Ação da Americanas (AMER3) cai -33% após prejuízo no 4º trimestre. O que fazer?
Americanas encerrou o 4T24 com prejuízo líquido de R$ 586 milhões; veja as perspectivas para o papel aqui

As ações da Americanas (AMER3) acumulam uma perda de -33% após a divulgação de resultados do quatro trimestre do ano passado, quando a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 586 milhões, revertendo o lucro do 4T23. No entanto, no ano, o papel da varejista sobe +5%.
As ações da Americanas passaram a registrar uma expressiva perda de valor a partir de janeiro de 2023, quando vieram a público escândalo sobre a fraude identificada em demonstrações financeiras anteriores da companhia, inicialmente estimadas em aproximadamente R$ 20 bilhões.
Atualmente, mais de um ano após a fraude das "inconsistências contábeis", as investigações concluíram que a diretoria maquiava os resultados financeiros, sendo que o montante envolvido supera R$ 25 bilhões.
Dadas as dificuldades do ambiente macro e o processo de recuperação judicial da Americanas, bem como os resultados do 4T24, não vemos oportunidades de entrada no papel.
Continue lendo para entender os indicadores mais importantes da companhia, como receita líquida, Ebitda e lucro líquido, e nossas estimativas para AMER3.
Prejuízo de R$ 586 milhões no quarto trimestre de 2024
No quarto trimestre de 2024, a Americanas reportou uma receita líquida de R$ 4,37 bilhões, o que representa uma queda de 4,5% em relação ao mesmo período de 2023. O Ebitda ajustado somou R$ 180 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 1,18 bilhão registrado no 4T23.
Ainda assim, a companhia encerrou o trimestre com prejuízo líquido de R$ 586 milhões, embora tenha havido uma melhora significativa em relação ao prejuízo ajustado do ano anterior, que havia superado R$ 2,2 bilhões, desconsiderando efeitos fiscais extraordinários.

AMER3: varejo físico reage com força
Entre os destaques positivos, está o crescimento de 15% nas vendas “mesmas lojas”, impulsionado pela performance nas campanhas da Black Friday e Natal. Expurgando o efeito da exclusão de itens de maior valor, esse crescimento teria alcançado 20,4%.
Outro avanço relevante foi a melhora no Ebitda ajustado, reflexo da evolução operacional, do controle de custos e da otimização de despesas, especialmente em SG&A, que recuaram 15% no trimestre. A margem bruta do varejo físico também avançou 4 pontos percentuais, refletindo a readequação do mix de produtos, ampliação do sortimento e redução de rupturas.
Por outro lado, a operação digital da Americanas continua sendo um ponto de pressão. O GMV digital caiu 47% no trimestre, afetado pela descontinuidade do segmento 1P, que teve uma forte contribuição no 4T23.
A receita líquida total, por sua vez, foi impactada negativamente pela saída das lojas de conveniência e pela retração digital. Segundo a empresa, ao excluir esses efeitos, a receita teria crescido levemente, 0,6%.
O Ebitda ajustado foi impulsionado por ganhos não recorrentes, como a reversão de passivos contingenciais e reduções de custos ligados à recuperação judicial. Ainda assim, o Ebitda ajustado excluindo os efeitos do IFRS 16 (aluguéis) foi negativo em R$ 58 milhões, mostrando que a rentabilidade ainda enfrenta desafios.
Dívidas reestruturadas aliviam o balanço
Na linha de resultado financeiro, a empresa registrou um prejuízo de R$ 200 milhões no 4T24, influenciado pelas despesas com juros da 22ª emissão de debêntures. No acumulado do ano, no entanto, o resultado financeiro foi fortemente positivo (R$ 12,3 bilhões), devido ao reconhecimento do haircut (desconto) nas dívidas renegociadas no âmbito do plano de recuperação judicial.
Assim, a varejista encerrou o ano de 2024 com uma dívida bruta de R$ 1,8 bilhão, ante R$ 39 bilhões no 4T23. Com uma disponibilidade (caixa) de R$ 2,7 bilhões, a companhia reportou um caixa líquido (mais caixa do que dívida) de R$ 962 milhões.
Um dos marcos do ano foi a reversão do patrimônio líquido, que passou de R$ 28,9 bilhões negativos em 2023 para R$ 5 bilhões positivos ao final de 2024. Esse movimento foi viabilizado pelo aumento de capital de R$ 24,5 bilhões, somado à reversão de encargos e atualização monetária das dívidas concursais.
O que esperar da Americanas em 2025?
A companhia segue focada em sua reestruturação. O processo de venda da Ame Digital está em andamento, e as operações continuam sendo ajustadas para buscar mais rentabilidade e eficiência.
Ainda não há guidance divulgado para 2025 nem informações sobre distribuição de dividendos ou juros sobre capital próprio. No entanto, a companhia enfatizou que pretende fortalecer o mix de produtos essenciais, elevar o ticket médio e transformar suas lojas em um marketplace físico, integrando sellers ao ambiente das unidades.
O resultado do 4T24 e 2024 mostram avanços, especialmente no varejo físico, com aumento de margens e maior controle de despesas. Porém, o prejuízo líquido persistente, enfraquecimento do canal digital e uma estrutura de capital ainda delicada indicam que o caminho será longo e desafiador para a companhia encerrar a recuperação judicial.

