Não é fácil ser investidor brasileiro

Não é nada fácil ser um investidor brasileiro. Um belo dia, você acorda com a notícia de que o governo faria intervenções nas estatais, o que aumenta a percepção de risco e contribui para a queda da bolsa.

Em um momento seguinte, estamos discutindo o futuro fiscal do nosso Brasil com a desidratação da PEC de gastos. O medo de jogarmos tudo ladeira abaixo faz a bolsa atingir perdas e o dólar renovar novas máximas.

O Brasil é assim, um mar de incertezas recheado de confusões políticas. É algo tão presente nas nossas vidas que eu diria que até já faz parte do nosso DNA.

Ontem à tarde, Brasília atacou novamente, mas dessa vez o tiro não veio do Executivo ou do Congresso, mas sim do STF.

O ministro Edson Fachin anulou todos os atos processuais em processos envolvendo o ex-presidente Lula. Em outras palavras, tirando todo o “juridiquês”, quer dizer que Luiz Inácio Lula da Silva poderia concorrer às eleições de 2022.

Meu amigo, já dizia o saudoso Capitão Nascimento: o sistema é f***.

Capitão Nascimento

O mercado recebeu a notícia como uma grande bomba. No instante em que foi veiculada, espalhando rapidamente por todos os grupos de WhatsApp, da Faria Lima ao Leblon, a bolsa intensificou sua sangria, e o dólar conquistou as máximas novamente.

Gráfico

[Fonte: Bloomberg]

O caos, mais uma vez, dominou os mercados. O cenário claramente se tornou mais desafiador, mas quando o assunto é bolsa, não podemos nos esquecer do mais importante: no longo prazo, as ações são para cima.

Não é novidade

Não é nenhuma novidade dizer que, de tempos em tempos, Brasília nos brinda com presentes desse tipo. Em retrospectiva, a história brasileira é recheada de crises políticas e econômicas.

Sobrevivemos ao congelamento de preços do Sarney, à crise da dívida e ao seu default em 87, ao confisco da poupança com Collor, hiperinflação, impeachment...

Fora as diversas trocas de moeda, esgotando as imagens de todos os artistas, escritores e animais existentes.

Podemos até continuar aqui, mas acho que você já entendeu o meu ponto.

O Brasil não é para amadores, e isso me leva a crer que somos, de fato, grandes sobreviventes.


Mas, ainda assim, mesmo com todo esse caos, a nossa bolsa seguiu subindo e multiplicando o capital de quem teve a disciplina e a paciência de olhar para o longo prazo. Veja o gráfico abaixo.

Ibovespa em dólares desde 1967 até 2020.

[Fonte: Nord Research]

Isso com ou sem crise política, e reitero que foram inúmeras durante esse tempo todo. É por isso que, em dias de turbulência política como o de ontem, e certamente durante os próximos que virão, eu me atenho a olhar somente para isso.

É totalmente compreensível que, no curto prazo, tudo isso seja bastante assustador. As incertezas começam a se encavalar e as perdas no seu home broker parecem crescer rapidamente.

Todos sentimos isso, é perfeitamente normal! No entanto, quero falar aqui sobre o que realmente importa na minha opinião. No longo prazo, isso fará um bem tremendo ao seu patrimônio...

O que realmente importa

Deu para perceber que notícias dessa natureza impactam diretamente o humor do mercado, não restam dúvidas com relação a isso. Além disso, quanto mais nos aproximamos das eleições, ruídos políticos tendem a apresentar ainda maior impacto na precificação dos ativos.

Todavia é importante relembrar que o fator-chave para o sucesso nos seus investimentos de longo prazo não está aí, mas sim na avaliação dos negócios, na dinâmica das empresas no mundo real e no quanto pagamos para ser sócios delas.

É focar nos resultados e nas perspectivas futuras das Companhias, na visibilidade daqui em diante.

É saber separar negócios que vão sobreviver ao longo do tempo dos que não vão.

Escute menos Brasília e foque mais nas empresas. Somente isso e nada mais!

Não é hora de "panicar" junto com o senhor mercado. Aja com racionalidade, tenha calma, questione-se, aproveite as oportunidades de entrada, foque no longo prazo e conte conosco para ajudá-lo a ter sucesso nos seus investimentos!