Celsius Energy Drinks (CELH) é a nova Monster da Bolsa americana?
Se alguém te fizesse a pergunta de qual foi a empresa que mais se valorizou ao longo dos últimos 30 anos, provavelmente a resposta não fugiria de empresas de tecnologia.
Amazon, Apple ou mesmo Microsoft seriam fortes candidatas a esse título sem dúvidas. Mas a resposta é muito mais interessante, para não dizer surpreendente, do que essas mega empresas de tecnologia.
Não inventaram foguetes que dão ré, nem a cura para alguma doença extremamente rara. Tão pouco foram responsáveis por qualquer grande descoberta de minério ou revolucionaram os telefones celulares. Trata-se de uma simples empresa que vende bebidas enlatadas.
A empresa que mais gerou retorno para os seus investidores nos últimos 30 anos foi a Monster Beverage (ticker: MNST; BDR: M1NS34).
O gráfico acima mostra a partir de 1997 e não de 1994 (30 anos certinho), devido à data do IPO da Amazon (em maio de 1997), o que é relevante para a comparação.
Desde 1994, a Monster teve uma valorização de +353000%. É um número tão grande que é difícil de imaginar o quanto isso representa. Se você tivesse investido US$ 10 mil, hoje você teria US$ 35 milhões, o que equivale a uma multiplicação do patrimônio em torno de 3500x.
Para quem, assim como eu, é apaixonado pela ideia de juros compostos ao longo do tempo, isso representa uma valorização de +31,2% ao ano, durante 30 anos.
Mas qual é o segredo por trás dessa valorização?
A ascensão da Monster
A Monster não é de forma alguma uma empresa nova. Ela existe desde 1935. Lá atrás, na recuperação da economia norte-americana, no pós-crise de 1929, a família Hansen fundou na Califórnia uma marca de sucos — os sucos Hansen‘s. A empresa foi, por muito tempo, um negócio familiar. Passando dos pais para os filhos e depois para os netos.
Entre as gerações que assumiram as rédeas das empresas tivemos altos e baixos. Nos anos 70, inspirada pelos movimentos culturais da época e pela crescente demanda por refrigerantes e bebidas enlatadas, a empresa, na sua terceira geração de Hansens, começou a vender novos produtos em latas.
Mas o sucesso desses novos produtos não durou muito tempo. No final dos anos 80, a empresa se encontrava em uma situação financeira crítica.
Em 1988, a empresa declarou falência. Um momento bastante complicado e que, possivelmente, marcaria o fim do negócio familiar.
No entanto, em uma virada de eventos, os ativos da empresa falida foram comprados pela California CoPackers Corporation, encabeçada por Rodney Sacks e Hilton Schlosberg — ambos, posteriormente, seriam os responsáveis pela mudança no negócio da empresa e pela construção do que seria a Monster hoje.
Após adquirirem a Hansen nos anos 90, perceberam que havia uma tendência interessante de consumidores em busca de bebidas energéticas. Produtos que prometiam aos seus consumidores aumento da energia, da atenção e diversos outros benefícios à saúde.
Com o sucesso dos lançamentos dos seus primeiros produtos energéticos, a empresa foi criando a fundação que a tornaria uma das líderes mundiais no mercado de energéticos nos anos seguintes.
Em 2002, a empresa lançou o seu energético “Monster”. Essa linha de negócios atingiu 97% das receitas da Hansen em pouco tempo.
Uma década depois, em 2012, a companhia decidiu passar por uma reformulação da marca e passou a se chamar Monster Beverage Corporation.
Com uma ascensão meteórica de seus resultados ao longo dos anos 2000, a empresa em 23 anos (2000-2023) multiplicou suas receitas em 77x, crescendo em média +21% ao ano.
A estratégia por trás do crescimento da empresa foi relativamente simples, mas acompanhada de uma execução quase sem erros. A ideia da marca era: se o jovem consumidor masculino, entre 20 e 30 anos, demonstrar interesse, a nossa marca estará presente.
Dessa forma, a Monster começou a patrocinar esportes radicais como motocross, esportes na neve, NASCAR, entre tantas outras modalidades que possuem um apelo a esse nicho de consumidor apaixonado por esportes radicais e de alta intensidade.
A estratégia deu tão certo que, além do espetacular crescimento de resultados, a Monster chamou atenção da maior empresa de bebidas do mundo, a Coca-Cola.
Em 2015, a Coca-Cola adquiriu uma participação relevante na Monster, consolidando uma parceria que traria ganhos à distribuição dos produtos da Monster e adicionaria mais uma excelente empresa ao portfólio da Coca-Cola.
Dessa forma, a Monster (com todo o seu portfólio de diversas marcas de energéticos) se consolidou, junto à austríaca Red Bull, como uma das líderes mundiais no mercado de energéticos.
Contudo, uma nova revolução dos hábitos de consumo, junto ao crescimento de um senso de saúde e bem-estar entre o público jovem, pode colocar esse posicionamento de ambas as gigantes em cheque.
Celsius: geração saúde
Ao longo da última década, o consumidor tem mudado alguns hábitos e as marcas têm acompanhado isso, lançando novos produtos e criando um branding mais voltado para a saúde e o bem-estar.
