Nord Insider

Nesta sexta-feira, 21, os índices futuros de Nova York dão continuidade às perdas do último pregão e caminham para a terceira queda consecutiva.

As bolsas internacionais seguem pressionadas pela expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos.

Na agenda econômica, os investidores estarão atentos ao vencimento de opções sobre ações na B3. Nos Estados Unidos, sai a contagem de sondas de petróleo referente à semana terminada em 14 de outubro.

Principais assuntos de hoje

  • Por que AMER3 afundou mais de -13%;
  • Opinião: possível cisão ou IPO da Aesop;
  • Opinião: Mynt, a plataforma cripto do BTG.

Americanas afunda com expectativa de resultados fracos


As ações das Americanas (AMER3) fecharam o pregão de quinta-feira, 20, em queda de mais de -13% após a divulgação de um novo relatório da XP se mostrando mais pessimista em relação ao e-commerce brasileiro no terceiro trimestre (3T22).

A XP projeta uma retração do GMV (volume bruto de mercadoria) no período, com as lojas físicas não conseguindo compensar a queda nos canais digitais.

Para a margem bruta, o número deve permanecer estável (uma das únicas notícias boas), porém a empresa deve registrar prejuízo líquido no trimestre.

Os fatos além das projeções

Projeções à parte, as varejistas no Brasil devem continuar pressionadas em meio ao cenário macro atual ainda turbulento.

“Apesar das três maiores do varejo (Magalu, Via e Americanas) terem apresentado uma certa melhora em suas margens brutas no último trimestre (mostrando que conseguiram repassar preço no período), a tendência é que as receitas sigam impactadas e o prejuízo permaneça marcando presença nos resultados delas”, avalia Victor Bueno, analista da Nord Research.

Mesmo com a deflação recente no Brasil, o analista diz que os preços dos produtos seguem altos, bem como os juros, o que contribui para comprimir o consumo da população — ainda mais falando de bens supérfluos.

Soma-se a isso a concorrência cada vez maior no varejo digital brasileiro, com o crescimento de empresas internacionais, como Amazon e Mercado Livre, além da entrada de novos players asiáticos — que praticam preços muito menores.

Qual das Big 3 está melhor?

Gráfico apresenta lucro x cotação das ações das varejistas.
Lucro x cotação das ações das varejistas. Fonte: Bloomberg

Ainda que as projeções não sejam positivas para a Americanas, vemos que a companhia é a única que vem apresentando crescimento de lucro nos últimos anos, o qual foi impulsionado após a fusão entre a Lojas Americanas e a B2W.

“Com pouca visibilidade de crescimento no longo prazo, as ações da empresa [Americanas] seguem o mesmo caminho de seus pares, amargando fortes quedas desde o ano passado”, observa Bueno.

No ano, inclusive, as ações da Americanas já acumulam queda de -54%.

“Mesmo que a queda das ações de Americanas seja superior a Magalu e Via, o cenário permanece nebuloso para ambas as empresas e também não vemos oportunidades atualmente em suas ações”, conclui o analista.

Gráfico apresenta cotação das ações das varejistas em 2022.
Cotação das ações das varejistas em 2022. Fonte: Bloomberg

Por que a Natura quer se separar da sua marca mais cara?

As ações da fabricante de produtos de beleza Natura &Co (NTCO3) dispararam nesta semana após comunicado envolvendo cisão ou oferta de ações da Aesop.

De acordo com a companhia, o IPO da unidade de negócios de luxo e bem-estar vem sendo avaliado como forma de “financiar seu crescimento acelerado”.

O que é a Aesop?


A Aesop é atualmente uma subsidiária da Natura Cosméticos e foi comprada pela empresa em 2013.

A marca de beleza australiana opera por meio de mais de 240 lojas, balcões de lojas de departamento e comércio eletrônico.

No momento, a Aesop está focada em fortalecer seus negócios na Ásia, com enfoque na entrada no mercado chinês.

Estrutura mais enxuta

Buscando expandir ainda mais sua atuação global, após a compra da Aesop, o grupo adquiriu a The Body Shop em 2017 e a Avon em 2019.

Porém as aquisições elevaram a alavancagem financeira da Natura, que atingiu 3,5x dívida líquida sobre Ebitda.

Frente às maiores despesas financeiras, o lucro da empresa foi reduzido trimestre a trimestre, dado o aumento das taxas de juros.

