Ações da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) decolam após acordo com governo

Acordos entre Azul, Gol e o governo brasileiro aliviam dívidas bilionárias das companhias aéreas. Entenda os impactos no setor e na economia

Danielle Lopes 07/01/2025 09:27 5 min
Ações da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) decolam após acordo com governo

As companhias aéreas  Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) alcançaram um marco significativo ao firmarem acordos com o governo brasileiro que reduziram suas dívidas fiscais e previdenciárias em aproximadamente R$ 5,8 bilhões. 

A medida, oficializada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), reflete a estratégia do governo em equilibrar a recuperação de créditos com o estímulo a setores estratégicos como o de aviação, vital para o turismo e a mobilidade no país. 

Os acordos, celebrados no final de 2024, foram bem recebidos pelo mercado e impulsionaram as ações das companhias na bolsa de valores.

Como ficou o acordo das aéreas?

Os acordos de renegociação de dívidas da Azul e da Gol representam uma tentativa de equilíbrio entre a recuperação de créditos públicos e o suporte a um setor essencial para a economia brasileira. Os acordos ficaram da seguinte forma:

Azul Linhas Aéreas

  • Valor renegociado: a dívida total de R$ 2,9 bilhões foi reduzida em R$ 1,8 bilhão.
  • Estratégias de redução: a Azul utilizou conversão de depósitos judiciais, créditos fiscais e renegociações de juros e multas.
  • Prazo de pagamento: o saldo remanescente de R$ 1,1 bilhão será quitado em 60 meses (dívidas previdenciárias) e 120 meses (outros débitos).
  • Garantias: a empresa ofereceu ativos como slots aeroportuários, espaços publicitários em aeronaves e contratos vigentes com órgãos públicos para assegurar o cumprimento do acordo.

Gol Linhas Aéreas

  • Valor renegociado: dos R$ 5 bilhões em passivos, o valor foi reduzido para R$ 880 milhões.
  • Termos do acordo: a Gol parcelará o valor em até 120 meses. Parte do montante foi abatida por meio de prejuízos fiscais e outros mecanismos legais.

Esses acordos integram as chamadas transações tributárias, uma política pública que busca recuperar dívidas difíceis de serem liquidadas, oferecendo condições atrativas para as empresas quitarem os valores.

Setor aéreo

O setor aéreo é um dos mais sensíveis a crises econômicas, como as desencadeadas pela pandemia de COVID-19 e as oscilações cambiais. Nos últimos anos, Azul e Gol enfrentaram desafios como queda na demanda, alta dos combustíveis e endividamento crescente. 

A renegociação trouxe alívio financeiro imediato às companhias e foi percebida positivamente pelo mercado. No dia do anúncio:

  • Azul (AZUL4): ações subiram mais de +14%, cotadas a R$ 4,28.
  • Gol (GOLL4): ações valorizaram +13,77%, alcançando R$ 1,57.

A recuperação das ações reflete o otimismo dos investidores quanto à estabilidade financeira das empresas no curto e médio prazo.

Benefícios do acordo para o setor aéreo e a economia

  • Fomento ao turismo: o setor aéreo é fundamental para o turismo nacional e internacional, facilitando o deslocamento de milhões de pessoas e estimulando economias locais. A manutenção das operações da Azul e da Gol preserva a conectividade entre regiões e fortalece destinos turísticos.
  • Preservação de empregos: ambas as companhias empregam diretamente milhares de profissionais, além de movimentarem cadeias de fornecedores e serviços relacionados, como aeroportos, empresas de manutenção e catering.
  • Recuperação de créditos: segundo a PGFN, os acordos de renegociação tributária contribuíram para a recuperação de R$ 30 bilhões em créditos fiscais em 2024, um recorde para a instituição.
  • Estabilidade setorial: a renegociação sinaliza um esforço conjunto do governo e das empresas para fortalecer o setor aéreo, fundamental para a economia brasileira. O acesso ao crédito público por meio do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) também reforça o suporte ao segmento.

Desafios do setor aéreo

Embora a renegociação traga alívio imediato, os desafios não desapareceram.

  • Alto endividamento: a Gol reportou uma dívida líquida de R$ 31 bilhões em novembro de 2024, enquanto a Azul enfrentou prejuízo líquido de R$ 203,1 milhões no terceiro trimestre do mesmo ano.
  • Recuperação judicial: a Gol ainda depende de sua reestruturação nos Estados Unidos, enquanto a Azul segue negociando troca de dívidas com vencimentos futuros.
  • Dependência do mercado: a sustentabilidade das empresas depende de um aumento consistente na demanda por voos, impulsionado pela recuperação econômica.

Renúncia fiscal

O governo também abriu mão de parte da arrecadação tributária em prol do fortalecimento do setor. Em 2024, as renúncias fiscais somaram:

  • Latam: R$ 2,6 bilhões.
  • Azul: R$ 774 milhões.
  • Gol: R$ 113 milhões.

Essa política, apesar de criticada por alguns setores, é considerada estratégica para garantir a competitividade das companhias brasileiras frente a concorrentes internacionais, mas abre espaço para discussões sobre o déficit orçamentário.

Fusão da Azul com a Gol

Em março de 2024, a Azul fez um pedido de estudo para o Citigroup e o Guggenheim para uma possível compra da Gol. Desde então, os rumores sobre a negociação circulam entre os investidores. Desde então, as negociações seguem congeladas até a regularização do balanço de ambas as companhias.

Vale a pena investir em GOLL4 ou AZUL4 hoje?

Embora o mercado tenha reagido positivamente, especialistas alertam para a necessidade de monitorar o cumprimento das condições do acordo e os resultados operacionais das companhias nos próximos trimestres. A sustentabilidade da recuperação dependerá de uma combinação de gestão eficiente e retomada econômica.

Se você está considerando investir no setor aéreo, essa movimentação é um marco importante, mas é essencial realizar uma análise criteriosa antes de qualquer decisão. No momento, não temos recomendação de compra para nenhuma aérea da bolsa.

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