No primeiro semestre, o Ibovespa acumulou uma queda de 7,66%. De acordo com um estudo realizado pela Nord Research, 78% das companhias brasileiras apresentaram queda no valor das ações nos primeiros seis meses do ano.

Com o desempenho ruim desde julho de 2021 (que seria ainda pior se a Petrobras não estivesse subindo), o índice Preço/Lucro do Ibovespa está em apenas 8x agora, bem abaixo do patamar acima de 15x lucros que costumava negociar.

Fonte: Bloomberg

O que explica a queda de 7,6% do Ibovespa no primeiro semestre de 2024?

O final de 2023 foi marcado por um grande otimismo em relação aos ativos de risco locais. O cenário desenhado para 2024 previa um corte de juros tanto no Brasil quanto nos EUA. Diante disso, os investidores buscaram se posicionar aumentando suas alocações em renda variável.

Em apenas dois meses, o nosso juro longo futuro (2029) caiu de 11,6% para menos de 10%, o dólar caiu de R$ 5,00 para R$ 4,80 e o Ibovespa subiu +19%. No entanto, após a virada do ano, a realidade se mostrou bem diferente da projetada.

Nos EUA, a economia não se comportou como o esperado e os dados econômicos indicaram um aquecimento que acabou postergando o início do ciclo de cortes de juros. No Brasil, o governo rasgou o arcabouço fiscal no primeiro ano após sua elaboração e decidiu intensificar a agenda de aumento dos gastos. Para compensar, buscou implementar uma série de aumentos de impostos.

Além disso, eventos como os constantes ataques do presidente da república ao Banco Central (o que causa muita insegurança sobre quem será o indicado para assumir a pasta em 2025 e como será a sua gestão) e a falta de atitude do governo para reagir a movimentos como a greve do Ibama (que se estende por todo o ano e já causou um prejuízo bilionário para o setor e para o próprio governo) complicaram ainda mais o cenário e levaram a um péssimo desempenho dos ativos brasileiros no primeiro semestre de 2024 (1S24).

Na primeira metade deste ano, os juros longos (2029) subiram forte e passaram dos 12%, o dólar ultrapassou o patamar de R$ 5,60 e a Bolsa brasileira se descolou da Bolsa americana, caindo -7,7%, o segundo pior desempenho no ranking das 20 principais Bolsas globais.

As piores ações do Ibovespa no 1º semestre de 2024

EmpresasTickerVar. (%)
GolGOLL4-68,0%
AzulAZUL4-54,2%
YduqsYDUQ3-52,7% 
CognaCOGN3-49,3%
CVCCVCB3-44,0%
Magazine LuizaMGLU3-43,9%
MRVMRVE3-40,5%
Grupo Casas BahiaBHIA3-39,8%

Com exceção de apenas 19 ações que subiram, majoritariamente de empresas exportadoras que se beneficiaram da alta do dólar, as ações do nosso principal índice ficaram praticamente todas no vermelho.

Os grandes destaques negativos foram de empresas mais cíclicas, como as ligadas ao turismo interno (aéreas + CVC), as do setor de educação (Yduqs e Cogna), as varejistas (Magalu, Casas Bahia e Pão de Açúcar), e MRV e Localiza, que completaram o top 10 da maiores quedas. Estas ações caíram entre -68% e -33% no semestre.

O que esperar do Ibovespa para o segundo semestre de 2024

Se a Bolsa brasileira estava barata no fim do ano passado, ficou ainda mais barata agora. O P/L do IBOV caiu de 10x para 8x, se distanciando ainda mais da média histórica de 15x.

Além de estar muito barata, o lucro das empresas da Bolsa está crescendo e com boas perspectivas para o futuro. Mas há um grande problema: o governo.

Sem um compromisso com a responsabilidade fiscal, as expectativas de inflação não vão arrefecer, os juros não cairão e a economia não vai deslanchar. 

Depois do banho de sangue do primeiro semestre, o governo parece ter acordado e começou a dar alguns sinais mais positivos em relação ao fiscal, mas o mercado ainda está receoso. Precisamos de algo mais concreto para alterar o humor dos investidores. 

É vantajoso investir na Bolsa de Valores?

Sim. O upside de investir na Bolsa agora é enorme, mas esse potencial de valorização só vai se concretizar quando o governo ajudar, ou pelo menos parar de atrapalhar, o que pode acontecer no curto prazo (com uma mudança de postura), no médio prazo (nas próximas eleições) ou apenas no longo prazo (nas eleições de 2030).

Vale ressaltar que o cenário externo também será fundamental para determinar o desempenho dos ativos de risco no Brasil no segundo semestre. Se a economia americana desacelerar e o país começar o ciclo de cortes de juros, poderemos ver um fluxo de capital estrangeiro migrando para a nossa bolsa.

As 7 melhores ações para o segundo semestre

Para te ajudar a investir melhor, listamos as ações que podem subir nos próximos meses, mesmo sem a ajuda de uma Bolsa animada. Diante das circunstâncias apresentadas acima, escolher bem os ativos é ainda mais importante!

  • Inter (INBR32);
  • Prio (PRIO3);
  • BTG Pactual (BPAC11); 
  • Mills (MILS3);
  • Priner (PRNR3);
  • Vale (VALE3);
  • TSMC (TSCM34).

Leia na íntegra a tese de investimentos das 7 melhores ações para o 2º semestre de 2024.