Nadando de lado

Pode parecer uma loucura falar em comprar bolsa neste momento, ainda mais depois de comemorar 6 vezes os 100 mil pontos do Ibovespa, desde 2018.

Gráfico da Bloomberg mostra que desde 2018 o Ibovespa tocou a faixa dos 100 mil pontos por seis veze
Índice Ibovespa desde 2018. Fonte: Bloomberg

O cenário de inflação alta, juros elevados no mundo, crise bancária e incertezas políticas e fiscais aqui no Brasil tira o apetite em comprar bolsa.

A sensação é que nadamos de lado, no entanto, este pode ser um bom momento para começar a tomar um pouco de risco.

Um momento em que nós, as sardinhas, podemos novamente nos vingar dos tubarões, afinal os ciclos não duram para sempre.

O mais importante é…

Aprender que “nada caminha para sempre em uma só direção”, visto que, “ao final, os ciclos sempre prevalecem”. Esse é um dos mais importantes ensinamentos do grande investidor Howard Marks.

Seja em momentos positivos ou negativos, principalmente quando estamos nos picos de euforia ou desânimo, nossa tendência é acreditar que esses momentos vão durar para sempre.

A psicologia de um ciclo de mercado mostra os sentimentos que surgem quando o mercado flutua, tais como otimismo, excitação, medo, pânico, depressão e esperança
Fonte: Investing

Nossos vieses comportamentais frequentemente nos fazem esquecer que a maioria das coisas são cíclicas.

Nada é tão ruim ou tão bom quanto parece

O superciclo das commodities em meados dos anos 2000 não durou para sempre, assim como a crise do subprime e a pior recessão do Brasil em 2015.

Apesar de não termos ideia de quando e como, os ciclos sempre prevalecem.

Gráfico mostra o Índice Ibovespa em dólar desde 1992
Índice Ibovespa em dólar desde 1992. Fonte: Bloomberg

Sabendo que os ciclos não duram para sempre, muitos investidores caem na armadilha das previsões.

Sem a habilidade de prever o futuro, tentar estimar quando uma economia em crescimento vai retrair ou quando uma recessão vai terminar é arriscado demais.

A boa notícia é que não precisamos da habilidade de prever o futuro, precisamos apenas entender que os ciclos não duram para sempre.

Onde estamos

Como não temos ideia do amanhã, a melhor maneira de se posicionar e aproveitar as oportunidades é entender onde estamos no ciclo e nos prepararmos.

Foto do investidor Howard Marks
“Você não pode prever. (Mas) Você pode se preparar.” - Howard Marks

Podemos ter uma ideia de onde estamos apenas observando o comportamento e as características atuais do mercado.

Vivemos em um momento de incertezas, juros e inflação altos e bolsa em queda.

No gráfico abaixo, desde 2020, o Ibovespa acumula queda de -14% e o Small Cap -37%.

No gráfico da Bloomberg, desde 2020, o Ibovespa acumula queda de -14% e o Small Cap -37%
Índice Ibovespa e Small Cap desde 2020. Fonte: Bloomberg

Perspectivas negativas, investidores pessimistas, preços dos ativos baixos e mercado restrito, essas são as características do mercado atual.

Nessa linha, Howard Marks ensina que quando os investidores estão em estado de pânico ou desânimo, é o momento em que devemos nos tornar mais agressivos.

Prepare-se

Desde o início da alta dos juros pelo Banco Central, em 2021, as ações não pararam de cair, entretanto os resultados das empresas continuaram crescendo.

Refletindo a queda das ações e o crescimento dos resultados, o P/L e EV/Ebitda dos índices Ibovespa e Small Cap estão extremamente baixos.

No gráfico abaixo, podemos observar o crescimento dos resultados das empresas, principalmente pelo Ebitda do Small Cap — índice que reflete melhor a economia brasileira, pois não tem o peso das grandes empresas de commodities e bancos como o Ibovespa.

No gráfico, Índice Ibovespa negocia a 4,8 vezes Ebitda e Índice Small Caps negocia a 5,7 vezes Ebitda
P/L e EV/Ebitda do Índice Ibovespa e Small Cap desde 2013. Fonte: Bloomberg

Investidores institucionais tomando resgates e desmontando suas posições, o fluxo negativo dos estrangeiros e a saída das pessoas físicas na bolsa intensificaram ainda mais a queda.

A bolsa está barata, é a oportunidade para se preparar para um novo ciclo, podemos ir em direção aos tubarões ou nadar rumo às melhores oportunidades.

A vingança das Sardinhas

Se você nos acompanha há mais tempo, com certeza conheceu a nossa tese A Vingança das Sardinhas.

Em 2020, nós, as sardinhas (investidores pessoas físicas), tínhamos a faca e o queijo na mão e nos vingamos dos tubarões (institucionais).

Durante a crise da pandemia, os tubarões estavam alocados em renda fixa, e as sardinhas aproveitaram o momento de stress dos mercados para comprar bolsa.

 Em 2023, a participação dos investidores na B3 está distribuída em 55,6% investidores internacionais, 25,9% investidores institucionais e 14,2% investidores pessoa física
Participação dos investidores desde 2019. Fonte: B3. Elaboração: Nord Research

Com os juros mais baixos da nossa história, os tubarões foram buscar maiores retornos na bolsa, mas as sardinhas já estavam compradas.

O cenário atual é totalmente diferente, mas assim como foi naquele momento, as sardinhas podem novamente sair na frente dos tubarões.

O Acerto de Contas das Sardinhas

As incertezas do cenário não podem nos fazer esquecer que “nada caminha para sempre em uma só direção e os ciclos sempre prevalecem”.

Qualquer sinalização positiva, ou que não seja tão ruim, pelo governo para a economia pode contribuir para a bolsa.

O ciclo de alta de juros vai acabar em algum momento e impactar positivamente a bolsa, mesmo que demore 6, 12 ou 18 meses.

Mais uma vez, as sardinhas podem se antecipar e sair na frente dos grandes tubarões.

Não estou falando para você comprar tudo em bolsa, afinal não temos ideia do que pode acontecer amanhã.

Por meio de boas empresas (com visibilidade crescimento) a bons preços (múltiplos baixos), pode fazer sentido começarmos a tomar um pouco de risco.

Com as constantes mudanças de ciclos, precisamos ajustar nossas estratégias.

Prepare-se para os ciclos que estão por vir com nosso novo método O Acerto de Contas.

Um abraço e até a próxima!