Nord Insider

Nesta sexta-feira, 16, os índices futuros de Nova York operam no vermelho, com os investidores cada vez mais pessimistas em relação à economia global, diante de juros mais altos e taxas de inflação ainda elevadas.

Na agenda econômica, destaques para o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) referente ao período entre os dias 3 e 10 de setembro e para o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) de setembro. Nos Estados Unidos, sai a contagem de sondas de petróleo referente à semana terminada em 9 de setembro.

Principais assuntos de hoje

  • Adeus, Nubank: O roxinho vai sair da B3;
  • Justiça nega pedido para barrar dividendo da Petrobras.

Adeus, roxinho: Nubank fecha capital no Brasil — o que acontece com as ações?


Nove meses depois de abrir capital aqui e lá fora, o Nubank informou, na noite de quinta-feira, 15, que deixará de ser listado diretamente no Brasil.

A fintech disse, em comunicado, que o objetivo é “maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição”.

Mas esse não é o real motivo para a saída do roxinho da B3.

De cheque em branco para corte de custos


Quando fez seu IPO em dezembro de 2021, o Nubank se posicionou como o futuro do mercado local.

Eles acreditavam, à época, que os clientes NuSócios com “pedacinhos” ajudariam a trazer mais pessoas para a oferta do banco e, consequentemente, impulsionar a valorização das ações no futuro.

Contudo, menos de um ano depois de abrir seu capital, o neobanco mudou drasticamente os planos no mercado de capitais local.

Parece que o banco chegou a avaliar os custos de ser uma companhia aberta em duas bolsas, mas mesmo assim decidiu seguir adiante com o programa de sócios.

As companhias de capital aberto precisam arcar com custos, determinados segundo regras estabelecidas pela B3, para a manutenção de sua operação.

De acordo com dados de um levantamento da bolsa brasileira, os custos médios recorrentes como companhia aberta não passam de R$ 1,5 milhão por ano.

Para a analista de ações, Danielle Lopes, o Nubank não está mencionando o maior motivo para a saída das ações locais.

“A empresa não tem conseguido apresentar bons resultados e precisa prestar contas aos investidores e acionistas. Com o aumento da inadimplência e toda a mídia em cima dos números ruins, até os clientes do Nubank estão considerando encerrar suas contas no banco. É uma quebra de confiança de todos os lados”, disse Lopes.

A maior inadimplência do mercado de bancos


O índice de inadimplência acima de 90 dias aumentou +0,6 ponto percentual na passagem do primeiro para o segundo trimestre, chegando a mais de 5% — superior à dos grandes bancos.

Para aparentar melhora de receita ao mercado, a partir do segundo tri, o Nubank passou a adotar uma metodologia diferente para o cálculo da inadimplência.

Pela nova metodologia, a inadimplência do primeiro trimestre foi de 3,5%, e não de 4,2%, como reportado anteriormente.

O que o Nubank não quer que você saiba


O Nubank perdeu bastante valor de mercado desde o IPO. Somente neste ano, as ações do banco digital já derreteram -41%.

A base de clientes ativos do Nubank é muito mais importante do que a de acionistas. São 60 milhões de brasileiros com conta corrente no banco e possíveis investidores para a corretora”, comenta a analista.

“Nesse sentido, se o Nubank não está com uma imagem positiva na mídia, o cliente que utiliza a conta corrente, talvez, pode ter a visão de que os motivos vão além dos resultados, e entender que o negócio está se deteriorando.”

Para Lopes, esse  receio pode impulsionar uma migração de correntistas para outra conta digital, fazendo com que o banco perca massivamente o volume de clientes captados.

O que o Nubank não quer que o mercado saiba é “que a sua saída não é pelo custo — que é irrisório na conta final —, mas sim pela escolha de manter mais clientes longe das notícias ruins do mercado de ações”, afirma Lopes.

Reestruturação de BDRs


Segundo a companhia, o programa de BDRs de Nível III — emitidos por empresas listadas no Brasil — será encerrado e os papéis se tornarão BDRs Nível I — emitidos por empresas estrangeiras que não estão listadas no mercado local.

Na prática, isso permite mais flexibilidade ao Nubank que fica menos exposto às normas da CVM no quesito prestação de contas, o que deve deixar o roxinho mais distante dos holofotes.

Conversão dos recibos


Uma vez implementada, os detentores de BDRs (recibo negociado em bolsa com lastro em ações listadas no exterior) terão três opções: trocar os recibos por ações negociadas nos EUA; trocar o BDR de Nível III pelo Nível I; ou optar pela venda dos BDRs em bolsa brasileira ou americana, a depender das aprovações.


