A Mills por hora: a smallcap que tem tudo para ser grande
Se você se sente órfão com a saída de Unidas (LCAM3) da bolsa ou está buscando uma empresa pouco conhecida do grande público, mas com alto potencial de valorização, eu quero te apresentar a Mills (MILS3).
Antes de mais nada, é preciso dizer que a Mills é a típica smallcap que teve tempos áureos de crescimento, sofreu muito na crise, se reestruturou, mudou seu negócio e agora quer estar entre as grandes empresas da bolsa.
No entanto, a Mills é uma locadora diferente, não aluga carro nem caminhão como a maioria das suas concorrentes.
Muito prazer, Mills
Fundada em 1952, a Mills foi pioneira nas suas duas divisões de negócios: Rental e Construção (Formas e Escoramentos).
A divisão de Rental aluga plataformas aéreas, elevadores, compressores, geradores e torres de iluminação para os mais variados setores.
O grande foco são as plataformas elevatórias, que vêm substituindo os andaimes e escadas.
Já a divisão de Construção, ou Formas e Escoramentos, foca em grandes projetos de engenharia, como: pontes, viadutos, ferrovias, rodovias, metrô, aeroportos e portos, hidrelétricas, termelétricas, construção industrial e grandes edificações.
A divisão de Formas e Escoramentos foi o principal negócio da companhia desde a sua fundação pelo menos até 2015, quando precisou se transformar para não quebrar.
Mills decolou, mas estragaram tudo
Quem não se lembra dessas capas da revista The Economist? Elas representam muito bem uma parte importante da história da companhia.
O Brasil estava voando e o Cristo decolando, com o Brasil surfando o superciclo das commodities no começo dos anos 2000.
Dinheiro não faltava, o BNDES, os bancos e as campeãs nacionais eram a locomotiva dos investimentos no país.
A Mills nunca cresceu tanto como nesse período. Representando mais de 80% da receita total, a divisão de Formas e Escoramentos aproveitava as grandes obras no país.
Nos PACs (Programas de Aceleração do Crescimento), na Copa do Mundo, nas Olimpíadas, onde havia grandes obras a Mills estava.
Mas o Brasil estragou tudo, a política econômica não se sustentou e o país entrou na pior crise da sua história
Os investimentos foram paralisados, o Brasil entrava em recessão e a Lava a Jato investigava as grandes empreiteiras, as principais clientes da Mills.
A Mills passou ilesa pela Lava a Jato, mas não pela crise.
Hora da virada
A empresa não podia mais depender de grandes obras e de poucos clientes e a divisão de Formas e Escoramentos não poderia ser mais a sua principal divisão.
Para diversificar a sua receita e reduzir a dependência em setores específicos, a Mills mudou seu foco para a divisão Rental de locação de plataformas elevatórias.
A locação de plataformas e elevadores era um negócio pequeno, mas a Mills é pioneira do segmento no país e sabia do potencial do negócio.
Com um plano definido, a Mills iniciou sua reestruturação em 2015.
O primeiro passo foi a incorporação da Solaris, empresa que dividia a liderança do mercado de locação de plataformas com a Mills.
Agora, como Mills Solaris, a companhia já era líder do mercado de locação de plataformas elevatórias com cerca de 25% de market share.
Os desafios eram grandes em um mercado em amadurecimento, mas a Mills superou a crise e a sua reestruturação começou a dar resultados.
Os frutos da reestruturação
Nos últimos anos, a empresa expandiu sua frota, ganhou escala através de aquisições de locadoras pequenas e médias e com a abertura de filiais em todo o Brasil.
O trabalho de identificação, educação e convencimento para substituir o uso de andaimes e escadas por plataformas é contínuo.
Com uma frota de 9.000 equipamentos e 44 filiais no Rental, a Mills diversificou e impulsionou novamente a sua receita.
A Mills é uma locadora diferente e, após uma bem-sucedida reestruturação, a Mills quer aproveitar todo o mercado em potencial em plataformas.
O mercado potencial no Rental é grande, o aluguel de plataformas ainda não é usual aqui como é em outros países.
Além do trabalho de convencimento, a estratégia da empresa é ganhar escala expandindo a sua frota e ampliando sua atuação geográfica, com novas unidades.
Mas a Mills quer muito mais, quer expandir seu portfólio e já deu o primeiro passo nesse sentido.
A Mills por hora
Em julho deste ano, a Mills adquiriu a empresa Triengel, marcando a entrada no segmento de Linha Amarela (tratores, escavadeiras, carregadeiras, retroescavadeiras etc.).
Um passo importante na estratégia da Nova Mills.
O mercado de Equipamentos Pesados gira em torno de R$ 25 bilhões, 10 vezes maior que o mercado de plataformas, onde a Mills possui 30% de market share atualmente.
Comparada com a Armac (ARML3), com cerca de 7.500 equipamentos, e com a Vamos (VAMO3), com 6.700 equipamentos, a aquisição da Mills é pequena.
Focada no setor agropecuário, a Triengel possui apenas 245 equipamentos que devem dobrar nos próximos meses com os investimentos da Mills.
A aquisição pode parecer pequena, mas é apenas o primeiro passo da Nova Mills.
Tamanho é documento
A empresa quer aproveitar toda a sua experiência, capilaridade e carteira de clientes em sua mais nova divisão de Equipamentos Pesados (linha amarela).
Seja carro, caminhão ou equipamentos, no setor de locação tamanho é documento.
A Mills, que já é líder em plataformas, sabe que o tamanho proporciona vantagens competitivas na aquisição e manutenção de equipamentos.
Apesar do segmento de equipamentos pesados já ter players relevantes, ainda é um mercado pouco maduro e muito fragmentado.
A Mills quer aproveitar suas vantagens competitivas e seu tamanho para entrar nesse mercado e bater de frente com os grandes players.
O M&A da Triengel foi apenas o começo; segundo a companhia, eles já têm cerca de 15 empresas mapeadas e analisadas que podem se transformar em aquisições.
Para essa estratégia arrojada de crescimento, a empresa possui caixa para aquisições e tem espaço no balanço para poder se alavancar, com uma alavancagem de -0,1x Ebitda atualmente.
A visibilidade de crescimento de Mills parece bem interessante, apesar dos riscos.
Risco de execução
O principal risco, como sempre, é o de execução, principalmente com a estratégia de M&A da Mills.
No entanto, pela experiência em operações de M&A e pelo foco em aquisições de empresas menores, o risco é reduzido.
Apesar de ter reduzido a sua dependência em grandes obras, a empresa ainda tem exposição à atividade econômica, por isso um longo período de recessão no país pode impactar seus resultados, mas não parece ser o caso neste momento.
Mas aqui gostamos de aumentar nossa margem de segurança, reduzir os riscos, pagando barato.
O importantíssimo preço
Mills tem visibilidade de resultados crescentes com todo o potencial do mercado de locação de plataformas e agora na linha amarela.
A empresa quer impulsionar seu crescimento e entrar no hall das grandes locadoras da bolsa brasileira.
Além da ótima visibilidade, Mills negocia a preços interessantes.
Estimando um crescimento de cerca de 35% em plataformas e um market share de menos de 1% em 2024 na divisão de equipamentos pesados, MILS3 negocia a 2,7x Ebitda 2024.
Negociando a múltiplos mais baixos que suas principais concorrentes, Vamos (VAMO3), a 13x Ebitda, e Armac (ARML3), a 20x Ebitda, Mills (MILS3) é uma ótima oportunidade.
A Mills é a típica smallcap que tem tudo para ser grande.
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