3 pontos para entender a crise do varejo
Após Lojas Renner (LREN3), Marisa (AMAR3), Tok&Stok e Camicado anunciarem o fechamento de algumas lojas físicas, a Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, fechou a sua loja conceito na rua Oscar Freire, nos Jardins, região nobre de São Paulo.
Americanas, Marisa e Magalu em dificuldade financeira
A Americanas (AMER3), com R$ 48 bilhões em dívidas, foi à recuperação judicial após não ter tido sucesso nas negociações com cerca de 16,3 mil credores.
Pouco depois do rombo contábil da Americanas, foi a vez da varejista Marisa (AMAR3) informar R$ 566 milhões em dívida líquida. Depois do balanço do 1T23, a varejista, que está em processo de reestruturação de dívidas, confirmou que pretende fechar 91 lojas este ano.
E, para piorar o clima, o Magazine Luiza (MGLU3) reportou prejuízo de R$ 391 milhões no 1T23. É o maior prejuízo da varejista desde o IPO (em 2011).
Por que tantas varejistas estão em crise?
A restrição ao crédito por parte dos bancos (o movimento foi antecipado pelo evento Americanas) e a manutenção dos juros elevados pelo Banco Central do Brasil ampliaram as dificuldades para as companhias de varejo.
Listamos três pontos para explicar a crise do varejo no Brasil.
1. Crise de crédito
Com a alta dos juros, inflação elevada, desaceleração da atividade econômica, empresas nacionais e bancos estrangeiros com dificuldades financeiras, é grande o temor de que o Brasil enfrente uma crise de crédito.
Apesar de que ainda não podemos caracterizar uma crise, há, de fato, uma desaceleração no crédito e um aumento na inadimplência reportada pelos bancos.
Os bancos estão segurando as concessões em linhas de maior risco. Uma das linhas mais afetadas é a do risco sacado, utilizado por varejistas para financiar o pagamento a fornecedores, tipo de operação na qual a Americanas revelou inconsistências contábeis.
O volume de dívidas emitidas pelas empresas no mercado de capitais também caiu consideravelmente, o encarecimento no custo dos empréstimos é um dos principais fatores que explicam a retração.
Os altos juros e o elevado nível de alavancagem das varejistas também acarretam maiores despesas financeiras, que pressionam os lucros das empresas e aumentam o risco de uma geração de caixa negativa.
2. Inflação
As restrições no crédito também afetam o poder de compra dos consumidores das varejistas, que já estava pressionado por conta da elevada inflação.
Com a economia patinando, os consumidores postergam as decisões de compra de bens discricionários e as varejistas acabam sofrendo com uma receita negativamente impactada.
O cenário de inflação elevada combinado com o poder de compra reduzido pressiona as margens das empresas, que precisam lidar com custos mais altos em um cenário de baixo poder de repasse de custos.
3. Concorrência
Para completar o pacote, as varejistas ainda estão tendo que lidar com a concorrência de grandes grupos internacionais (Mercado Livre e Amazon) e a concorrência quase que desleal dos grandes grupos chineses (Shein, Shopee, AliExpress).
Com bastante agressividade nos preços e prazos de entregas, Mercado Livre e Amazon são uma pedra no sapato de empresas como Magalu e Americanas. Já as varejistas de moda (Renner, Guararapes, C&A e Marisa) sofrem com a falta de impostos na Shein (governo estuda como taxá-la no momento).
As crises também geram oportunidades
Mas todo o varejo está sofrendo? Não, é claro que não. No setor, a Vivara (VIVA3) apresentou resultados sólidos no 1T23, com crescimento de receita e EBITDA.
Em nossa opinião, Vivara é uma empresa com rentabilidade alta e resiliente, possui um robusto plano de expansão orgânico e provou que consegue continuar crescendo e ganhando market share, mesmo em um cenário adverso.
Negociando a apenas 12x Ebitda, reforçamos nossa recomendação de compra do papel.
No Nord 10X, as principais características que buscamos nos papéis que compõem a carteira são:
— Perspectiva de forte crescimento de resultados no longo prazo;
— Vantagens competitivas que permitem uma rentabilidade superior;
— Riscos mapeados e controláveis;
— Preços (múltiplos) que não façam jus ao potencial de crescimento das empresas.
Nossa carteira está entregando um retorno de +9% em 2023, enquanto o Ibovespa sobe 3% no mesmo período.
Com a perspectiva de queda de juros, a tendência é que a carteira continue subindo mais do que a bolsa, por conta do forte efeito das menores taxas de desconto nos valuations das empresas de crescimento. Saiba mais aqui.