Ao longo desta semana, cresceram as expectativas de que o governo chinês anunciará um novo pacote de estímulos para a economia do gigante asiático, cujo crescimento tem decepcionado.

Decepção com a China

Depois de um período em lockdown consideravelmente maior do que os outros países do mundo, a expectativa era de que a reabertura da economia chinesa se traduzisse em fortes indicadores econômicos, mas não foi isso que vimos recentemente.

O mercado tem reduzido as expectativas de crescimento do país para algo perto de 5% neste ano, o que, apesar de ser um destaque mundial em termos de crescimento, está muito abaixo das altas taxas observadas no auge da transformação da economia do país.

Dados oficiais publicados ao longo das últimas semanas mostraram uma queda no mercado imobiliário (que mostra problemas já há bastante tempo), um declínio no investimento empresarial e desemprego recorde entre os jovens.

Economia da China em maio de 2023
Enfraquecimento da economia chinesa em maio aumenta pressão por estímulo. Fonte: Bloomberg

Juros para baixo

O enfraquecimento da economia da China levou o Banco Central do país a cortar taxas de juros pela primeira vez desde agosto de 2022.

O Banco Popular da China (PBOC) reduziu a taxa de empréstimos para um ano na quinta-feira, 15, depois de reduzir as taxas de curto prazo no início desta semana.

Corte taxas de curto prazo na China
Fonte: Bloomberg

O mercado especula que o PBOC pode reduzir ainda mais as taxas de juros este ano e dar aos bancos um impulso de caixa para que possam aumentar os empréstimos.

O que está na mesa

Além do corte nos juros, outras medidas estão sendo estudadas pelo governo chinês para que a economia cresça mais do que o esperado.

O setor imobiliário deve ser uma peça importante nesse plano.

Com os preços dos imóveis recuando por muitos meses e apenas estabilizando recentemente, essa importante alavanca para a economia chinesa deve servir de impulso para a nova rodada de crescimento.

Agências de notícias internacionais reportaram que os reguladores estão considerando reduzir o valor mínimo de entrada para a compra de imóveis, exigido nos financiamentos em alguns bairros não essenciais das principais cidades, bem como as comissões sobre transações e  o afrouxamento de restrições para compras residenciais.

O governo também poderá tentar algumas medidas para acelerar o investimento em infraestrutura no país, segundo matérias jornalísticas publicadas nesta semana.

As autoridades podem aumentar a cota para os governos locais emitirem títulos com finalidade especial (special-purpose bonds) para financiar investimentos em infraestrutura, assim como fez em 2020, ou usar bancos estaduais para aumentar os gastos.

Desfecho

Apesar de ainda não termos certeza do plano que o governo chinês possui para estimular a economia do país, cresce o sentimento de que algo robusto deve ser anunciado nas próximas semanas.

Acreditamos que os ativos chineses, em geral, podem se beneficiar desse pacote de estímulos, seja por meio de um fluxo temporário de dinheiro sendo alocado em ativos chineses, seja por conta de uma melhora de fundamentos de médio prazo para algumas empresas específicas.

Atualmente, no Nord Global, temos duas posições em ativos chineses, que representam aproximadamente 26% de nossa carteira.

Uma dessas posições já se valorizou mais de 70% e a outra ainda possui considerável espaço para ganhos no médio prazo.