Depois de 467 dias de guerra na Faixa de Gaza e quase 48 mil mortos, Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, mediado por Catar, Egito e Estados Unidos. O cessar-fogo está programado para iniciar no domingo, 19 de janeiro de 2025, um dia antes da posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. 

Veja os detalhes do acordo, seus possíveis desdobramentos e os desafios que a região ainda enfrenta.

Como funcionará o cessar-fogo em Gaza?

O acordo será implementado em fases. Na primeira fase, com duração de seis semanas, Hamas se compromete a liberar 33 reféns israelenses, priorizando mulheres, crianças e homens acima de 50 anos. Em contrapartida, Israel libertará todas as mulheres palestinas e menores de 19 anos detidos em prisões israelenses, totalizando entre 990 e 1.650 indivíduos. 

Votação do cessar-fogo por Israel

O Gabinete de Segurança de Israel aprovou o acordo, e a adesão oficial aos termos negociados no Catar ainda depende da aprovação do Gabinete de Governo, que reúne todos os ministros da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

A expectativa é que a medida seja aprovada e seja colocada em prática a partir da zero hora deste domingo.

Início do cessar-fogo no domingo, dia 19

O cessar-fogo entrará em vigor no domingo, 19 de janeiro de 2025 (às 19h, no horário de Brasília). A implementação do acordo está prevista para ocorrer antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro de 2025. 

Reações ao acordo

Nos Estados Unidos, Donald Trump destacou que o acordo foi possível graças à sua eleição e ao retorno à Casa Branca, mencionando o esforço de seu governo em buscar a paz e a segurança dos aliados. Ele também celebrou a liberação de reféns americanos e israelenses. Joe Biden, por sua vez, ressaltou o papel da diplomacia americana persistente e considerou o processo de negociação como um dos mais desafiadores de sua carreira.

Na ONU, o Secretário-Geral António Guterres enfatizou a importância de aliviar o sofrimento causado pelo conflito e destacou a prontidão da organização para intensificar a ajuda humanitária aos palestinos.

No Brasil, o Itamaraty demonstrou grande satisfação com o acordo, exortando as partes a cumprirem os termos e destacando a urgência da reconstrução de Gaza. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também comemorou o cessar-fogo em suas redes sociais.

Internacionalmente, o acordo foi considerado um marco, mas com o reconhecimento de desafios significativos, como a libertação de reféns e a reconstrução da infraestrutura em Gaza.

Entenda a origem do conflito entre Israel e palestinos

A região da Palestina, entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, é considerada sagrada por judeus, cristãos e muçulmanos, e pertencia, até o início do século XX, ao Império Otomano, também conhecido como Império Turco.

Após o fim da 1ª Guerra Mundial (1918) e com a dissolução do Império Otomano, o Reino Unido ficou responsável por criar um Estado judeu, atendendo ao movimento sionista, criado no fim do século XIX pela comunidade judaica europeia.

As promessas do Reino Unido resultaram em uma grande migração de judeus para o local ao longo dos anos, causando um grande incômodo para árabes e muçulmanos. A criação do Estado judeu, porém, ainda demorava a sair do papel.

Até que, depois do fim da 2ª Guerra Mundial (1945), com as tragédias causadas pelo nazismo e o holocausto (e uma pressão ainda maior dos judeus), a ONU tomou as rédeas. Em 1947, a Organização propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina – proposta que foi aceita pelos judeus, mas negada pelos árabes, principalmente por ficarem com terras com menos recursos. 

No ano seguinte, Israel foi reconhecida como país e desde então, há uma grande briga pelo território, com diversas guerras sendo travadas entre os dois povos.

A ofensiva iniciada em outubro de 2023 foi a maior dos últimos 50 anos, fazendo com que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarasse uma nova guerra contra o Hamas.