As ações da Azul (AZUL4) figuraram entre as maiores altas do Ibovespa na quinta-feira, 10, sessão pós-balanço. Os papéis da empresa subiram quase +10%, a R$ 18,22.

No ano, a ação da companhia aérea acumula +65,5% de valorização.

AZUL4 em 2023
Fonte: Bloomberg

Antes de desembarcar no destino final, vamos sobrevoar o recente céu de brigadeiro para a Azul.

Por que Azul sobe na bolsa?

O desempenho dos papéis da empresa no ano pode ser justificado por alguns fatores, como uma retomada setorial após alguns anos com as aéreas e empresas de turismo sendo extremamente impactadas pela pandemia, além da renegociação das dívidas da companhia, que contribui para mitigar riscos financeiros e judiciais.

Além disso, a Azul também tem ganhado fôlego com a melhora de cenário diante do início do ciclo de queda dos juros, que vem gerando otimismo em relação a uma maior retomada do consumo por parte da população.

As notícias recentes, inclusive, são muito animadoras para a companhia e seus pares, tendo em vista que a demanda por voos domésticos segue crescendo, com volumes que atingem patamares similares (ou até maiores) aos vistos no período pré-pandemia.

Já a alta das ações da Azul ontem é explicada pelos resultados apresentados pela companhia no 2T23, que elevaram as expectativas de seus acionistas e abriram os olhos de outros participantes do mercado.

Azul está se recuperando?

Com as melhores perspectivas para o cenário macroeconômico somadas a uma maior responsabilidade quanto à gestão de sua estrutura de capital, os números da Azul já começam a apresentar uma certa recuperação.

O tráfego de passageiros (também chamado de RPK) aumentou +10% e a capacidade +8,4%, contribuindo para uma taxa de ocupação que atingiu 80% — expansão de 1,2 p.p. (vs. 2T22).

Assim como outras companhias aéreas, a Azul sofreu muito com a pandemia, mas agora parece estar desfrutando de uma melhora no quadro de rentabilidade. No 2T23, o balanço da Azul mostrou prejuízo líquido de R$ 566,8 milhões no segundo trimestre de 2023, -21,4% menor em relação ao que foi reportado no mesmo período do ano passado.

No período, a companhia ainda divulgou um Ebitda de R$ 1,2 bilhão, um aumento de +88,2% em comparação ao 2T22 e o maior valor já registrado em um segundo semestre em sua história.

Por fim, mesmo com a renegociação de seu endividamento, sua dívida líquida atingiu R$ 17,72 bilhões (+3,1% vs. 2T22). Seu indicador de alavancagem (dívida líquida/Ebitda), entretanto, ficou em 4,2x, queda de -2,1 p.p.

Gol também sobe

“Na rabeira” da Azul, a Gol (GOLL4) também segue em alta no ano, com valorização acumulada de +31,6% em 2023.

Assim como as ações da Azul, os papéis da Gol também são beneficiados por uma melhora no cenário setorial e de juros no país, além de a empresa também apresentar um empenho maior em controlar o endividamento.

Os resultados dos últimos trimestres (2T23 ainda não foi divulgado) seguem pressionados, mas a aérea continua batendo recordes e superando as expectativas do mercado. A tendência é que a mesma dinâmica seja vista nos próximos períodos.  

AZUL4: é hora do embarque ou desembarque?

Ainda que as perspectivas sejam melhores para ambas as empresas, seguiremos acompanhando de fora o setor aéreo, tendo em vista uma dependência maior do cenário macroeconômico e múltiplos que começam a convergir para a média histórica da bolsa brasileira.