Ações do agronegócio para investir em 2023: TTEN3 e BEEF3 estão entre as melhores

3tentos e Minerva estão entre as principais ações do agronegócio listadas na B3. Os papéis que apresentam as melhores condições de ganhos para este ano e no longo prazo.

Victor Bueno 15/05/2023 12:00 8 min Atualizado em: 17/07/2023 13:07
Ações do agronegócio para investir em 2023: TTEN3 e BEEF3 estão entre as melhores

O agronegócio é, de longe, um dos setores mais importantes para o Brasil, sendo responsável por cerca de ¼ do PIB do país.

Participação do agronegócio no PIB do Brasil representou 24,8% em 2022
Participação do Agronegócio no PIB do Brasil. Fonte: Cepea

O setor envolve uma cadeia que engloba atividades como produção agrícola (incluindo a pecuária), comercialização de insumos (defensivos, fertilizantes etc.), desenvolvimento de maquinários e industrialização dos campos, entre outras.

O ano de 2023 tende a ser muito positivo para o agro brasileiro, com boas perspectivas de uma safra agrícola recorde e um ciclo positivo do gado no país, com maior disponibilidade para o abate. A expectativa é que o PIB do setor cresça cerca de +10% neste ano.

Como investir no agronegócio?

Com um enorme leque de possibilidades e oportunidades, muitos investidores buscam alocar parte de sua carteira no agronegócio.

Para isso, existem algumas formas de investimento disponíveis tanto na renda fixa quanto na renda variável.

Começando pela renda fixa, os principais instrumentos ligados ao agro são os CRAs (certificados de recebíveis do agronegócio) e as LCAs (letras de crédito do agronegócio), que são títulos destinados à captação de recursos a serem aplicados em atividades rurais.

Como são investimentos que financiam o crescimento e desenvolvimento de um dos principais setores da nossa economia, o governo oferece um grande benefício para seus investidores: a isenção de imposto de renda sobre os ganhos na operação.

Fugindo um pouco da renda fixa, ainda temos os Fiagros, fundos de investimento criados em 2021 e que são habilitados a investir em (i) direitos creditórios do agronegócio; (ii) participações em empresas do setor ou (iii) propriedades imobiliárias rurais.

Porém, um dos investimentos mais buscados nesse mercado está localizado na bolsa de valores (B3), onde encontramos ações de empresas do agro que atendem tanto os investidores que procuram valorização de seus papéis como aqueles que buscam bons dividendos.

O agronegócio na bolsa de valores

Devido à importância do setor, muitas empresas do agronegócio brasileiro decidiram entrar na bolsa de valores como forma de impulsionar ainda mais seus crescimentos individuais.

Atualmente, existem dezenas de companhias do agro listadas na B3, de diferentes segmentos de atuação (frigorífico, agroenergia, agroquímico, trading e comércio, entre outros), objetivos e valores de mercado.

Somadas, as dez maiores empresas do agronegócio listadas na bolsa brasileira possuem um valor de mercado de mais de R$ 150 bilhões — número semelhante ao de grandes bancos no país (como Bradesco e BB) e praticamente metade do que a Petrobras vale atualmente.

O valor de mercado das 10 maiores empresas do agronegócio brasileiro. Em primeiro lugar, por valor de mercado, JBS e Raízen em segundo.
Ranking das 10 maiores empresas brasileiras do agronegócio listadas. Fonte: Bloomberg

Top 4 ações do agronegócio para 2023

Ainda que seja essencial para o desenvolvimento do país, o agronegócio é composto por empresas boas e outras nem tanto. Ou seja, não é porque o setor é bom que todas as companhias atreladas a ele se configuram como bons investimentos.

Caso você, que está lendo este artigo, seja um dos investidores que busca entrar ou expandir sua posição no agronegócio, eu listei abaixo as quatro empresas do setor que considero como as mais promissoras não somente para 2023 como também para o longo prazo.

1. 3Tentos (TTENT3)

Fundada em 1995, a 3tentos é uma empresa familiar que atua fornecendo soluções e suporte ao agronegócio.