“A Natura fez várias aquisições e não conseguiu crescer nessas linhas de negócio. Agora, a empresa dá um passo atrás para focar nas linhas que já têm um percentual maior de receitas, como a Avon. Faz sentido que ela atue em uma estrutura menor e consiga correr para trazer esse crescimento que está prometido desde a aquisição da Avon”, avalia Danielle Lopes, analista da Nord Research.

Destravar valor

Nossa analista diz que a operação pode destravar valor para os acionistas.

“A unidade que mais cresce dentro da Natura é a Aesop. Não é óbvio que isso vai se perpetuar, então é mais fácil a Natura já ter o cash out (receber o caixa por isso) hoje. Além disso, minimamente, esse IPO pode ser de R$ 9 bilhões, o que já ajuda a reduzir o problema de alavancagem da empresa”, avalia Lopes.

Ela destaca ainda que a participação da receita líquida da Aesop na Natura é de 7% e o Ebitda alcança 16%.

“É impressionante a velocidade de crescimento da companhia [Aesop]. Faz sentido que a Natura tenha buscado mostrar isso tão rapidamente para o mercado”, comenta.

Gráfico apresenta Ebitda ajustado 1S22 (Natura; The body shop; Avon; Aesop)
Fonte: RI Natura, elaborado por Nord Research

Reestruturação de dívida


Recentemente, a empresa conduziu um processo de reestruturação de dívida, estendendo os prazos de pagamento e reduzindo o custo do endividamento.

Apenas 13% da dívida atual de longo prazo vence em 2024 e o saldo será pago em 2025 ou posterior.

Valor do negócio


De acordo com a nossa analista, caso o IPO ou spin-off da Aesop seja realizado, o valor do negócio pode ficar em torno de R$ 4 bilhões.

Já o mercado calcula R$ 9 bilhões tendo como base a média de comparáveis internacionais.

Para fins de comparação, a Natura vale atualmente cerca de R$ 20 bilhões na bolsa.

Desempenho das ações

A Natura (NTCO3) negocia atualmente a 10x Ebitda, esse é um múltiplo atrativo, mas vemos que já precifica o receio do mercado em relação às próximas iniciativas não darem tão certo.

Fonte: Bloomberg

No ano, os papéis ON caem mais de -42%, também pressionados pelo cenário macroeconômico mais desafiador para o setor de varejo.

Considerando os resultados mais impactados, pressão de custos e pouca visibilidade de resultados futuros, não recomendamos a compra da ação.


Mynt, do BTG, adiciona novas criptomoedas à plataforma

A Mynt, plataforma de negociação de criptomoedas do BTG Pactual (BPAC11), passou a permitir a negociação de mais três criptomoedas: Chainlink (LINK), Polygon (MATIC) e a Stablecoin USD Coin (USDC).

A relevância


Para Luiz Pedro, analista de criptoativos da Nord Research, a nova listagem de ativos da Mynt mostra que o roadmap e as promessas da equipe estão sendo levadas a sério.

“No mercado de criptoativos, cada corretora tem um livro de ofertas próprio, com ativos listados à sua escolha. A Mynt vem se esforçando para listar cada vez mais ativos e está focando em listar os mais interessantes do mercado, prestando, de forma colateral, um serviço extra de “pré-seleção” de ativos para os seus clientes”, comenta o analista.

É importante mencionar que a plataforma já permitia a negociação de bitcoin (BTC), ether (ETH), solana (SOL), polkadot (DOT) e cardano (ADA).

Adesão aos criptoativos

O nosso analista lembra que a adesão de bancos mais tradicionais aos criptoativos era vista com preocupação, mas que no momento estamos diante de uma virada de chave na mentalidade do “mercado tradicional”.

Com a ampliação do portfólio, a operação do BTG em criptomoedas [a Mynt] se torna mais variada do que a de concorrentes não-criptonativos, como XP e Nubank, que atualmente só oferecem a negociação de bitcoin e ethereum.

“O próximo passo que mais espero ver no roadmap da Mynt é a liberação de depósitos e, principalmente, o saque de criptoativos. Quando isso estiver operante, a Mynt pode se tornar uma das melhores (se não a melhor) corretoras de criptoativos do Brasil”, avalia Luiz Pedro.


Meme do dia

A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, que substituiu Boris Johnson, renunciou após 45 dias no cargo. Fonte: Not Jerome Powell via Twitter/Reprodução