Há alguma ação do varejo para comprar hoje?
Você se lembra de Magalu? MGLU3 negociava a 0,3x patrimônio líquido em dezembro de 2015. Isso mesmo, quando o Brasil iria parar em um buraco com alçapão.
A dívida líquida/Ebitda era de 3,5x, os resultados caíam devido à recessão, as vendas diminuíram, além do peso do endividamento.
Até que o Magalu recebeu uma injeção de dinheiro das seguradoras (um "adiantamento"), aconteceu o impeachment, Temer reduziu os gastos, os juros caíram e a pandemia começou (as pessoas compraram on-line no Magalu)…
MGLU3 subiu mais de +90.000% (mais de 900x até novembro de 2020).
Mas a felicidade do pobre (do varejo?) dura pouco.
Saímos da pandemia, o consumidor voltou às lojas físicas, os juros subiram e MGLU3 caiu -95%.
Casas Bahia fecha em alta de +34%
“ A história não se repete, mas rima por vezes”, diz Mark Twain.
Parece que o mercado gostou da reestruturação que ocorrerá por meio de uma recuperação extrajudicial. A ação da Casas Bahia (BHIA3) fechou o pregão de segunda-feira, 29, em alta de +34,19%, a R$ 7,30.
Claro. A Casas Bahia vale apenas R$ 700 milhões, com uma dívida de mais de R$ 5,7 bilhões. O equity se tornou uma "opção": vale zero se conseguir pagar a dívida, vale algo se conseguir sobreviver.
Quando vi a reportagem sobre a reestruturação das dívidas da Casas Bahia (BHIA3, antiga Via Varejo), pensei imediatamente no Magalu.
Tudo isso pouco tempo depois de acompanharmos o doloroso pedido de recuperação judicial de Americanas (AMER3).
BHIA3 seria outra oportunidade de multiplicar o seu capital em 900x? Ou seria outra AMER3?
É hora de comprar BHIA3?
Eu li diversas análises sobre os detalhes da reestruturação, como a empresa teria mais fôlego financeiro pelos próximos anos (alongaram a dívida e postergaram pagamentos) e como os acionistas poderiam ser até 83% diluídos (os bancos "ganharam" a opção de converter parte da dívida em ações).
Assim, nada de muito surpreendente na negociação de Casas Bahia com os credores Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) – sim, de novo os dois que mais sofreram com a quebra de AMER3.
Mas nenhum comentário sobre o real problema do varejo: a competição.
É claro que os juros altos não ajudam ninguém, mas aceleram o fato de que o varejo brasileiro (mundial?) mudou.
O modelo "antigo" está em declínio.
MELI34: O modelo vencedor no varejo?
Eu gosto de simplicidade. Esse gráfico resume tudo.
Enquanto as varejistas brasileiras apresentam resultados declinantes, o Mercado Livre (MELI34) tem apresentado um forte crescimento – o MELI tem apenas 55% de suas vendas no Brasil.
Longe de mim querer cravar que MELI será a única sobrevivente e que as outras não têm chances.
Mas vimos a mesma coisa nos Estados Unidos. A Amazon crescendo e dominando, enquanto muitas (muitas) varejistas mais "tradicionais" fecharam as portas.
É hora de comprar MELI34?
De verdade, atualmente prefiro pagar mais caro e comprar no Mercado Livre devido às inúmeras vantagens do aplicativo e da entrega e devolução.
A operação do Mercado Livre está em outro patamar.
Mas a competição não é só contra as locais: ainda temos as "blusinhas" da Shein, a AliExpress e a eterna ameaça da Amazon.
Além disso, temos um ecossistema de pequenos lojistas e camelôs que não pagam impostos e vivem à margem do mercado.
O varejo brasileiro não é para amadores.
MELI34 é ótima, ROE de 40%, sem dívidas, crescendo, mas negocia a 74x lucros e 29x Ebitda.
Enquanto isso, uma grande parte da nossa bolsa (empresas boas que crescem) negocia a 10x lucros ou menos.
O que o ANTI-Trader tem no varejo?
Nada.
Mesmo as boas empresas do varejo possuem ciclicidade nos resultados. Competição, dólar, importação, custos e novos produtos.
É difícil achar uma empresa no varejo que consiga um longo ciclo de resultados fortes e crescentes (e, é claro, barata!). Continuaremos a procurar.
Erramos, acertamos, aprendemos e evoluímos.
Mas a BHIA3 não está barata demais e pode disparar? É claro que pode, mas ela está em processo de reestruturação há anos. Infelizmente, não temos a visibilidade necessária para afirmar se os resultados vão melhorar ou piorar.
Lembre-se: não compramos as ações que sobem. No ANTI-Trader, compramos empresas com resultados (lucros) que sobem.
Como Warren Buffett ensinou.
Ao longo do tempo, as cotações seguem os resultados.
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