Correios têm prejuízo recorde e estatal alerta para risco de insolvência
Os Correios enfrentam uma crise financeira significativa, registrando um prejuízo de R$ 2 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, o maior da história da estatal para esse período. Se essa tendência persistir, o déficit anual poderá superar os R$ 2,1 bilhões registrados em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff.
Qual o rombo dos Correios?
O Correios anunciou um rombo de R$ 785,5 milhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), valor +780% maior que o visto no ano anterior. De janeiro a setembro de 2024, o prejuízo acumulado é de R$ 2 bilhões.
Qual a situação dos Correios?
Além de ter registrado um prejuízo acumulado de R$ 2 bilhões entre janeiro e setembro, a previsão de receita da empresa para 2024 foi revisada de R$ 22,7 bilhões para R$ 20,1 bilhões, enquanto os gastos foram ajustados para R$ 21,9 bilhões, indicando um cenário desafiador para a sustentabilidade financeira da estatal.
Por que os Correios voltaram a dar prejuízos?
A atual gestão dos Correios atribui parte das dificuldades financeiras à "herança contábil" da administração anterior e a medidas como a "taxa das blusinhas", que impactaram negativamente o volume de encomendas internacionais.
As medidas para evitar "insolvência"
Em resposta à deterioração financeira, a empresa implementou medidas emergenciais para evitar a insolvência, incluindo:
- Suspensão temporária de contratações por um período mínimo de 120 dias;
- Renegociação de contratos vigentes, visando uma redução mínima de 10% nos valores;
- Controle rigoroso sobre a prorrogação de contratos, condicionando-a às economias obtidas nas renegociações.
Essas ações foram formalizadas em um documento interno datado de 11 de outubro de 2024, que havia sido mantido sob sigilo.
Privatização dos Correios e risco de intervenção do Tesouro
A situação atual dos Correios destaca a necessidade de uma reestruturação profunda para garantir a continuidade dos serviços e a viabilidade econômica da empresa.
O alerta de insolvência revela o risco de os Correios quebrarem e necessitarem de resgates financeiros do Tesouro Nacional para seguir operando, além de reacender o debate sobre uma possível privatização da estatal. Esse tema, que foi intensamente discutido no governo anterior, perdeu força na gestão do governo Lula.
Embora a administração atual atribua os problemas financeiros à gestão passada (de Bolsonaro), os dados mostram que a estatal obteve lucro em três dos quatro anos do governo Bolsonaro, intensificando as críticas à estratégia adotada recentemente.
Concurso público dos Correios
Mesmo com o rombo em 2024, os Correios abriram concurso público para contratar 3.511 funcionários, com salários de R$ 2.429,26 a R$ 6.872,48, com oportunidades de cadastro reserva e benefícios adicionais.
Em nota, a estatal informou que as provas não serão canceladas e que não foram rompidos contratos nem realizadas demissões até o momento.