Dessa forma, surge um novo player no mercado de energéticos: a empresa natural de Boca Raton, Flórida, a Celsius Energy Drinks.
Com produtos que apresentam níveis elevados de cafeína, sem a adição de açúcar e, em alguns casos, zero calorias, a empresa tem apresentado um crescimento significativo ao longo dos últimos anos. Números que deixam a própria Monster, nos seus primeiros anos, com inveja.
Com uma pegada “fitness”, a empresa possui em seu portfólio energéticos com sabores cítricos, embalados em latas com um design mais minimalista, além de bebidas que contêm BCAA (aminoácidos), dentre outros produtos ligados à prática de exercícios físicos.
Para além da diversidade de produtos, e um branding de vida saudável, eu, pessoalmente, acho as bebidas da Celsius (em sabor e efeito) melhores que as da Red Bull ou Monster.
Não à toa, a Celsius tem crescido de forma impressionante e se destacando no mercado americano de forma surpreendente nos últimos anos.
Em praticamente dois anos (de 2022 até 2024), a Celsius aumentou a sua participação no mercado de bebidas energéticas nos Estados Unidos, passando de ~3% para ~10%. Na imagem acima (em amarelo) fica claro o crescimento da marca no mercado.
Naturalmente, essa ascensão veio acompanhada de um aumento nos resultados da empresa e de uma valorização significativa de suas ações.
Se a Monster foi a ação mais relevante nos últimos 30 anos, a Celsius (ticker: CELH) tem sido a ação mais relevante nos últimos cinco anos.
A Celsius valorizou +6400%, deixando nomes como a NVIDIA, que teve uma valorização de +2400%, na saudade.
Celsius (CELH) será a melhor ação para os próximos 30 anos?
Quando analisamos a história da Monster e colocamos Celsius nessa fotografia, é inevitável não se questionar se ela teria potencial para ser a "nova Monster".
Além disso, como a Monster teve um produto comprado pela Coca-Cola, a Celsius também teve um pedaço comprado pela PepsiCo.
Os paralelos entre elas são muitos. Além de as maiores companhias mundiais de bebidas demonstrarem interesse por elas, ambas apresentaram valorizações impressionantes e taxas de crescimento elevadas.
Atualmente, a Monster é cerca de 5,5 vezes maior do que a Celsius em termos de receita.
No entanto, ao analisarmos o valor de mercado, a Monster é apenas 2,6 vezes superior à Celsius. A Celsius é avaliada atualmente em US$ 21,5 bilhões, enquanto a Monster é estimada em US$ 56 bilhões. O mercado antecipa.
A trajetória da Celsius é bastante semelhante à experiência vivida pela Monster ao longo dos últimos 30 anos. Com isso, o preço que o mercado coloca nas ações da CELH já reflete a expectativa de que a empresa possa se tornar uma nova Monster.
Uma forma de ilustrar essa antecipação do mercado é comparar o quanto cada empresa valia em estágios semelhantes de suas histórias.
A CELH possui um faturamento estimado em aproximadamente US$ 1,4 bi. Quando a MNST possuía esse faturamento, ela valia apenas US$ 5 bilhões. A Celsius, atualmente, é avaliada em US$ 21,5 bi. A Monster só atingiu essa marca entre 2014 e 2015, com um faturamento de US$ 2,7 bi.
No entanto, os entusiastas da Celsius têm um argumento para justificar a diferença entre as duas companhias: a taxa de crescimento da CELH é significativamente superior à da Monster no mesmo estágio da companhia.
O gráfico acima demonstra exatamente a diferença entre as receitas e o crescimento que elas apresentam.
Em 2014 e 2015, a Monster ainda possuía uma taxa de crescimento bastante alta, próxima dos +30%. No entanto, quando comparado ao momento atual da Celsius, essa taxa de crescimento parece ser pequeno — a Celsius tem crescido a taxas próximas a +90%
Parece “no brainer” (nem o que pensar). Certamente, a Celsius será a porrada dos próximos 30 anos. Será que isso é verdade?
Quando analisamos as previsões que os analistas de mercado fazem para a Celsius nos próximos anos, a taxa de crescimento da companhia deve cair drasticamente.
Em 2024, a média dos analistas espera que a Celsius cresça em torno de +30%. E, nos anos seguintes, algo próximo de +20%
Se os analistas que fizeram as previsões estiverem certos, dificilmente a CELH será a nova Monster dos próximos 30 anos.
No entanto, a companhia só atuava nos Estados Unidos. Já se iniciou uma expansão global para os mercados do Canadá e da Grã-Bretanha. A perspectiva é expandir as atividades para Austrália, Nova Zelândia e França em 2024.
Pode ser que, com a expansão internacional e o sucesso da empresa nos Estados Unidos, ela possa mudar minha opinião.
Existe um enorme potencial. Todavia, esse potencial ainda é ofuscado por muitas incertezas.
Devido à falta de visibilidade, não aconselhamos a compra ações da Celsius. Contudo, estamos sempre acompanhando e monitorando.
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