5 ações do Ibovespa que mais subiram e caíram no 1º semestre de 2024

Saiba o que fazer com as ações que mais subiram e caíram no primeiro semestre de 2024

Hugo Cabral 01/07/2024 10:21 10 min Atualizado em: 02/07/2024 08:21
5 ações do Ibovespa que mais subiram e caíram no 1º semestre de 2024

O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o primeiro semestre de 2024 em tendência negativa, revertendo o que foi visto no final do ano passado. A bolsa brasileira acumula queda de -7,66% no ano, pressionada pelo aumento da percepção de risco fiscal no Brasil.

 Fonte: Neofeed

As contas públicas apresentaram um déficit primário de R$ 63,9 bilhões em maio, de acordo com dados do Banco Central divulgados na última sexta-feira, 28, um aumento de +27,4% sobre maio do ano passado.

Além disso, as incertezas quanto ao início de um possível ciclo de cortes nos juros nos EUA contribuíram para a nossa bolsa patinar. Enquanto o dólar é negociado nas máximas em mais de dois anos, em R$ 5,59.

O destaque do semestre foram as ações de frigoríficos. A BRF (BRFS3) registrou valorização de +64,2%, superando a alta da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3), que avançou +61,5% no período. 

Veja a seguir o ranking das 5 maiores altas e baixas do Ibovespa no primeiro semestre.

As 5 ações que mais subiram no ano

EmpresaTickerVar. (%)
BRFBRFS3+64,2%
EmbraerEMBR3+61,5%
JBSJBSS3+29,6%
MarfrigMRFG3+27,4%
CieloCIEL3+25,4%

Fonte: Bloomberg

Das 86 ações que compõem o IBOV, apenas 19 registraram uma alta no período, enquanto as outras 67 fecharam em baixa. 

O agronegócio (inclui os frigoríficos) liderou as altas do Ibovespa, com três empresas do setor participando do ranking das cinco maiores altas do primeiro semestre. 

1. BRF (BRFS3) +64,2%

Liderando o ranking das ações que mais subiram no primeiro semestre, a valorização da BRF pode ser explicada por uma combinação de fatores macroeconômicos, estratégicos e financeiros. 

A valorização de mais de +15% do dólar frente ao real beneficiou os frigoríficos exportadores, enquanto melhores preços do frango e a queda no preço do milho impulsionaram os resultados no 1T24. 

Esses fatores ajudaram na recuperação de margens e a desalavancagem das empresas de proteína animal, especialmente nas operações de aves e suínos, refletindo uma melhora geral nesse mercado. 

A BRF, sob controle da Marfrig (MRFG3), apresentou melhorias significativas na administração e reportou um lucro líquido de R$ 594 milhões, revertendo um prejuízo de R$ -1 bilhão no 1T23, com uma margem Ebitda recorde de 16% para um primeiro trimestre. 

Todos esses elementos, junto à diversificação geográfica e de proteínas da BRF, mitigaram os desafios no mercado de carne bovina nos EUA e contribuíram para que os papéis da companhia liderassem as maiores altas no período.

Apesar das melhores perspectivas, com as ações negociando a 10x Ebitda, não vemos grandes oportunidades em BRFS3 no momento.

2. Embraer (EMBR3) +61,5%

A Embraer é mais uma empresa que se beneficia da alta do dólar, com mais de 90% das vendas realizadas nessa moeda. 

Além disso, o volume de pedidos no primeiro semestre é o maior em oito anos, abrangendo todas as áreas de atuação. Só a American Airlines encomendou 90 aeronaves comerciais para entrega ao longo da década, com a opção de comprar mais 43.

Com um futuro promissor para o setor, com cerca de 12 anos de produção garantida, o maior nível da história, a empresa brasileira se destaca como alternativa ao duopólio Airbus-Boeing, especialmente após o lançamento do E195-E2, capaz de operar em rotas de até 6 horas e atender à demanda por aviões de menor porte.

Diante da maior demanda histórica, a Embraer se destaca por sua alta capacidade de produção. A empresa consegue entregar cerca de 20 aviões a mais por ano, apenas dois anos após o pedido, enquanto Airbus e Boeing demorariam pelo menos cinco anos para a mesma entrega.

Apesar da queda de -5,4% no último pregão do semestre, EMBR3 foi mais uma a fechar o período em alta de mais de +60%. Negociando a 20x lucros e 11x Ebitda (acima das médias históricas da bolsa brasileira), não recomendamos comprar suas ações.

