Mais de uma semana após divulgar seu relatório de produção e vendas, a Vale (VALE3) soltou seu balanço do segundo trimestre (2T23).

Com a receita e o Ebitda ficando um pouco abaixo do consenso de mercado, a grande surpresa ficou para o forte recuo do lucro líquido.

No 2T23, a receita teve uma queda de -13%, o Ebitda -25% e o lucro -78% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

Resultado VALE3 no 2T23
Fonte: RI Vale. Elaboração: Nord Research

Com o volume das vendas de minério praticamente estável (+0,9% a/a), a queda de -13% do preço da commodity e o aumento de +12% do custo caixa C1 foram os principais fatores para a queda da receita e Ebitda da Vale.

Divisão de metais

Em Metais para Transição Energética (níquel, cobre e outros), o resultado mais fraco na comparação com o 2T22 foi reflexo principalmente dos preços mais baixos do níquel.

A forte queda de -78% do lucro foi consequência do maior resultado financeiro negativo, que foi impactado pela valorização do real, pela menor marcação a mercado das debêntures participativas e pelas baixas de tributos das provisões com a RJ da Fundação Renova.

Já na comparação trimestral, o maior volume vendido de minério (+38% t/t) e os custos estáveis compensaram a queda do preço, refletindo no crescimento da receita e Ebitda.

Venda da fatia de cobre e níquel

A Vale aproveitou o balanço do 2T23 para anunciar a venda de 13% das suas operações de cobre e níquel por US$ 26 bilhões.

A venda vai em linha com a estratégia da mineradora de expansão das operações de metais básicos por meio da subsidiária Vale Base Metals.

A ideia é mais do que dobrar o segmento de metais básicos nos próximos 10 anos. O segmento, que possui margens bem mais baixas que o de minério, representa atualmente cerca de 15% do Ebitda total da mineradora.

Dividendos da VALE3

Além dos resultados e da venda da participação da Vale Base Metals, a companhia também anunciou a distribuição de provento

A Vale vai distribuir um total de R$ 8,3 bilhões para seus acionistas na forma de juros sobre o capital próprio (JCP), que corresponde a cerca de R$ 1,917 por ação, um yield de aproximadamente 2,7% em relação ao fechamento de ontem.

A data de corte será no dia 11 de agosto de 2023, a data ex-JCP será no dia 14 de agosto e o pagamento no dia 1º de setembro deste ano.

Visibilidade nebulosa

“O passado é história; o futuro, um mistério; o presente, uma dádiva” é um provérbio chinês que ilustra muito bem nossa opinião sobre Vale e pode ser representado em partes pelo gráfico abaixo.

Receita trimestral em dólares de VALE3 comparada a cotação do minério de ferro
Fonte: Bloomberg

No passado recente, a Vale surfou muito bem os preços do minério de ferro nas máximas, reflexo dos fortes estímulos da China para combater os impactos da pandemia.

O presente, com os preços da commodity em baixa, pode não ser uma dádiva, entretanto a Vale consegue operar com alguma rentabilidade.

Já no futuro, não sabemos o que pode acontecer. Até pouco tempo atrás, o mundo acreditava que a reabertura da economia chinesa seria pujante, mas agora tudo leva a crer que o ano será de crescimento mais tímido.

Sendo a China sua principal consumidora, a visibilidade de resultados para a Vale é de resultados mais fracos para os próximos trimestres.

As melhores ações para investir

Vale depende do preço do minério para crescer, e sabendo que as ações seguem os resultados, preferimos comprar empresas de commodities com visibilidade.

Cotações de VALE3 comparado ao Ebitda em 12 meses
Fonte: Bloomberg

Empresas que crescem sua produção, reduzindo os impactos das variações das commodities nos resultados. Empresas como Prio (PRIO3), Aura (AURA33) e 3Tentos (TTEN3), por exemplo, que vão dobrar sua produção nos próximos anos.

Como o futuro é um mistério, preferimos garantir uma boa margem de segurança por meio de empresas com visibilidade e múltiplos atrativos.