Vale mencionar que não haverá mudanças para os correntista do Nubank ou usuários da plataforma de investimentos NuInvest (antiga Easynvest).

Justiça nega pedido de associação e dividendo monstro da Petrobras continua

A Justiça negou liminar para suspensão na distribuição de dividendos antecipados da Petrobras (PETR4). O pagamento da segunda parcela será em 20 de setembro.

O descontentamento da Anapetro…

O pedido foi feito pela Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) e parlamentares em 31 de agosto e a ação foi negada já no dia seguinte.

Os reclamantes pediam que a distribuição de proventos fosse condicionada ao mínimo de 25% previsto no Estatuto Social da Petrobras.

Mas será que o pagamento adicional fere a Política de Remuneração da estatal?

A resposta é não. Segundo o analista de ações, Guilherme Tiglia, o pagamento recorde de dividendos não fere a Política de Remuneração aos acionistas da Petrobras, dada a situação atual da empresa (operacional e financeira). Ou seja, é compatível com a forte geração de caixa por parte da companhia. No entanto, interesses do governo na distribuição não devem ser descartados.

Tiglia entende que o pedido por parte dos minoritários é bastante compreensível, afinal, existem receios sobre o que o novo governo pode fazer em relação à conduta da empresa, pois, dependendo das políticas adotadas, pode afetar os resultados futuros”.

“O risco de interferência política é inerente às ações de estatais”, disse.

Saúde financeira da Petrobras

Apesar das preocupações, a Petrobras segue com uma boa saúde financeira, com alavancagem financeira de meia vez a dívida líquida sobre o Ebitda, e forte geração de caixa.

Nosso analista comenta que a petroleira está com um caixa robusto, muito por conta dos preços internacionais do barril de petróleo observados nos últimos meses.

Desde o início da guerra na Ucrânia, o preço do petróleo atingiu patamares elevados.

Antes do conflito bélico, o preço do barril de petróleo Brent rondava os US$ 93. No auge da guerra, chegou a ser negociado próximo a US$ 140.

Mas, nos últimos três meses, o preço da commodity passou a oscilar com os investidores analisando as condições de oferta e demanda no mercado.

Na semana passada, a cotação chegou a bater US$ 88.

Gráfico apresenta Cotações da Petrobras (linha branca) e cotações do Brent (linha azul).
Cotações da Petrobras (linha branca) e cotações do Brent (linha azul). Fonte: Bloomberg

O impacto negativo da baixa do petróleo


O nosso analista destaca que a baixa do petróleo é uma preocupação dos acionistas.

“A queda no preço do barril levanta dúvidas sobre a capacidade da Petrobras em manter a remuneração dos acionistas nos patamares vistos recentemente (não sustentáveis). Ou seja, existe a discussão de que os dividendos serão menores à frente”, pontua Tiglia.

Os preços do petróleo seguem oscilando devido a temores de fraca demanda da China por conta de medidas de bloqueio às atividades relacionadas à pandemia. No entanto, a procura tende a subir devido à temporada de verão nos Estados Unidos e na Europa.

“No caso de PETR, o que podemos afirmar é que como não há crescimento de produção, os resultados da companhia ficam basicamente reféns das cotações da commodity (um fator externo que foge um pouco do controle)”, explica o analista.

Pagamento da segunda parcela

A estatal pagou a primeira parcela de seus dividendos bilionários em 31 de agosto e deve pagar, em 20 de setembro, a segunda parcela dos R$ 87,8 bilhões em proventos, entre dividendos e juros sobre capital próprio, referentes ao segundo trimestre.


De acordo com a estatal, o valor da segunda parcela será o mesmo da primeira: R$ 2,94 por ação ordinária ou preferencial em circulação e R$ 0,42 em juros sobre capital próprio por ação.

Serão contemplados aqueles que detinham papéis da empresa na B3 até o dia 11 de agosto.

Assista ao nosso principal vídeo


O principal vídeo da semana é, sem dúvidas, o alerta da Marilia Fontes para não investir em títulos prefixados agora.

Com a Selic em +13,75%, os títulos prefixados do Tesouro Direto têm chamado a atenção dos investidores com taxas de retorno atrativas.

Esse tipo de título costuma se valorizar ainda mais quando as expectativas para a Selic são de queda com a marcação a mercado a favor do investidor.
Mas será que este é o momento adequado para se “travar” em um título prefixado? A Selic vai parar de subir? O que fazer? Descubra aqui.


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