3. JBS (JBSS3) +29,6%

A JBS, maior empresa de proteína animal do mundo, foi mais uma das companhias que se beneficiaram dos fatores macroeconômicos que impactaram todos os frigoríficos da Bolsa, além da melhoria de outros processos internos da exportadora.

No 1T24, a empresa superou as expectativas do mercado ao reverter um prejuízo de R$ -1,4 bilhão para um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão. Quase todas as suas unidades de negócio apresentaram resultados positivos, exceto pela divisão nos EUA, que ainda enfrenta um ciclo desfavorável no mercado de gado local.

Além disso, a perspectiva de uma aceleração no processo de desalavancagem, conforme indicado pela administração, também ajudou a animar o mercado. Contudo, com as altas, as ações passaram a negociar a 8x Ebitda, afastando o nosso interesse nas mesmas. 

4. Marfrig (MRFG3) +27,4%

Aproveitando a euforia das ações de frigoríficos, a Marfrig foi mais uma que se destacou no primeiro semestre na Bolsa brasileira. 

Mas, com a divulgação dos resultados do 1T24 em linha com o esperado pelo mercado, os papéis da Marfrig acompanharam, sobretudo, a performance da BRF nesse último semestre, tendo em vista que é a maior acionista da companhia (detém 50,5% das ações).

Exposta ao mercado norte-americano, o ciclo do gado no país tem sido o principal fator que vem pressionando os resultados de seu braço nos EUA. Mesmo que possua margens melhores que seus pares americanos, vemos o cenário no país como um fator que seguirá pressionando os resultados da Marfrig no curto e médio prazos. 

Sendo assim, também negociando a múltiplos em linha com a média histórica da Bolsa brasileira (assim como a JBS), MRFG3 é mais uma que, por ora, não vemos oportunidade. 

5. Cielo (CIEL3) +25,4%

Com múltiplos baixos e a possibilidade de pagar mais dividendos ou distribuir recursos por meio de recompra de ações, as ações da Cielo apresentaram forte alta no início do ano. 

Entretanto, o principal fator que impulsionou os papéis da companhia foi a divulgação da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) no dia 5 de fevereiro deste ano, oferecendo um preço de R$ 5,35 por ação. 

O objetivo da OPA é adquirir todas as ações da Cielo em circulação e cancelar a listagem na Bolsa brasileira. Após diversos embates, o preço oferecido inicialmente pela OPA foi elevado para R$ 5,60, valor próximo ao que as ações da empresa negociam atualmente.

O preço até poderá ser corrigido pelo CDI até o final da transação, mas nada que justificaria a manutenção ou até uma compra de CIEL3 no momento. 

As 5 ações que mais caíram no ano

EmpresasTickerVar. (%)
AzulAZUL4-54,2%
YduqsYDUQ3-52,7% 
CognaCOGN3-49,3%
CVCCVCB3-44,0%
Magazine LuizaMGLU3-43,9%

Fonte: Bloomberg

Na outra ponta do Ibovespa, as ações do setor aéreo, educação e varejo lideraram as baixas. A Azul (AZUL4) ficou com o pior desempenho do primeiro semestre com queda de -54,2%.

As ações que tiveram as maiores quedas no primeiro semestre de 2024 compartilham uma característica em comum: são empresas vulneráveis às variações das taxas de juros e dependentes do mercado interno.

1. Azul (AZUL4) -54,2%

As ações da Azul registraram a maior queda do Ibovespa no primeiro semestre, impactadas, principalmente, pelas altas do dólar, mas também pela pressão de juros e inflação no país.

Esse declínio é atribuído principalmente às flutuações cambiais, uma vez que a empresa possui um passivo quase totalmente dolarizado. Além disso, outro fator fundamental que pressiona os resultados da companhia é o preço do petróleo (também em dólar).

No início do ano, o preço do petróleo subiu em função de tensões geopolíticas e acumula alta de mais de +12% em 2024. Assim, o custo do querosene de aviação (derivado do petróleo) vem impactando significativamente suas finanças.

Mesmo com as quedas das ações da Azul no ano e considerando o refinanciamento recente de suas dívidas, o modelo de negócio da empresa (receitas em real e custos em dólar) e a sua estrutura de capital mantém nosso interesse por AZUL4 (bem) distante. 

