No final do ano de 2022, os analistas da Nord Research escolheram os 12 principais ativos para investir em 2023 na competição Ativo Secreto.

Nos primeiros quatro meses do ano, o percurso de pedras e lama (risco fiscal e político) testou a coragem dos analistas mais habilidosos.

No entanto, desde maio, alguns aspectos macroeconômicos, como avanços na área fiscal e melhora no qualitativo das últimas leituras de inflação, têm impulsionado a recuperação de alguns competidores.

O Cesar Crivelli segue imparável no Ativo Secreto 2023. Rafael Ragazi e Marx Gonçalves ocupam a segunda e a terceira posição.

Confira a classificação do primeiro semestre do ano, de 1º/01/23 a 30/06/23.

Ativo Secreto 2023

1º lugar: LI Auto - Cesar Crivelli

2º lugar: MRV (MRVE3) - Rafael Ragazi

3º lugar: Kinea Securities (KNSC11) - Marx Gonçalves

4º lugar: Nord Icatu AT 70 Prev FIM CP - Renato Breia

5º lugar: LCI Itaú 93% CDI - Marilia Fontes

6º lugar: Nord Melhores Fundos FoF MM FIC FIM CP - Luiz Felippo

7º lugar:  Hypera Pharma (HYPE3) - Danielle Lopes

8º lugar:  Chainlink (LINK) - Luiz Pedro

9º lugar:  Prio (PRIO3) - Bruce Barbosa

10º lugar: Kepler Weber (KEPL3) - Fabiano Vaz

11º lugar: BB Seguridade (BBSE3) - Guilherme Tiglia

12º lugar: 3R Petroleum (RRRP3) - Victor Bueno

Performance do ativo secreto de 2023 no primeiro semestre

A seguir, contamos os fatores para o desempenho dos nossos competidores até agora.

LI Auto (Cesar Crivelli)

Não é avião, mas está voando! O ativo secreto escolhido pelo time do Nord Global no final do ano passado foi a Li Auto — melhor desempenho no primeiro semestre de 2023.

Li Auto é uma empresa chinesa, ainda emergente, que fabrica carros híbridos e elétricos, cujos veículos têm sido um verdadeiro sucesso.

Nos primeiros seis meses do ano, a empresa mais do que dobrou a quantidade de veículos entregues aos clientes, atingindo a marca de 139.117 carros no ano, contra apenas 60.403 no mesmo período do ano passado.

Por conta de lançamentos de novos modelos durante o 1S23, que permitiram à empresa alcançar um mercado consumidor maior, as vendas devem superar a marca de 40 mil carros por mês já no próximo trimestre, um resultado excelente e acima de nossas expectativas.

As ações da Li Auto, assim como a entrega de veículos, subiram bastante ao longo deste ano e já acumulam valorização de +77,25%. Apesar desse forte aumento nas vendas, seguimos confiantes de que a empresa ainda poderá crescer muito nos próximos anos, o que deve se refletir positivamente no bolso dos acionistas.

MRV (MRVE3)

As ações da MRV ficaram com a medalha de prata no primeiro semestre. A construtora sofreu bastante na pandemia com a elevada inflação dos custos de construção, mas esta safra de imóveis está finalmente acabando de passar por seu balanço e daqui em diante as perspectivas para a companhia são muito positivas.

A margem bruta das novas vendas já está em 30,5% (retornando ao patamar histórico de 32%), as prévias operacionais dos meses de abril e maio vieram muito fortes, com a média mensal de vendas crescendo +48% e o ticket médio +20%. Para completar, o vento de cauda ainda é muito positivo, com o FGTS aumentando o subsídio, reduzindo o juro e elevando o teto do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Kinea Securities (KNSC11)

A medalha de bronze fica com o Kinea Securities. O fundo imobiliário encerrou maio com investimentos em 70 operações de CRIs, sendo que todas as operações estão em dia com suas obrigações. A alocação da sua carteira em operações atreladas ao CDI está agora em 37,7%, enquanto a parcela atrelada ao IPCA foi elevada para 60,4%.

Sendo assim, os rendimentos do Fundo devem ser impactados no curto prazo pela possível deflação do IPCA de junho, cuja estimativa está em -0,09%, segundo a Anbima. Além disso, a parcela da carteira atrelada ao CDI deve ser impactada pelas reduções da Selic previstas para os próximos meses.

