BBAS3: ação está barata, mas preferimos outra no setor
O Banco do Brasil (BBAS3) reportou resultados acima das expectativas do mercado, com um lucro ajustado de R$ 9,4 bilhões no 4T23. As expectativas eram de R$ 9,2 bilhões.
Destacamos que a companhia atingiu todos os parâmetros do guidance de 2023, exceto as despesas com risco de crédito (PCLD Ampliada) diante do “efeito Americanas”, que custou R$ 2,546 milhões em perdas na companhia, além de provisionamentos adicionais em três trimestres de 2023.
O bom resultado foi impactado pela melhora nas linhas de receita de prestação de serviços e margem financeira bruta.
Carteira de Crédito e Margem Financeira
A Carteira de Crédito cresceu +10,3% em relação ao 4T22, impulsionada positivamente pelo forte crescimento de +14,7% da carteira do Agronegócio, carteira de grande representatividade para a companhia, sendo 32% da carteira total.
A diferença entre os juros auferidos (receita financeira) pelo banco em suas operações de crédito e as despesas financeiras (juros pagos ao cliente poupador) é a margem financeira.
Para o Banco do Brasil, suas operações de crédito e de tesouraria bastante rentáveis possibilitaram um crescimento de +20,1% na margem financeira bruta na comparação anual.
As operações de tesouraria envolveram edges (proteções), derivativos e outros instrumentos financeiros.
Inadimplência
A inadimplência com operações vencidas há mais de 90 dias atingiu 2,92%, acima dos 2,51% reportados no 4T22 em função do “efeito Americanas”, que atingiu parte da inadimplência em junho de 2023 e dezembro de 2023. Desconsiderando esse efeito, a inadimplência ficaria em 2,75%.
A companhia também elevou em +52,8% suas despesas com riscos de crédito (provisões) em relação ao ano anterior diante da recuperação judicial da Americanas e do agravamento do risco de crédito para o segmento Empresas.
Receitas
As receitas de prestação de serviços, segmento mais rentável dos bancos — diante da estabilidade nos resultados —, atingiram R$ 8,7 bilhões no trimestre, +3,6% em relação ao 4T22. O crescimento, ainda que baixo, deveu-se, em grande parte, às operações de seguros, previdência e capitalização, que, mesmo com um crescimento de apenas +1,4%, possuem maior representatividade no resultado do segmento.
Lucro líquido
Como resultado, o banco registrou lucro líquido ajustado de R$ 9,4 bilhões no 4T23, crescimento de +4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desconsiderando itens extraordinários, o lucro do 4T23 cresceu +3% em relação ao 4T22.
A rentabilidade (ROE) da companhia ficou em 22,5%, -0,4pp em relação ao 4T22, mas ainda um excelente número quando comparado ao seu par, Itaú (ITUB3), com ROE de 21%.
Banco do Brasil a R$ 60: caro ou barato?
A companhia divulgou suas projeções (guidance) para o ano de 2024, e o grande destaque fica para o crescimento da linha de receita de prestações de serviços entre 4% e 8%.
Atingindo o patamar mais alto do range, a companhia poderá trazer grande rentabilidade ao negócio de forma muito mais estável do que a carteira de crédito.
Acreditamos que o Banco do Brasil possui uma qualidade diferenciada em relação aos demais bancos antigos por conta da sua exposição em carteiras com bom crescimento e maior resiliência, como agronegócio e crédito consignado, o que, por sua vez, permite uma boa previsibilidade e qualidade de crédito em seus resultados.
Se a companhia atingir suas projeções, o lucro apresentará um crescimento de +18% no topo do range do guidance.
Mais dividendos: aumento de payout
BB também aprovou a proposta de elevação do payout (pagamento de proventos em relação ao lucro) de 40% para 45% em 2024, via JCP e dividendos, além da aprovação de R$ 2,3 bilhões em proventos.
Os valores pagos serão atualizados, pela taxa Selic, da data do balanço (31/12/2023) até a data do pagamento (29/02/2024), e terão como base a posição acionária de 21/02/2024. As ações serão negociadas a “ex-dividendos” a partir de 22/02/2024.
É hora de comprar ações do Banco do Brasil?
As ações do Banco do Brasil estão bastante baratas, negociando atualmente a 4,5x lucros e a 1x patrimônio líquido.
Além disso, entendemos que o risco de ingerência política não está mais totalmente precificado nas ações, que negociam acima dos múltiplos históricos.
Acreditamos que vale a pena ficar de olho nas ações da companhia, mas não compraríamos aos preços atuais.
Diante da precificação atual e crescimento de resultados, entendemos que existem outras opções que possuem mais crescimento de resultados, além de foco em proteção de patrimônio e renda passiva.
Recomendamos outras ações
No setor, preferimos investir em Itaú Unibanco (ITUB3) na carteira Nord Dividendos, com foco em proteção de patrimônio e renda passiva, e BTG Pactual (BPAC11), na carteira Nord Ações, com foco em ganhos com a valorização das cotações diante do crescimento dos resultados no longo prazo.