Inicialmente, a companhia surgiu como produtora de sementes e, ao longo dos anos, foi verticalizando a sua cadeia produtiva de modo a incorporar novas soluções e atividades que complementam o ciclo produtivo e industrial.

Assim, tornou-se uma empresa verticalmente integrada no setor com atuação em cerca de 57 filiais, três parques industriais, além de um centro de pesquisa tecnológico e unidades para beneficiamento de sementes e mistura de fertilizantes.

A 3tentos possui um completo ecossistema com três principais frentes de atuação: (i) varejo (venda de insumos agrícolas e fertilizantes); (ii) grãos (venda para clientes finais ou tradings) e (iii) indústria (fabricação de produtos como farelo de soja e biodiesel).

As frentes de atuação da 3Tentos dividem-se em varejo, grãos e indústria
Ecossistema da 3tentos. Fonte: 3tentos

Seu portfólio diversificado vem permitindo a ela entregar resultados crescentes e resilientes nos últimos trimestres, mesmo em cenários desafiadores, como a forte estiagem registrada no sul do país no início de 2022.

Em 2023, porém, a tendência é que a 3tentos entregue números ainda melhores para seus acionistas, com a expansão e maturação de suas lojas e o início das operações de sua nova fábrica no MT, além de se beneficiar de uma safra agrícola recorde no país no ano.

Com um forte plano de crescimento desenhado em seu IPO (2021) visando dobrar de tamanho nos próximos anos, a 3tentos é uma das empresas do agro de maior visibilidade de crescimento dentro da bolsa brasileira.

No último ano, suas ações já se valorizaram +29% contra uma performance estável do Ibovespa e uma desvalorização de -14% do índice do agronegócio. Ainda assim, TTEN3 negocia a apenas 9x Ebitda, o que é um múltiplo baixo tendo em vista seu potencial.

Desde maio de 2022, as ações da TTEN3 valorizaram 29%
Cotação de TTEN3, IBOV e IAGRO. Fonte: Bloomberg

2. Minerva (BEEF3)

A Minerva é uma empresa que atua, principalmente, na produção e comercialização de carne in natura, com maior foco em bovinos, mas com exposição em operações com outros animais, como ovinos.

A companhia opera 32 unidades industriais, entre plantas de processamento de proteína e plantas de abate e desossa. Um dos grandes valores da Minerva está em sua distribuição geográfica, já que as unidades estão espalhadas pela América do Sul e, agora, na Austrália.

O frigorífico é, inclusive, o maior exportador de carne in natura da América do Sul, com cerca de 20% de market share atualmente. Cerca de ⅔ do resultado da empresa é proveniente de exportações (alta concentração de receita dolarizada) e, o restante, oriundo do mercado doméstico.

Distribuição geográfica das operações e market share na América do Sul
Distribuição geográfica das operações e market share na América do Sul. Fonte: Minerva

Abrindo as receitas de exportação, o principal destino dos produtos da Minerva é o mercado asiático — em especial, a China. Nos últimos 20 anos, a demanda na Ásia por carne bovina cresceu cerca de +72%, abrindo grandes oportunidades para os frigoríficos brasileiros.

Ainda que os últimos anos tenham sido marcados por paralisações nas exportações para a China devido a fatores como a política de Covid zero no país e alguns casos de vaca louca no Brasil, o mercado segue como um dos principais vetores de crescimento da Minerva.

Em 2023, a empresa poderá se beneficiar de uma retomada mais acelerada na demanda asiática após a pandemia e da forte restrição na oferta de carne bovina nos EUA (um dos principais exportadores mundiais) devido ao cenário climático altamente desfavorável.

A Minerva ainda está vendo seus custos diminuírem com o ciclo positivo do gado no Brasil (maior disponibilidade para o abate) e também está realizando movimentos inorgânicos, como a aquisição da empresa australiana de ovinos ALC e do frigorífico uruguaio BPU.

