Algo que aprendi com Buffett

Assim como Warren Buffett, eu adoro bancos.

Bancos são ótimos negócios, pois toda a sua gestão é intrinsecamente preparada para fazer contas de retorno (ROE ou Lucro/Patrimônio).

Nos bancos, a rentabilidade do negócio é central à gestão — por isso bancos são grandes geradores de caixa e pagadores de dividendos.

Especialmente em países com juros altíssimos como o Brasil. Os bancos conseguem repassar facilmente os maiores custos do dinheiro, bancos emprestam enquanto empresas pegam emprestado.

Já tivemos Banco do Brasil (BBAS3) no Investidor de Valor lá atrás, quando Michel Temer assumiu e modernizou a lei das estatais.

Nos últimos 10 anos, BBAS3 valorizou 225% contra 93% do IBOV
Fonte: Bloomberg

Bons tempos.

Lucro Banco do Brasil 1T23: lucro + 29%, ROE 21%

Na noite de ontem, BBBAS divulgou bons resultados para o 1T23 com um belo crescimento de lucros.

Mesmo subindo +112% sua provisão para inadimplência, o banco estatal conseguiu surfar a forte deterioração do crédito muito melhor que seus pares.

Seu ROE ficou em elevados 21%, acima de seus pares privados Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) — seu objetivo desde as reformas de Temer, quando BBAS tinha ROE de apenas 10%.

O ROE de BBAS3 é de 21%, acima de seus pares privados ITUB4 (19%) e BBDC4 (12%)
Fonte: Bloomberg

O banco consegue expandir sua carteira de crédito com inadimplência controlada e, ao mesmo tempo, segurar o crescimento de despesas (pessoal — o grande problema das estatais).

Muito bom.

Cotações seguem resultados

Como sempre:

Gráfico mostra lucro comparado ao preço das ações de BBAS3
Fonte: Bloomberg

Mas o diabo sempre está nos detalhes.

Quando olhamos os belos resultados do Banco do Brasil, estamos olhando para trás. Recentemente, BBAS mudou sua gestão.

Manchete do O Globo diz "Alvo de ingerência no passado, bancos públicos viram moeda política do governo Lula"
Fonte: O Globo

Indicações políticas, uso do banco para políticas públicas, corrupção… já conhecemos muito bem a cartilha de destruição das empresas estatais.

Desta vez é diferente?

Quais riscos você deseja correr?

Todos sabemos que eu sou um péssimo analista político.

Me enganei terrivelmente acreditando que o Lula 3 seria comedido e que não teria outra opção senão segurar gastos.

Investir é selecionar os riscos que você deseja correr. Uma ótima forma de avaliar riscos é inverter o pensamento (aprendi com o Charlie Munger).

"Daqui a 4 anos, o Banco do Brasil terá lucratividade maior que tem hoje?"

Os resultados das empresas não mudam da noite para o dia, ainda mais nos bancos. Um empréstimo demora para ser pago, redução de custos demora para dar resultados.

Manchete da Folha diz "Lula quer BB campeão de crédito consignado e defende aumento para funcionários"
Fonte: Folha

Os resultados de BBAS foram construídos desde 2016, quando a lei das estatais impediu interferências e ótimos gestores foram escolhidos para comandar o banco.

Esses gestores não estão mais lá.

O que vai acontecer com o BB com Lula?

Você não pediu, mas te darei minha opinião pessoal.

Sinceramente, Lula já assumiu com popularidade reduzida, que deve cair ainda mais com a economia fraca nos próximos meses.

Com governo sem popularidade, o Congresso já vem dando sinais concretos de que não concorda com grandes retrocessos na economia.

Vimos nas discussões do Saneamento, no Arcabouço e na revogação da Lei das Estatais.

Mas não sejamos inocentes, o Congresso quer cargos. É claro.

Imagino que devemos ter, sim, retrocesso em alguns pontos e indicações políticas nas estatais, mas nada muito dramático.

Não vejo grandes mudanças na governança. Mesmo assim, acho o risco de investir em estatais, neste momento, alto demais.

E se BBAS3 continuar voando?

Sinceramente, estou confortável com minha decisão.

Já vimos diversas empresas disparando (lembram dos IPOs?) que recentemente mostraram quedas acumuladas de -90% ou mais.

BBAS, hoje, negocia a 4x lucros, pagando 10% de dividendos, múltiplos baixos demais para os resultados que apresenta.

Torço para que BBAS continue com ótimos resultados e ajude o país a crescer a longo prazo — emprestando para o Agro (que carrega o país nas costas).

Estamos aqui para o longo prazo. No ANTI-Trader, não chegamos até aqui procurando a ação que mais sobe.

Chegamos comprando as empresas com os melhores resultados de longo prazo.

Desde 11 de junho de 2019, a carteira ANTI-Trader subiu 178%, enquanto BBAS3 subiu 12% e IBOV subiu 10%
Fonte: Bloomberg

Os juros subiram, o governo mudou, mas nossa estratégia continua 100% baseada no que deixou Buffett e Munger multibilionários.

Confiança é tudo. No ANTI-Trader, confiança em nossas empresas gera resultados.

Confie muito mais em seus investimentos.