Ação do setor elétrico ganha com onda de calor no Brasil
É quase impossível não reclamar das altas temperaturas. Há locais em que os termômetros podem marcar até 13 ºC a mais do que o esperado para esta época do ano.
A insatisfação com o recorde de calor pelo país é notória.
Neste momento, um paulista acaba de dizer: “Que calor é esse, meo? Vou derreter aqui...". Um carioca, por sua vez, proferiu: “Exxxquentou. Ligaram o maçarico?”. Já um mineiro, “Nossasinhora, que calor. Vou tomar um cafézim”.
No estado onde você mora, como reclamam do calor?
Altas temperaturas puxam consumo de energia
Com temperaturas acima do normal, o uso de equipamentos de refrigeração aumenta, o que também reflete no aumento do consumo de energia elétrica.
A alta do consumo, por sua vez, afeta o custo da conta de energia — que fica mais caro. É que, com o calor, os aparelhos de refrigeração (ar condicionado, geladeira, ventiladores, entre outros) consomem mais energia para entregar a mesma eficiência, o que reflete na elevação do valor da conta de energia.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as altas temperaturas devem ser constantes, pelo menos, até o final do ano.
Como a onda de calor impacta o setor de energia?
Antes de tudo, podemos resumir que o setor é dividido em três segmentos: geração, transmissão e distribuição. As geradoras produzem energia, as transmissoras a transportam da geração até os centros consumidores, e as distribuidoras levam a energia elétrica até o consumidor final, residências e indústrias.
Dito isso, como a onda de calor impacta o setor de energia? As ações do setor de energia se beneficiam das altas temperaturas?
Apesar de o setor estar interligado e com um efeito em cadeia, a parte do setor elétrico que mais se beneficia com dias muito quentes está principalmente na ponta das distribuidoras (que, como falamos, é a parte do setor que está diretamente ligada ao consumidor final).
Afinal, quanto mais consumo oriundo deste momento atípico no clima que estamos vivendo, mais fortes são os dados de volume de energia elétrica distribuída, maior a arrecadação e melhor fica para o resultado dessas empresas.
Isso é muito diferente, por exemplo, da dinâmica operacional das empresas transmissoras, na qual não há relação direta com o consumo/volume, mas sim com a disponibilidade das suas linhas de transmissão (é como se fosse uma espécie de “pedágio”).
No entanto, também é válido comentar que, em momentos como este, a onda de calor vem provocando um aumento no uso de térmicas a combustíveis fósseis em prol de garantir a confiabilidade, estabilidade e correto funcionamento do sistema elétrico, o que também encarece a conta de luz e eleva o nível de emissões.
Portanto, geradoras com esse tipo de exposição também podem acabar se beneficiando com maiores despachos. Veja, abaixo, o caso da Eneva, que vem se beneficiando neste momento através do acionamento das suas térmicas.
Eneva (ENEV3)
O Brasil consome em média 75 GW por dia de energia. Com os refrigeradores ligados no máximo, esse consumo pode aumentar para 100~105 GW — um recorde na história recente do Brasil.
Em entrevista ao Brazil Journal, o CFO da Eneva (ENEV3), Marcelo Habibe, afirmou que "só as hidrelétricas e fontes renováveis não suportam a demanda porque o El Niño tem gerado também efeitos negativos no vento, com uma menor incidência, o que tem diminuído a geração eólica".
Para mitigar o efeito das mudanças climáticas na distribuição de energia, a companhia possui térmicas a carvão (a Pecém II e a Itaqui), além do Complexo de Parnaíba (que tem cinco térmicas a gás). A última vez que tiveram que ligar todo o complexo foi em 2021, no meio da crise hídrica.
Além da receita fixa das térmicas, a Eneva conta com uma receita variável dos despachos emergenciais, como o que está acontecendo agora.
Ainda segundo a publicação do Brazil Journal, esses despachos podem gerar um EBITDA de cerca de R$ 500 milhões por ano para a Eneva.
De olho no próximo trimestre
Os efeitos da onda de calor em despacho e aumento de consumo já foram sentidos no 3T23 e devemos continuar a observar esse impacto no próximo trimestre.
Apesar de a geração renovável ter ganhado tração, as térmicas ainda são muito importantes, pensando principalmente em situações como esta, para garantir a segurança no sistema e evitar eventuais apagões.
Enquanto isso, as distribuidoras continuam se beneficiando do melhor consumo, com diversas outras iniciativas internas buscando o aprimoramento dos resultados.
As transmissoras, por sua vez, vêm aproveitando oportunidades para o investimento em transmissão e aumentos significativos de receita.
Os efeitos da onda de calor mais forte são passageiros e apenas guiam a nossa análise pensando no curto prazo, mas é importante termos em mente que o investimento é sempre pensando no longo prazo.
Você tem interesse em investir no setor elétrico? Gosta da estabilidade que ele proporciona e da ideia de receber dividendos? Fica o convite para conhecer a carteira de dividendos da Nord Investimentos.