Na quarta-feira, 31, tivemos duas reuniões importantes sobre política monetária. Na primeira reunião, divulgada com o mercado ainda aberto, o FOMC decidiu manter os juros estáveis no intervalo de 5,5%-5,25%, mas advertiu que foi discutido um corte e que, provavelmente, na próxima reunião teremos uma queda.

Após a decisão, os juros americanos recuaram cerca de 10 bps e os juros brasileiros caíram cerca de 15 bps. 

Por outro lado, na decisão do Copom, era esperado um comunicado sinalizando um possível aumento de juros na próxima reunião, uma vez que o descontrole fiscal afetou fortemente a cotação do dólar e dos juros futuros. O mercado já precificava alta ao longo deste e do ano que vem.

Contudo, não foi exatamente isso o que ocorreu...

Selic parada até quando? Assista a live pós-Copom para entender a decisão

BC brasileiro fala em mais cautela

O Copom optou por manter a taxa básica de juros em 10,50% ao ano, destacando a necessidade de cautela diante de um cenário econômico interno e externo desafiador. 

De acordo com o comitê, 10,50% é uma taxa acima do juro neutro e, portanto, uma taxa que já exerce uma pressão baixista na inflação. 

No âmbito internacional, a incerteza em relação aos impactos das políticas monetárias, sobretudo nos Estados Unidos, tem sido uma preocupação. O Copom ressaltou que, apesar da menor sincronia nas políticas monetárias globais, é fundamental que as economias emergentes, como a nossa, permaneçam vigilantes.

BC americano sinaliza corte de juros à frente

No entanto, ontem, o FOMC surpreendeu o mercado ao sinalizar que pode considerar a redução da taxa de juros na próxima reunião, o que representa uma mudança significativa em sua postura. Isso reflete uma percepção de que os riscos de uma desaceleração econômica nos EUA podem se tornar mais relevantes, o que justifica uma flexibilização na política monetária.

A diferença de postura entre o Copom e o FOMC evidencia as particularidades dos desafios enfrentados por cada economia. Enquanto nos EUA estamos vendo uma desaceleração do mercado de trabalho, dados econômicos mais fracos e surpresas positivas na inflação, no Brasil estamos vendo um mercado de trabalho fortíssimo, inflação desancorada e uma atividade surpreendendo para cima. 

Por que o Copom manteve a taxa Selic?

O comitê avaliou que, apesar das expectativas do mercado de um possível aumento dos juros, o atual nível da taxa Selic ainda é adequado para conter a inflação no Brasil, considerando a taxa restritiva em relação ao juro neutro. 

Apesar de enfatizarem diversas vezes a preocupação com os efeitos da desancoragem das expectativas nas variáveis de mercado, como juro e câmbio, parecem preferir uma abordagem mais cautelosa, mantendo a política monetária contracionista, mas estável.

Ou seja, ao invés de retomar o ciclo de alta, eles indicaram que farão um “acompanhamento diligente”, por tempo suficiente para assegurar a convergência da inflação para a meta. Essa diferença nas direções de política monetária entre o Brasil e os EUA reforça a complexidade do cenário econômico global e a importância de uma análise cuidadosa. É possível que o ânimo com o ciclo de queda dos juros americanos reduza a pressão por altas de juros por parte do nosso Banco Central.  

Mas como ainda temos pressões inflacionárias no Brasil, será difícil ver a taxa de juros cair de forma acelerada. Devemos conviver com taxas altas por mais tempo. Apesar de ser benéfico para os investidores de renda fixa, isso pode ser penoso para o investidor de ações. 

A boa notícia é que a pressão exercida pelo mercado internacional e as altas taxas de juros americanas sobre o Brasil agora será menor. 

Reação do mercado com a taxa Selic

Nesta quinta-feira, 1º, acredito que os juros de curto prazo devem fechar um pouco, ajustando as expectativas de mercado para uma estabilidade, mas os juros de longo prazo podem subir, com o mercado desacreditando na capacidade do BC de entregar o centro da meta de inflação. 

Qual o melhor investimento com a Selic em alta?

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