Azul e Gol aliviam quadro, mas não vamos embarcar; veja as razões
As ações das companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) dispararam pelo segundo pregão, acumulando uma alta de +66% e +31% na semana, respectivamente.
Azul subiu mais de +20% e Gol teve ganhos de +6% na terça-feira, 7.
O movimento ocorre após as aéreas revelarem que conseguiram fechar acordos com os credores.
Mas será que as companhias terão céu de brigadeiro daqui para frente?
Azul: resultados do 4T22
A Azul divulgou o balanço do último trimestre, com resultado líquido positivo, mas prejuízo no critério ajustado.
Houve uma melhora operacional nos resultados, refletindo: (i) o aumento da demanda; (ii) o aumento de tarifa (+40% em relação a 2022); (iii) os custos sendo absorvidos; e (iv) a alavancagem em vias de melhora.
Como resultado, a Dívida Líquida/Ebitda, que antes era de 12 vezes, está atualmente em 7 vezes e deve fechar 2023 em 5 vezes – o que é bastante alto, mas já afasta o perigo da recuperação judicial.
Pontos importantes
Com o acordo de leasing, a Azul conseguirá entrar em breakeven ainda em 2023 – antes era 2024 –, movimento em que os custos vão se equilibrar com as receitas, o que animou o mercado.
Apesar do fôlego pelo lado das operações, 40% dos custos das aéreas no Brasil são com querosene de aviação (QAV), que já subiu 36% desde 2022.
E, até este ano, a alta do combustível não era suficientemente absorvida pela falta de demanda no setor aéreo.
Gol: resultados do 4T22
No mesmo setor, vemos que a Gol (GOLL4) também conseguiu aliviar seu balanço com aporte de US$ 1,4 bilhão da Abra (holding criada para controlar Gol e Avianca) com vencimento em 2028, o que permitirá à companhia ajustar seu balanço e alongar o pagamento.
No resultado da Gol, a companhia apresentou crescimento na demanda de +9%, receita líquida de R$ 4,7 bilhões, +62% de crescimento na comparação anual e prejuízo de -R$ 382 milhões ao excluirmos eventos não recorrentes e variações cambiais.
A alavancagem financeira da companhia ficou em 9,5x vezes Dívida Líquida/Ebitda em 2022, e a expectativa do mercado é de 5 vezes Dívida Líquida/Ebitda ao final de dezembro de 2023, o que julgamos um nível de endividamento bastante elevado.
AZUL4 e GOLL4: é hora de investir?
No geral, companhias aéreas não são bons negócios. Embora possamos ver uma reação positiva para as ações do setor, consideramos negativo o aumento de competitividade (principalmente das companhias low costs, capazes de operar a custos muito menores do que as empresas locais).
Além disso, as aéreas possuem bastante dificuldade em controlar custos. Boa parte dos seus insumos são dependentes de dólar (querosene), de economia e demandam capital massivo para continuar crescendo (demanda alavancagem alta), o que é bastante perigoso em um cenário de juros altos.
Nada impede que, no futuro, tanto Azul quanto Gol tenham problemas financeiros.
No passado, vimos a Latam Airlines entrar em recuperação judicial e é algo esperado para o setor de aéreas devido à natureza do negócio.
Com isso, mantemos nossa visão conservadora sobre as ações do setor.
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