Sabemos que o cenário econômico para o Brasil é desafiador. Temos um déficit primário de cerca de 2,5% do PIB que vai pressionar a dívida para cima.

Também temos um crescimento econômico que deve perder força no futuro próximo por conta das altas taxas de juros, podendo prejudicar ainda mais a situação fiscal.

Como se o cenário não fosse desafiador o bastante, temos ainda um presidente que anda falando mal do Banco Central. Em entrevista na quarta-feira, 18, à GloboNews, o atual presidente disse: “Por que o banco é independente e a inflação está do jeito que está?”.

Lula havia dito, em outras oportunidades durante a pré-eleição, que tínhamos metas de inflação, mas não tínhamos meta de crescimento.  

As falas do novo governo e a aprovação da PEC da Transição fizeram com que os prêmios de risco no Brasil aumentassem bastante.

Hoje temos uma das maiores taxas de juros reais do globo, além das maiores para o nosso próprio padrão histórico. A bolsa também está bem descontada, nos menores patamares de Preço/Lucro que já vimos no passado.

Ou seja, tem prêmio! E as falas de ontem do presidente ajudam a manter os prêmios em patamares bem elevados.

Se as taxas estivessem baixas, com o cenário desafiador, teríamos que nos manter conservadores, pois não é uma questão de ficar tomando risco pelo risco.

Assimetria de retorno


O que temos que procurar é uma situação de assimetria. Ou seja, o risco existe, mas a taxa está tão alta que tem pouco espaço para piorar.

Este é exatamente o cenário que eu vejo hoje: prêmios altos e convidativos e um cenário ainda bem desafiador.

Mas, por conta dessa assimetria positiva, eu estou saindo um pouco da segurança dos pós-fixados e começando a colocar meu pezinho em títulos que podem dar retornos mais agressivos na renda fixa.

O que mais atraiu meus olhos é que esses títulos são de emissores extremamente seguros. Ou seja, eu não estou correndo mais risco do que preciso, até porque, mesmo nesses emissores, eu já teria bastante retorno.

Além disso, os títulos que eu estou entrando têm um bom benefício tributário, o que faz toda a diferença.

Benefício tributário


No Brasil, o imposto que você paga nos títulos públicos incide sobre os juros pagos e também sobre a inflação. Ou seja, em épocas de inflação muito alta, depois de você tirar o pagamento de imposto de renda, a rentabilidade real que sobra é bem menor.

Isso faz com que o investidor tenha muita dificuldade de garantir um juro real nos seus investimentos de renda fixa. Nem os pós-fixados, nem prefixados, nem mesmo os títulos IPCA+ comuns conseguem travar o juro real em uma situação de alta da inflação.

Mas como eu ainda estou preocupada com o cenário, até nisso eu me atentei, e me voltei para títulos que não teriam esse problema.

Já avisei o pessoal do Renda Fixa PRO que não é para esperar ganhos de marcação a mercado rápidos. Acredito que ao longo deste ano ainda vamos falar muito de fiscal e de prêmio de risco.

Mas, chegando mais para o final do ano, podemos pensar em algo como 18% de retorno potencial.

Caso o cenário dê errado, e a economia piore, com recessão, intervencionismo e principalmente inflação, estaremos em um título bem protegido dessas variáveis e sem perder retorno real por conta do benefício tributário.

Ano da renda fixa


Estamos finalmente diante de um momento interessante para o investidor de renda fixa, com uma assimetria convidativa e um prêmio bem gordinho para se capturar mesmo em emissores com os melhores ratings de mercado.

As pessoas sempre me pedem para avisar quando for hora de trocar as posições da carteira.

Então estão avisados! É hora!

Estamos colocando o pezinho com prudência!

Não gostamos de qualquer título, mas de títulos específicos que tenham assimetria convidativa.

Se quiser que eu te ajude nessa mudança, me chama no Renda Fixa PRO que será um prazer falar com você.  

Não seja corajoso demais. Ainda estamos em um cenário para se ter cautela.

Vocês viram o que aconteceu com Lojas Americanas (AMER3). A fraude contábil fez os títulos de dívida caírem a 25% do seu valor de face, prejudicando diversos fundos de crédito, que de um dia para o outro foram obrigados a reconhecer o prejuízo nas cotas.

A nuvem econômica ainda está cinza, o que não significa que não temos oportunidades.

Bons investimentos!