Ainda assim, com uma rentabilidade implícita da carteira em torno de IPCA + 7,23% a.a. nos preços atuais, já deduzidas as taxas de administração e gestão, seguimos entendendo que o Fundo continua com uma ótima rentabilidade para o nível de diversificação e de risco de seu portfólio. Lembrando que o KNSC também tende a se beneficiar da marcação a mercado positiva dos CRIs da carteira atrelados ao IPCA com o fechamento dos juros futuros, fato que tende a elevar um pouco o seu valor patrimonial.

Nord Icatu AT 70 Prev FIM CP

O quarto lugar vai para Nord Icatu AT 70 Prev FIM CP. O fundo possui, em sua carteira, uma alocação de 70% na principal estratégia da Nord Asset, o ANTI-Trader, e 30% da carteira em uma alocação em Renda Fixa. Com base na expertise dos sócios-fundadores da Nord, o fundo é uma versão adaptada para previdência da carteira do ANTI-Trader.

O primeiro semestre de 2023 foi extremamente favorável para a bolsa brasileira, com dados inflacionários indicando um alinhamento com a meta. Além disso, a manutenção da meta em 3,0% pelo CMN e uma sinalização mesmo que dura por parte do COPOM em iniciar os cortes de juros ainda este ano levaram o mercado a precificar diversos cortes nos juros até 2024, consequentemente, trazendo a bolsa para cima.

A alocação do fundo feita na carteira ANTI-Trader se beneficiou desse movimento e a parcela em renda fixa também foi favorecida pelo cenário de juros pós-fixados altos, além de todos os benefícios que um veículo previdenciário traz.

LCI Itaú 93% CDI

A LCI Itaú 93% CDI de liquidez diária com vencimento em janeiro de 2024 é o quinto ativo a aparecer no ranking. A escolha de Marilia Fontes foi baseada no objetivo de ter um ativo líquido para permitir possíveis movimentações da carteira ao mesmo tempo em que lhe garantisse uma rentabilidade interessante à medida que a Selic permanecesse em patamares elevados, como de fato ocorreu.

Outra grande vantagem desse título é a isenção de imposto de renda, além de se tratar de um dos emissores mais seguros da economia local (Itaú).

O baixo risco da operação e a perspectiva de boa rentabilidade se traduziram numa excelente relação risco-retorno. Durante o primeiro semestre de 2023, o ativo rendeu 7,9% (ajustando pelo imposto de renda de 17,5% que seria pago se fosse um CDB), o que significa uma rentabilidade de 1,3% ao mês.

Dificilmente teremos exatamente a mesma rentabilidade ao longo do segundo semestre, visto que o Banco Central deve iniciar o ciclo de corte da Selic na reunião de agosto. Caso o BC inicie com um corte de 25 pontos em agosto e siga redução de 50 nas reuniões seguintes, ainda resultaria numa rentabilidade um pouco superior a 1% ao mês.

Nord Melhores Fundos FoF MM FIC FIM CP

Em sexto lugar, encontra-se mais um fundo da casa, o Nord Melhores Fundos FoF MM FIC FIM CP. Nossa tese era uma mistura de juros de um carrego interessante do CDI com uma flexibilidade de mandato dos multimercados. O resultado, até o momento, foi de 4,4% contra um CDI de 6,4% e uma indústria de multimercados que entregou um resultado de 3,05%.

No campo do CDI, ainda que o Banco Central (BC) entregue um amplo ciclo de corte ao longo do mandato, acredito que dado o perfil do governo, ainda carregaremos um juro relativamente alto (compatível com o que vimos em outros governos do Lula).

Gostamos também da flexibilidade do mandato de multimercado e pode ser útil com o vaivém do mercado. Historicamente, momentos de juro real muito altos foram acompanhados de bons resultados para a classe olhando três anos à frente.

Hypera Pharma (HYPE3)

Em sétimo lugar está a empresa farmacêutica Hypera Pharma. O guidance da companhia para o ano de 2023 sugere que seu crescimento até o final do ano ficará cerca de +14% na receita líquida, +15% no Ebitda, mas apenas +10% no lucro líquido, reflexo do aumento das despesas financeiras.

O guidance é relativamente fraco, mas ainda vemos com bons olhos ao imaginarmos que a companhia segue em processo de desalavancagem e vai se beneficiar da queda de juros até o final do ano.

Seguimos confortáveis com a empresa, líder do seu mercado, que vem entregando resultados acima da média do setor desde o 4T20.

Em oitavo lugar, aparece a criptomoeda Chainlink. O mercado de criptoativos como um todo teve uma escalada significativa no primeiro semestre, arrastando o ativo secreto do Luiz Pedro junto. No entanto, os fundamentos de Chainlink pioraram em pontos cruciais.

