crescimento da dívida externa

Quando Mauricio Macri assumiu a presidência em 2015, as medidas adotadas trouxeram um respiro momentâneo ao país. No entanto, em seguida, uma nova dívida externa foi contraída.

Assim como seus antecessores, ele manteve os gastos públicos bem altos e, consequentemente, as contas públicas desequilibradas.

Subsídios públicos

A população empobrecida do país é muito dependente da política de subsídios públicos, principalmente, para os preços de energia e combustíveis. Novamente, isso contribui para o desequilíbrio das contas públicas.

Industrialização

Até o início da década de 1980, funcionava na Argentina o modelo de substituição de importações, como no Brasil. Entretanto, o país não conseguiu dar o passo seguinte, que é exportar manufaturas para o mercado mundial.

A exceção fica por conta de algumas indústrias de ponta, como a de fabricação de satélites.

Afinal, quando a crise na Argentina começou?

A inflação aumentou mais de 20%. Créditos: Freepik

Para os setores liberais da Argentina, a crise começou em 1946 com o peronismo, movimento político criado por Juan Domingo Perón e sua esposa, Eva Duarte, a Evita.

Nessa época, pela primeira vez, a inflação aumentou mais de 20%. Mas as dificuldades enfrentadas por Perón foram influenciadas pelo contexto da Segunda Guerra Mundial. Os países europeus passaram a atrasar o pagamento das exportações dos produtos agrícolas.

Contudo, mesmo assim, o presidente elevou as despesas do país, gastando mais do que tinha. Ele chegou a nacionalizar o Banco Central para poder imprimir dinheiro. O resultado disso foi mais inflação.

Assim, a cada governo argentino, a tentativa de solucionar o problema da falta de recursos acabava passando pela impressão de mais dinheiro ou por mais empréstimos.

Qual é a principal fraqueza do país?

Para analistas de diferentes ideologias, a principal fraqueza é a sua instabilidade institucional. Para ter uma ideia, ao longo do século 20, a Argentina teve seis golpes de Estado. A consequência disso foi a diminuição dos investimentos.

Por fim, além de oscilar entre democracias e governos autoritários, o país também oscila em suas políticas econômicas.

Conforme análise de pesquisadores do Centro de Pesquisas da Transformação (Cenit), entre 1955 e 2018, houve mais de 30 mudanças de rumo na política econômica argentina, sendo 16 delas consideradas mudanças radicais.

Como a crise na Argentina afeta o Brasil?

Há muitos anos, Argentina e Brasil são parceiros comerciais. Enquanto o Brasil é o maior comprador de produtos do país vizinho, a Argentina é o terceiro maior comprador das exportações nacionais.

No entanto, a crise na Argentina vem impactando a nossa balança comercial. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as exportações nacionais diminuíram 15% em 10 anos. Assim, de US$18 bilhões em 2012 passou para cerca de US$15,3 bilhões em 2022.

A indústria brasileira, em especial, os segmentos automotivo e têxtil, sentem as consequências da crise na Argentina. Em 2023, o nosso setor agropecuário ganhou maior destaque em razão da seca histórica no país vizinho.

Por último, como era de se esperar, as incertezas da crise na Argentina também levam à saída de empresários brasileiros daquele país, reduzindo o investimento direto.

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Resumindo

Por que a Argentina está em crise?

Para analistas de diferentes ideologias, o principal motivo da crise na Argentina é a sua instabilidade institucional. Para ter uma ideia, ao longo do século 20, o país teve seis golpes de Estado. A consequência disso foi a diminuição dos investimentos.

Além de oscilar entre democracias e governos autoritários, o país também oscila em suas políticas econômicas.

Conforme análise de pesquisadores do Centro de Pesquisas da Transformação (Cenit), entre 1955 e 2018, houve mais de 30 mudanças de rumo na política econômica argentina, sendo 16 delas consideradas mudanças radicais.

O que causou a inflação na Argentina?

A Argentina é um país emergente e, com a falta de dólares, houve uma desvalorização cambial descontrolada. A consequência disso foi o aumento da inflação.

Além disso, em razão da falta de números oficiais sobre a inflação entre 2007 e 2016, o país perdeu credibilidade. Para ter uma ideia, técnicos do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) renunciaram a seus cargos denunciando intervenção política nesses números.

Em outubro de 2023, a inflação alcançou 138% no acumulado dos últimos 12 meses, a mais alta desde quando a Argentina adotou a paridade de um peso para um dólar em agosto de 1991.

Como a dívida da Argentina pode prejudicar o Brasil?

Há muitos anos, Argentina e Brasil são parceiros comerciais. Enquanto o Brasil é o maior comprador de produtos do país vizinho, a Argentina é o terceiro maior comprador das exportações nacionais.

No entanto, a crise na Argentina vem impactando a nossa balança comercial. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as exportações nacionais diminuíram 15% em 10 anos. Assim, de US$18 bilhões em 2012 passou para cerca de US$15,3 bilhões em 2022.