2. Yduqs (YDUQ3) -52,7%

O setor educacional está sofrendo com os juros altos, a diminuição das matrículas em razão da desaceleração econômica e das alterações na política de financiamento estudantil. Além disso, o aumento da concorrência reduziu ainda mais as margens dessas empresas.

Após divulgar resultados em linha com as expectativas do mercado, as ações da Yduqs seguem em tendência de queda em 2024. Vale lembrar que, em 2023, os papéis da companhia subiram mais de +100%, mas, no ano atual, caem mais de -50%.

As ações até apresentaram uma certa recuperação com a divulgação de projeções para os próximos anos, mas, devido à pressão de novas definições sobre o Mais Médicos e o Ensino a Distância (EAD), terminaram o semestre amargando fortes baixas. 

Apesar de múltiplos baixos (pouco mais de 4x Ebitda), a dependência macroeconômica é um grande fator a ser levado em consideração. Dessa forma, não recomendamos compra para YDUQ3.

3. Cogna (COGN3) -49,3%

Além dos fatores macroeconômicos que estão impactando as empresas de educação, já mencionados acima, a Cogna também apresentou resultados fracos no primeiro trimestre deste ano.

A empresa, dona da Kroton, Somos e Saber, reverteu um lucro líquido de R$ 50,5 milhões no 1T23 para um prejuízo de R$ -8,5 milhões no período. 

Esse resultado foi afetado por despesas decorrentes de uma transação com o Grupo Eleva, que possuía quatro escolas com pagamentos previstos contratualmente após a compra, inclusive com um sendo feito no 1T24.

Assim como YDUQ3, não vemos oportunidades em COGN3.

4. CVC (CVCB3) -44,0%

Como as companhias aéreas, a CVC e suas ações são extremamente sensíveis ao câmbio, ao preço do combustível e ao cenário macroeconômico, pois esses fatores influenciam diretamente os preços dos pacotes de viagem e o acesso a eles.

E apesar de uma redução de -73% no prejuízo líquido no 1T24, isso não foi suficiente para estabilizar os papéis da companhia. No período, a empresa reportou um resultado negativo de R$ -34 milhões, comparado aos R$ -128 milhões do mesmo período em 2023.

Mesmo que suas ações custem menos de R$ 2 após as fortes quedas no primeiro semestre, isso não quer dizer que existe uma oportunidade em CVCB3, ainda mais negociando a mais de 10x Ebitda.

5. Magazine Luiza (MGLU3) -43,9%

O Magalu é uma varejista que vem sofrendo com o risco fiscal ainda pressionando as altas taxas de juros, não permitindo uma recuperação do setor e de suas ações.

O que evitou uma queda ainda maior no semestre foi a notícia de que o Magazine Luiza e o AliExpress anunciaram a celebração de um acordo estratégico que vai promover uma integração parcial dos dois marketplaces. No dia, os papéis da varejista subiram mais de +12%.

Após uma leve recuperação no final do último ano, MGLU3 voltou para sua trajetória de baixa, que já dura mais de três anos e acumula desvalorização de mais de -95%.

Olhando para os números projetados, a companhia negocia a cerca de 6x Ebitda para o final deste ano, o que não consideramos como caro, mas é um “desconto” insuficiente para compensar os riscos internos e externos e justificar uma compra no momento. 

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Como vimos acima, não enxergamos nenhuma das 10 empresas mencionadas como oportunidades de compra neste momento. 

Mesmo que o Ibovespa e outros índices estejam negociando a múltiplos baixos em geral (cerca de 50% distantes de suas médias históricas), os cenários internos e externos ainda são incertos, o que nos obriga a ser mais diligentes em nossas escolhas.

No entanto, percebemos grandes oportunidades em empresas de crescimento e com baixo valor de mercado, que continuam tendo bons resultados no presente e grande visibilidade futura. 

Apesar dos solavancos recentes de curto prazo, uma alocação diversificada em ativos brasileiros pode proporcionar lucros exponenciais nos próximos anos.

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Em 2024, enquanto o SMLL opera em queda de -14,86% (juros altos são péssimos para as small caps), nossa carteira cai apenas -1,66%

Ou seja, conseguimos entregar uma forte resiliência no curto prazo e, ao que tudo indica, esse é só o começo de um caminho que tem tudo para ser altamente rentável no longo prazo. E você pode fazer parte disso!

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