Negociando a menos de 5x Ebitda e com bons pagamentos de dividendos aos seus acionistas (a empresa paga cerca de 50% de seu lucro em proventos), BEEF3 é mais uma oportunidade no setor do agronegócio — ainda mais após as quedas recentes.

As ações da Minerva caíram 14% desde maio de 2022
Cotação de BEEF3, IBOV e IAGRO. Fonte: Bloomberg

Vale destacar que ambas as empresas (3tentos e Minerva) estão na carteira recomendada no Nord Small Caps e existem algumas outras no setor que estão em meu radar e que podem entrar em breve.

3. Schulz (SHUL4)

Fundada em Santa Catarina, há 60 anos, como uma metalúrgica que fabricava utensílios domésticos e agrícolas, a Schulz é atualmente a maior fabricante de compressores de ar da América Latina e a maior fundição com usinagem e pintura integradas de seu segmento de atuação.

A empresa atua em duas divisões de negócios, compressores e automotiva. Em compressores, atende tanto a indústria quanto consumidores finais, com produtos distribuídos em mais de 70 países.

Já na divisão automotiva, atua no mercado de veículos comerciais pesados, máquinas agrícolas e equipamentos de construção, fornecendo peças para motores, transmissões e freios.

A Schulz é um case pouco acompanhado — ignorado, na verdade — pelo mercado, mas que sempre evoluiu de forma consistente. No 1T23, a companhia entregou um crescimento de +11% na receita, +40% no Ebitda e  +99% no lucro.

A excelente geração de caixa contribuiu para a queda da alavancagem da companhia, apenas 0,2x.

Fonte: Bloomberg

Negociando a 5x Ebitda, reiteramos compra para as ações da Schulz (SHUL4).

4. Kepler Weber (KEPL3)

Por último, mas não menos importante, a Kepler Weber é uma das principais posições da carteira do Nord Deep Value, gerida pelo analista Fabiano Vaz, que, inclusive, esteve visitando uma das plantas da empresa no MS recentemente.

A Kepler é uma empresa especialista em soluções para armazenagem e pós-colheita, sendo líder na América do Sul. Com foco no agronegócio, a companhia produz silos metálicos, secadores, máquinas de limpeza de grãos, entre outros produtos.

Ecossistema da Kepler divide-se em originação, logística, transformação e digital
Ecossistema da Kepler. Fonte: Kepler Weber

A tese em torno de Kepler começa pelo fato de que o Brasil possui uma capacidade de armazenamento de apenas 14%, bem menor que outras potências do setor, como Canadá e Estados Unidos, que estão na faixa de 85% e 65%, respectivamente.

O déficit de armazenagem é grande no país, e a Kepler quer mudar isso. A armazenagem de granéis não é imprescindível, mas proporciona aos agricultores e cooperativas grande aumento na rentabilidade e flexibilidade na comercialização das suas culturas.

Mesmo que possua cerca de 40% de market share em seu setor no Brasil e seja o principal player da América Latina, a Kepler quer continuar crescendo e expandindo suas fontes de receita para construir um ecossistema sólido e diversificado.

Além do potencial de seu principal negócio, a companhia ainda quer aumentar suas receitas recorrentes vendendo serviços e soluções digitais para toda a cadeia do agronegócio, passando por logística, transformação na agricultura e exportações.

Apesar dos riscos, principalmente ligados à sua exposição ao mercado de commodities (convive com ciclos positivos e negativos), a Kepler vem buscando reduzir cada vez mais sua dependência setorial e se tornar uma empresa resiliente.

As ações da companhia até chegaram a apresentar um bom desempenho no ano passado, mas vêm sendo bastante impactadas em 2023. Negociando a míseros 2,5x Ebitda, KEPL3 não poderia ficar de fora desta lista de oportunidades.

 As ações da Kepler caíram 8% desde maio de 2022
Cotação de KEPL3, IBOV e IAGRO. Fonte: Bloomberg

Os investimentos em agronegócio no Brasil não param de crescer. É essencial começar a investir no setor mais representativo e resiliente da economia brasileira.


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