Apesar da alta de 19,57% no primeiro semestre de 2023, o ativo teve uma mudança no seu board de diretores, que levou a algumas tomadas de decisão questionáveis no que tange à gestão de tesouraria da fundação Chainlink. Um dos exemplos disso foi a venda recente de um volume considerável de LINK pela fundação para autofinanciamento do projeto, segurando o preço do ativo por acrescentar oferta no mercado.

A tecnologia oferecida pela Chainlink é cada vez mais indispensável para o mercado como está e principalmente para o crescimento dele. As políticas de staking ainda ajudam a segurar a oferta do token a mercado. Os fundamentos são bons, já a gestão de tesouraria, nem tanto.

Prio (PRIO3)

Ocupando o nono lugar, temos a queridinha do Bruce. Prio teve um começo de ano difícil. O governo divulgou uma MP para taxação da exportação do petróleo no final de fevereiro, impactando os resultados da companhia por quatro meses, do começo de março até o final de junho. Com isso, as ações da petroleira andaram de lado durante o primeiro semestre de 2023.

Apesar do pessimismo do mercado, a companhia ainda assim entregou um crescimento de receita de 82% no 1T23, com lifting cost em torno de US$ 9,5/barril, e um aumento de produção de +155% em maio, comparado com o ano anterior. Um dos responsáveis por esses números foi a crescente produção em Frade e a entrada de Albacora Leste nos resultados. Gerando caixa e com a entrada de Wahoo nos resultados em 2024, PRIO ainda tem muito para crescer.

Kepler Weber (KEPL3)

A Kepler Weber ocupa o décimo lugar. O início deste ano não foi tão bom para a empresa brasileira, além da comparação difícil com o ano passado, que foi excepcional, o resultado deste 1º semestre foi pressionado pelos seguintes fatores: (i) queda das commodities agrícolas nos primeiros meses do ano; (ii) as perspectivas ruins sobre o cenário macro (juros); (iii) suspensão da linha de crédito PCA (Programa para construção e ampliação de armazéns); e (iv) incertezas políticas com o novo governo.

Com alguns desses fatores superados e pelo 2º semestre ser sazonalmente melhor, a perspectiva para a Kepler é que ela mantenha o seu elevado patamar de resultados.

Mesmo sem aquele crescimento de três dígitos que vimos ano passado, a KEPL negocia a apenas 3x Ebitda e 5x lucro, gera caixa e atua no setor que carrega o Brasil nas costas.

BB Seguridade (BBSE3)

Em décimo primeiro está BB Seguridade. O racional para a escolha do ativo foi influenciado por conta das incertezas políticas e fiscais oriundas do novo governo, que estavam presentes na transição do ano, pesando sobre as cotações e expectativas (vale ressaltar que o cenário de hoje já é diferente). Prezamos pelo conservadorismo e julgamos válido colocar uma tese mais defensiva e com boas alternativas a depender do cenário.

Considerando um cenário econômico mais adverso, no qual temos juros elevados, o resultado operacional das seguradoras acaba sendo impactado por meio da redução de prêmios emitidos. No entanto, ao mesmo tempo, com um nível de juros mais elevado, as seguradoras conseguem bons e melhores resultados através do seu resultado financeiro, com o rendimento do float (dinheiro que fica com a seguradora rendendo enquanto os sinistros não aparecem).

Seguimos inalterados com relação à tese de investimentos, negociando a 8,5x Lucros e com um Dividend Yield projetado de 10% para 2023.

3R Petroleum (RRRP3)

Por fim, a 3R Petroleum terminou em último lugar, com os papéis registrando baixa de -20% no ano. O movimento é explicado, principalmente, pelas notícias negativas atreladas à companhia no primeiro semestre, como a interrupção da venda de ativos pela Petrobras, o novo imposto sobre exportação de petróleo (não impactou as operações da 3R) e o atraso na incorporação do Polo Potiguar.

Apesar dos ventos contrários, a 3R conseguiu concluir a compra de seu principal ativo no mês passado (Potiguar representa 40% da produção projetada para os próximos anos) e mantém sua alta visibilidade de crescimento, com sua produção podendo mais do que dobrar no ano e quintuplicar até 2027.

Negociando a 3x Ebitda 2023, RRRP3 segue sendo uma grande oportunidade na visão do analista Victor Bueno.

Todos alcançam a linha de chegada, mas somente um levará o título de melhor ativo do ano –  qual é o seu favorito?