A compra do Banco Master pelo BRB, banco estatal do Distrito Federal, pegou os bancos privados de surpresa na última sexta-feira, 28. A negociação prevê a aquisição de 49% das ações ordinárias do Master, alcançando 58% do capital total ao considerar as ações preferenciais. 

Os investidores vêm reagindo positivamente ao anúncio. No último pregão de março, as ações do BRB (BSLI3) lideraram os ganhos da B3, encerrando em alta de +83,58%, sendo negociadas a R$ 13,75. 

Embora haja expectativa de que tudo seja formalizado em breve, ainda persistem algumas dúvidas quanto aos detalhes da transação.

BRB entra no jogo grande e dobra de tamanho

Com essa aquisição, o BRB dá um passo enorme: sua base de clientes deve saltar de 9 para 15 milhões, e seus ativos (basicamente tudo que o banco tem) vão de R$ 61 bilhões para R$ 112 bilhões.

É uma das maiores movimentações do setor bancário nos últimos anos, com valor estimado em cerca de R$ 2 bilhões, com base no último balanço divulgado pelo Master.

Além disso, a integração das operações do Will Bank e do Credcesta permitirá ao BRB oferecer uma gama mais diversificada de produtos e serviços financeiros, atendendo a diferentes segmentos da população e consolidando sua atuação no setor. ​  

Negociação supera BTG Pactual

As negociações entre o BRB e o Banco Master tiveram início em meados de 2024. Durante esse período, o Banco Master também esteve em tratativas com outras instituições financeiras, incluindo o BTG Pactual (BPAC11), liderado por André Esteves. Contudo, as conversas com o BRB avançaram, culminando na aprovação unânime da aquisição pelo conselho de administração do banco estatal. ​

O que se sabe sobre a compra do Master pelo BRB?

  • A ideia é integrar também as operações do Will Bank e da Credcesta (empresas do grupo Master), o que deve permitir ao BRB oferecer uma linha mais ampla de produtos e serviços — alcançando públicos bem diferentes.
  • Mesmo com a fusão, os dois bancos vão seguir funcionando separadamente, mas sob a marca BRB. Outro ponto importante: Daniel Vorcaro, atual presidente do Banco Master, vai passar a fazer parte do conselho do BRB.
  • Em entrevista ao portal Metrópoles, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, explicou que determinados ativos, como precatórios, outros direitos creditórios oriundos de ações judiciais e ativos de renda variável, serão retirados antes da entrada no BRB.
  • Por outro lado, os CDBs e demais títulos já emitidos pelo Banco Master continuam na jogada normalmente.

Por que a transação surpreendeu os grandes bancos?

  • Crescimento acelerado: o acordo praticamente dobrará o tamanho do BRB, que expandirá sua atuação para o segmento de banco de investimentos. A estrutura da transação prevê que o BRB adquira 49% das ações ordinárias, mantendo as empresas separadas (stand-alone), mas com compartilhamento de governança, coordenação estratégica e geração de sinergias.
  • Desafios financeiros do Banco Master: o Banco Master enfrentava dificuldades de liquidez, oferecendo taxas de retorno elevadas para captar recursos. A aquisição pelo BRB levanta dúvidas sobre como essas questões financeiras serão abordadas e resolvidas.

Como ficam os CDBs do Master?

Se a compra for aprovada pelo Banco Central, os bancos BRB e Master passarão a integrar o mesmo grupo financeiro. Com isso, o limite de garantia do FGC (aquele seguro de até R$ 250 mil por instituição) será compartilhado entre as duas instituições.

Mas tem um detalhe importante: quem investiu antes da aprovação ainda tem direito à cobertura separada — R$ 250 mil por banco. Ou seja, neste caso, há uma proteção dupla.

Ainda é seguro investir nos títulos do Master e do BRB?

O Master tem uma carteira de crédito com exposição a precatórios — que são basicamente dívidas judiciais que o governo precisa pagar. 

O problema é que esses pagamentos podem atrasar ou até serem questionados, mesmo quando já estão definidos na justiça. Além disso, esses títulos têm uma classificação de risco que dispensa provisões — o que pode deixar os riscos meio "escondidos" nos balanços.

Diante desse cenário, já vínhamos evitando aplicar em títulos do Banco Master na carteira do Nord Renda Fixa PRO. Consideramos que, no momento, é melhor ter cautela.

No caso do BRB, a notícia de que esses precatórios não farão parte da operação é positiva, mas ainda estamos esperando maior clareza quanto aos detalhes de como tudo vai funcionar. 

Nesse sentido, nossa recomendação é segurar um pouco e aguardar os próximos capítulos antes de fazer novos aportes.

Próximos passos após a aprovação da compra

Após a aprovação pelo conselho de administração do BRB, a formalização da aquisição do Banco Master deve ocorrer em breve. A conclusão da transação ainda depende da aprovação de órgãos reguladores competentes, como o Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), para garantir a conformidade com as normas do setor bancário e a concorrência justa no mercado.

Leia também: Compra do Master pelo BRB: saiba o que muda no risco e no FGC