BTG (BPAC11) é a Fórmula 1 dos bancos no 2T22
Nord Insider
Nesta sexta-feira, 19, os mercados em Nova York recuavam, após oficiais do Federal Reserve (Fed) reiterarem a vontade de avançar com a subida das taxas de juros. Um total de 2 trilhões de dólares em opções expiram hoje, o que deve contribuir para a volatilidade nos mercados globais.
No Brasil, a agenda de indicadores segue esvaziada. A atenção dos investidores se volta para a AGE da Petrobras, que vai eleger o novo conselho de administração da estatal, às 13h (horário de Brasília). Nos Estados Unidos, a Baker Hughes informará, às 15h (horário de Brasília), a contagem de sondas de petróleo referente à semana terminada em 12 de agosto.
Principais assuntos de hoje
- BTG (BPAC11) é a Fórmula 1 dos bancos no 2T22;
- BTRA11 está entre as maiores altas do IFIX nesta semana.
Aqui estão as provas de que o BTG Pactual é a Fórmula 1 dos bancos no 2T22
Não é à toa que o Banco BTG Pactual (BPAC11) fechou o segundo trimestre de 2022 com lucro líquido ajustado de 2,175 bilhões de reais, o que representa uma alta de +26,5 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o segundo trimestre consecutivo em que o lucro do BTG bateu recorde — lembra até a excelência tecnológica e de estrutura da Fórmula 1.
A receita total do BTG também foi recorde e aumentou +20 por cento na comparação com o segundo trimestre do ano passado, para 4,5 bilhões de reais.
Na visão da analista da Nord Research, Danielle Lopes, o BTG está fazendo um ótimo trabalho em manter o crescimento independentemente do cenário. “Mesmo com a alta dos juros e cenário complicado nos mercados, o banco apresentou números sólidos e consistentes nos segmentos de gestão de fortunas e gestão de fundos, mostrando resiliência para enfrentar momentos adversos e que o banco aprendeu a não depender somente da mesa de operações”, avalia a analista.
A analista esclarece que não vê os quatro maiores bancos listados do Brasil como destaque porque crescem pouco as receitas de prestação de serviços, segmento que traz maior rentabilidade para os bancos. As instituições apresentaram uma mediana de crescimento de apenas +6 por cento na comparação anual.
Nas carteiras de crédito, linhas de maior nível de risco e retorno entre o público pessoa física, como cartão de crédito, empréstimo pessoal e crédito consignado, também houve crescimento em 12 meses, porém esbarramos novamente no empecilho do setor, que não é o mais rentável.
Além disso, as contratações de crédito são cíclicas, logo, refletem crescimento de acordo com o cenário econômico.
“A nossa preferência no setor é por empresas como o BTG, que crescem seus resultados independentemente do cenário e que sabem se aproveitar de outros segmentos – rentáveis – quando o cenário não está favorável”, afirma a analista.
Aumento do risco com a inadimplência
O aumento das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) é um dos principais pontos de preocupação dos bancos Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11).
O indicador médio subiu +49,8 por cento, para 21,53 bilhões de reais, apontando um aumento do risco com a inadimplência em alta em um ambiente de inflação e juros elevados, com exceção para o Banco do Brasil (BBAS3), que foi o único entre os bancos tradicionais que não movimentou uma despesa maior em provisão para devedor duvidoso — o PDD do banco ficou praticamente estável.
Esse “controle de despesas”, por sua vez, refletiu nos resultados do Banco do Brasil, que registrou o lucro de 7,6 bilhões de reais no segundo trimestre, uma alta de +38 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas esse avanço não foi suficiente para alavancar o indicador de rentabilidade (ROE), que ficou em 20,6 por cento, semelhante ao do Santander, Banco do Brasil e Itaú Unibanco, ambos com 20,8 por cento, e abaixo do BTG Pactual, por exemplo, com +21,6 por cento.
A nosso ver, não faz sentido crescer os lucros apenas cortando os custos. Mais uma vez, preferimos ver linhas de negócios que crescem para o lucro crescer junto. Nesse sentido, aumentar a carteira de crédito não necessariamente vai trazer rentabilidade para o negócio.
Por que o resultado foi positivo mesmo com o aumento de provisões?
De fato, o resultado dos bancos tradicionais veio um pouco melhor do que o mercado esperava. Nossa analista aponta que apesar das despesas de PDD terem crescido bastante, os lucros também cresceram, exceto o do Santander.
Para nós, BB, Itaú, Bradesco e Santander apresentaram resultados neutros. A inadimplência anual do Bradesco, em específico, foi a que mais cresceu. Inclusive, o banco possui a maior taxa de crescimento de PDD entre os “bancões”.
O roxo deve seguir no vermelho
A inadimplência e a pressão sobre crédito ainda são uma grande preocupação em um ambiente de inflação e juros elevados.
Segundo nossa analista, esses números vêm aumentando trimestre a trimestre, ainda mais porque os bancos ampliaram a carteira de crédito. Ao longo do tempo, devemos perceber uma taxa de inadimplência um pouco acima da média histórica.
Deve ser uma inadimplência mais contida para os “bancões”, pois possuem uma estrutura de capital mais robusta, mas é uma preocupação para players recém-chegados, como é o caso do Nubank (NUBR33).
O índice de inadimplência acima de 90 dias aumentou +0,6 ponto percentual na passagem do primeiro para o segundo trimestre, chegando a mais de 5 por cento — maior do que a dos bancos tradicionais.
