A temporada de balanços tem suas particularidades no mercado, resultando em movimentações um tanto atípicas para algumas das empresas mais bem analisadas e cobertas do mundo. Sem dúvida, esta semana foi a mais relevante nesta temporada de balanços.

De segunda a sexta, inúmeras companhias divulgaram seus resultados. Mas chamou a atenção um grupo de seletas empresas, que juntas somam mais de US$ 12 trilhões em valor de mercado. 

Tivemos os resultados de 5 das 7 Magníficas (Magnificent 7). Números de Alphabet (Google), Meta, Microsoft, Amazon e Apple. E com esses números, surgem as perguntas: quem foi bem? Quem foi mal? Como desempenharam no trimestre? Vale a pena aproveitar alguma oportunidade?

Resultados das ações de tecnologia no 3º tri

Na tabela abaixo, destacamos o crescimento de receitas e do lucro por ação, comparando as expectativas do mercado com os números, de fato, realizados. 

 Resultados de GOOGL, META, MSFT, AMZN e AAPL. Fonte: empresas, Nord Research

O primeiro ponto que chama a atenção é que todas as empresas de tecnologia entregaram crescimento. Seja um crescimento mais modesto de +5%, como as receitas da Apple, até os mais pujantes, como +52% no lucro da Amazon.

No destaque do crescimento de receitas, tivemos Meta com +19% na comparação anual. Já em termos de lucro por ação, a Amazon registrou o maior aumento, com +52%. Isso não apaga o excelente crescimento de lucros que a Alphabet e a Meta tiveram de +37%.

No geral, os resultados à primeira vista parecem muito bons. São empresas gigantescas e que, mesmo assim, conseguem entregar crescimentos que muitas small caps sonham em atingir. 

Mas, mesmo batendo as expectativas do mercado para o trimestre, nem todas tiveram reações positivas nos dias que seguiram a divulgação. Enquanto a Alphabet e a Amazon tiveram altas relevantes após o anúncio dos resultados, Microsoft, Meta e Apple registraram quedas. 

Alphabet: uma cúmulo-nimbos em formação

 Resultados de Alphabet. Fonte: App Economy Insights

A menos queridinha dentre as empresas de tecnologia e que atualmente negocia aos menores múltiplos, segue entregando números espetaculares.

Existe um ceticismo do mercado com relação ao futuro da companhia por conta dos riscos regulatórios e também por uma possível alteração na forma em que navegamos pela internet com a introdução de agentes de IA. 

Mesmo assim, o momento da empresa é espetacular em termos de crescimento. Com receitas crescendo +15% no agregado. O segmento de Search Ads bateu as expectativas do mercado, aumentando +12% na comparação anual, com o YouTube, pela primeira vez, ultrapassando a marca de US$ 50 bilhões de receita nos últimos 12 meses. 

Mas os olhos do mercado estão voltados para a nuvem. E a Alphabet parece ser uma cúmulo-nimbos em formação. O Google Cloud cresceu impressionantes +35% na comparação anual.  Ainda segue atrás das principais competidoras no setor, mas vem crescendo a um ritmo mais acelerado. 

Com resultados assim, até céticos, como eu, acabam balançando com relação a algumas convicções. Mas sigo preferindo outros nomes dessa lista de empresas hoje. Mesmo com ela negociando a múltiplos mais acessíveis. 

Meta: investindo contra o mercado

 Destaques dos resultados da Meta. Fonte: Meta

Mais um trimestre de números espetaculares para a Meta. O crescimento de receitas totais foi de +19% no trimestre, batendo as expectativas do mercado. O Ebit (lucro operacional) teve um crescimento de +26%, com uma margem de 43%, bem acima dos 39,6% esperados pelo mercado. 

Dentro das receitas, o Family of Apps (que consolida todos os aplicativos da companhia) teve um crescimento de +19%, enquanto o Reality Labs cresceu +29%. A empresa segue crescendo sua base de usuários a um ritmo modesto — foram adicionados +5% de usuários na comparação anual. Contudo, a capacidade de aumentar os preços por ads (anúncios) segue mais que compensando. Na comparação anual, a receita por ad cresceu +11% no mundo inteiro. 

Com o final de ano se aproximando, e, junto disso, a Black Friday, o Natal e as férias, a empresa espera manter esse forte ritmo de crescimento, atingindo receitas de US$ 45 a US$ 48 bi. 

A reação negativa do mercado diante dos resultados da companhia veio pelo aumento da expectativa mínima dos seus investimentos totais para o ano de 2024. A nova projeção fica entre US$ 38 a US$ 40 bi. 

Vemos essa queda como uma ótima oportunidade para comprar. 

Microsoft: a melhor empresa do mundo, de novo

 Resultados da Microsoft. Fonte: App Economy Insights

A imagem não mente, por mais que pareça. A Microsoft divulgou seus resultados para o seu 1T25, de seu calendário fiscal (isso é bagunça lá fora mesmo). Novamente, números muito sólidos, batendo as expectativas do mercado. 

Crescimento de receitas de +16%, com uma margem operacional de 47% e um crescimento de lucro por ação de +12%. A empresa teve uma redução de margem por conta de alguns custos relacionados à aquisição da Activision Blizzard — gigante do universo de games. 

A imagem acima mostra todas as linhas de negócios dessa gigante da tecnologia. Cada uma dessas empresas dentro da Microsoft seriam excelentes de forma independente. Mesmo assim, o mercado ficou desapontado.

O grande problema da Microsoft é que ela tem no preço dela a expectativa da perfeição.

Para o próximo trimestre, eles deram indicações de que a Azure deve entregar um crescimento de +31-32%, enquanto o mercado esperava de +32-33% (uau! Quanta diferença Sr. Mercado). Suficiente para as ações caírem -5% após a divulgação. 

Amazon: trimestre que vem será ainda melhor

 Resultados da AWS. Fonte: Amazon

A ação que teve a melhor reação do mercado pós-divulgação. Não à toa. Os olhos do mercado são praticamente todos voltados para a AWS. E essa empresa dentro da Amazon entregou números espetaculares. Crescimento de receitas de +19%, com o Ebit crescendo +50%. 

No agregado, as receitas cresceram +12%, com o lucro líquido crescendo +55%. Para melhorar ainda mais, a empresa deu perspectivas ainda melhores que as esperadas para o 4T24. 

Resultados espetaculares trouxeram de volta a tese de que a Amazon não é mais um caso de crescimento pujante, e sim de ganho de eficiência e margens. Consequentemente, lucros maiores fazendo as mesmas coisas que fazem hoje. 

Estamos avaliando. 

Apple: tão interessante quanto uma maçã

 Iphone 15 e Iphone 16. Fonte: MobileExperts

Eu pego no pé da Apple. Não por não gostar da empresa ou dos produtos, mas porque pela ótica de investimento não é interessante. A empresa negocia nos mesmos múltiplos que a Microsoft, mas com o crescimento da Coca-Cola. 

A Apple divulgou seus números para o 4T24 (sim, eles também inventaram um calendário próprio). As receitas tiveram um crescimento de +6%, enquanto o lucro ajustado por ação teve um crescimento de +12%. A dinâmica segue a mesma dos últimos anos. Produtos com um crescimento modesto de +4%, enquanto serviços cresceram +12%. 

Negociando a mais de 30x lucros, crescendo menos de 10% ao ano, não me parece uma grande oportunidade. 

Espero ter ajudado você a entender nossa visão para as principais empresas de tecnologia do mundo.