A CPFL (CPFE3) reportou resultados em linha com o consenso de mercado no 2T24, alcançando uma receita líquida de R$ 8,4 bilhões, representando um crescimento de +2%. O Ebitda foi de R$ 2,8 bilhões, uma queda de -7%, enquanto o lucro líquido atingiu R$ 1,1 bilhão, baixa de -12%, com todos os resultados comparados ao mesmo período do ano anterior.

Fonte: CPFL RI

Destaques resultados 2T24 da CPFL (CPFE3)

O trimestre em linha com o esperado foi reflexo da queda do seu Ebitda e lucro líquido.

A CPFL reportou uma receita operacional líquida de R$ 8,4 bilhão no 2T24, um aumento de +2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento é atribuído ao segmento de distribuição, que foi favorecido pelas altas temperaturas.

O custo com energia elétrica comprada para revenda cresceu +5%, principalmente devido ao aumento de Itaipu (aumento do dólar). Já os custos com PMSO (pessoal, material, serviço de terceiros e outros) subiram +19%, justificado pelos eventos climáticos no Rio Grande do Sul.

Já o Ebitda totalizou R$ 2,8 bilhões, queda de -7%, também influenciado pelo evento extraordinário no sul do país. Com o resultado financeiro (negativo) também registrando aumento (+5%), o lucro líquido da CPFL registrou uma queda de -12%, totalizando R$ 1,1 bilhão no trimestre.

A companhia investiu um total de R$ 1,4 bilhão no 2T24, um aumento de 13% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Deste montante, aproximadamente 80% foi direcionado para o segmento de distribuição, que é mais relevante para a sua receita.

Por fim, a dívida bruta da CPFL alcançou R$ 30,3 bilhões, um aumento de +6%. Com uma posição de caixa de R$ 4,1 bilhões (-25%), a dívida líquida (dívida bruta - caixa) ficou em R$ 26,2 bilhões, um crescimento de +13%. Dessa forma, a alavancagem (dívida líquida/Ebitda) da companhia subiu para 2,0x, em comparação a 1,7x no 2T23.

O que esperar da CPFL (CPFE3)

O setor de energia elétrica enfrentou diversos desafios em anos anteriores a 2017. As concessionárias de distribuição de energia passaram por um período de dificuldades financeiras, com problemas de fluxo de caixa e aumento do endividamento. 

Esses problemas foram causados principalmente pelo represamento dos reajustes tarifários, que criou um descompasso entre os custos das distribuidoras e as tarifas cobradas dos consumidores. Além disso, uma seca no país aumentou os custos com a compra de energia, agravando ainda mais a situação financeira das concessionárias.

Com uma melhora no cenário hídrico e reajustes tarifários em linha com os custos das companhias, as distribuidoras conseguiram retomar a eficiência.

Mas no caso da CPFL, não foram apenas esses fatores que contribuíram para a recuperação da empresa. Em 2017, a State Grid, a maior empresa de utilidade pública do mundo, assumiu o controle da companhia, trazendo consigo sua expertise, cultura e práticas de governança corporativa para essa nova investida no Brasil.

A CPFL não apenas aumentou sua receita, Ebitda e lucros, mas também melhorou significativamente todas as suas margens, demonstrando um avanço expressivo em eficiência. 

Sob a gestão do atual controlador, a receita líquida cresceu a uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 11%, enquanto o Ebitda teve um crescimento mais robusto, com um CAGR de 18%. Este desempenho superior do Ebitda é resultado de melhoria na sua margem, que saltou de 17% para 31%.

Apesar de estarmos observando uma certa estabilidade nos indicadores positivos relatados acima, a CPFL está apresentando um valuation atrativo, sendo negociada a 7x lucro e 5x Ebitda. Considerando também os dividendos consistentes distribuídos nos últimos anos, estamos avaliando cuidadosamente uma posição em CPFE3.

Qual o dividend yield da CPFL (CPFE3)

O dividend yield da CPFL dos últimos 12 meses é de 11%, bem acima da média histórica das boas pagadoras de proventos (6%).

Quem é CPFL (CPFE3)?

A CPFL Energia, com mais de 110 anos de atuação no setor energético brasileiro, é uma empresa de energia completa e portfólio diversificado, com negócios em distribuição, geração, transmissão, serviços e comercialização de energia elétrica, operando em todas as regiões do Brasil.

A maior parte do Ebitda da companhia provém do segmento de distribuição (61,4%), seguido pela geração (28%) e transmissão (7,6%), com o restante advindo da comercialização e serviços.

A CPFL passou por várias fases de reestruturação e expansão, consolidando-se como uma das principais empresas do setor elétrico no Brasil, especialmente após a aquisição pela State Grid, que fortaleceu sua posição no mercado.

Em 2017, a State Grid, maior empresa do setor elétrico do mundo, adquiriu 54,64% do Grupo CPFL Energia, anteriormente pertencentes à Camargo Corrêa e aos fundos de pensão Previ, Fundação Cesp, Sabesprev, Sistel e Petros. Em novembro do mesmo ano, a State Grid realizou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), aumentando sua participação para 94,75% do capital da holding. A entrada da State Grid ampliou a capacidade de investimentos da CPFL, consolidando sua posição no setor elétrico.

Em 2019, a CPFL realizou uma oferta pública de ações ordinárias com o objetivo de atender ao percentual mínimo de ações em circulação no mercado (free float), que deveria ser de 15% do capital social total da companhia. Para isso, a empresa aumentou seu capital social por meio da emissão de novas ações e realizou uma oferta subsequente que arrecadou aproximadamente R$ 3,7 bilhões. Esse processo foi considerado um novo IPO da CPFL, também conhecido como re-IPO.

Vale a pena comprar CPFL (CPFE3)?

A CPFL está bem posicionada em um setor previsível e resiliente, com diversificação estratégica em diversos segmentos do setor elétrico. A empresa oferece excelentes perspectivas de crescimento dos lucros e de distribuição de dividendos. 

Apesar de estar negociando a um múltiplo de 7x lucro e 5x Ebitda (valores abaixo das médias históricas da bolsa), ainda estamos avaliando uma possível recomendação para CPFE3.

Como faço para comprar ações da CPFL (CPFE3)?

Para investir nas ações da CPFL é necessário ter uma conta em uma corretora de valores. A empresa é negociada na B3 sob o ticker CPFE3.