O número foi ajustado com a metodologia nova apresentada pela companhia, embora a realidade seja uma piora cada vez maior no perfil do cliente que o roxinho oferta seus créditos.
Como resolver essa situação
Na nossa opinião, buscar uma carteira de clientes com perfis bons pagadores (melhores scores) seria uma das alternativas para aliviar parte da pressão sobre o índice de inadimplência. Adicionalmente, quando os juros no Brasil começarem a cair, essa pressão poderá ser reduzida, pois as pessoas terão mais condições de manter as contas em dia. Em um cenário de queda, os empréstimos ficam mais baratos, o que também deve estimular o acesso ao crédito e o aumento de consumo.
Vale ressaltar que a melhora da inadimplência não será imediata, pois leva um certo tempo para as instituições repassarem para os clientes os cortes da Selic. Os bancos conseguem se beneficiar do “spread bancário” nas transações de crédito.
Segundo nossa analista, o spread bancário é a diferença financeira entre o valor que é pago para captar recursos e o que ele cobra para emprestar esses mesmos recursos. “Em um cenário de queda nos juros para 10 por cento, e os juros cobrados nos empréstimos se mantendo próximo de 13 por cento, a diferença entre o que o banco vai captar é mais próximo de 10 por cento e emprestar 13 por cento, assumindo os demais custos e tarifas constantes no tempo”, explica.
No entanto, vemos que esse ganho em spread não deverá ser representativo porque, conforme mencionamos anteriormente, crédito não é rentável, muito menos estável. Pode ter efeito positivo no resultado dos bancos nos próximos trimestres, mas será algo temporário.
O melhor banco da América Latina
Mesmo com um mercado mais fraco com mesa de operações, o BTG Pactual seguiu estável com suas receitas (+4 por cento) por conta da atuação dos clientes institucionais (fundos de pensão, seguradoras, entre outros).
É importante destacar que as duas linhas de negócios mais fortes e resilientes da companhia seguem em franco crescimento. A área de gestão de fundos cresceu +50 por cento em sua receita com o aumento de captação ("net new money") e com o registro de taxas de performance no trimestre. A área de gestão de fortunas + banco digital cresceu +66 por cento com o avanço do varejo de alta renda e os resultados da Empiricus 100 por cento inclusos no trimestre.
Por fim, nas áreas de menor participação do negócio – Banco Pan, Too Seguros, investimentos no mercado global e patrimônio investido em CDI –, a companhia segurou a boa performance com seus investimentos no cenário de CDI atual.
Vemos o BTG com um ótimo crescimento e seus preços não refletem a totalidade disso. Negociando a 10x lucros, mantemos nossa recomendação de Compra para BPAC11.
BTRA11 está entre as maiores altas do IFIX nesta semana
Nesta semana, vimos as cotas do FII BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11) dispararem por conta da vitória na batalha judicial envolvendo a contestação da compra de terras adquiridas pela carteira em Mato Grosso.
Foi anulada a decisão que questionava a validade da compra realizada pelo FII BTRA11 da Fazenda Vianmancel. O fundo imobiliário adquiriu a propriedade de Milton Cella, em agosto do ano passado, por 81 milhões de reais, em uma operação denominada sale-leaseback – que aluga o imóvel comprado para o antigo proprietário.
“O credor reconheceu ser legítima, boa e hígida a aquisição dos imóveis pelo fundo, comprometendo-se a não formular novos pedidos de reconhecimento de fraude à execução relativamente à aquisição dos imóveis feita pelo fundo”, pontua o texto.
Entenda o caso
Em junho, o antigo dono do imóvel e locatário do FII, Milton Cella, que representa cerca de 23 por cento da receita contratada do BTRA11, cujos imóveis correspondem a 24 por cento do PL do fundo (Fazenda Vianmancel), pediu recuperação judicial.
Durante o processo, um dos credores do locatário, ex-proprietário da fazenda, questionou a venda do ativo para o BTRA11.
A princípio, o credor de Cella afirmava que o espaço não poderia ter sido vendido em razão das dívidas do antigo dono.
O BTG Pactual Terras Agrícolas apresentou à Justiça petições que descartariam fraude à execução, transferência ou venda de bens para evitar o pagamento de dívida.
Com a determinação dos juízes, o Fundo está livre do risco futuro de algum credor de Cella querer tomar o bem que foi arrendado.
A relevância
Para o especialista em fundos imobiliários da Nord Research, Marx Gonçalves, o reconhecimento da legitimidade da aquisição da fazenda Vianmacel é uma boa notícia para o Fundo, uma vez que conseguiu anular a fraude à execução.
“O FII precisa agora encontrar um outro locatário para as terras em Nova Maringá (MT) ou até mesmo vendê-las, se for o caso. Ou seja, desafios muito menores quando comparados ao risco de fraude que se tinha”, diz o analista.
O pagamento mensal de rendimentos deve seguir em torno de 0,70 centavos por ora, mas com potencial de aumento caso a gestão consiga endereçar o desafio.
Desempenho do BTRA11
O FII BTRA11 liderava os ganhos no IFIX nesta semana com ganhos de +14,3 por cento, cotado a 93 reais e 20 centavos. Ainda assim, o Fundo acumula uma queda de -0,5 por cento no ano.
Reiteramos que o FII BTRA11 não faz parte das recomendações da carteira Nord FIIs e seguimos optando por acompanhá-lo de fora no momento.
Meme do dia
“Como o governo cobra os impostos de você:”