Ações de frigoríficos disparam com recorde nas exportações de carne

Em 2024, o Brasil registrou volumes recordes na exportação de carne bovina e de frango, fortalecendo sua liderança no mercado global.

Fabiano Vaz 09/01/2025 14:02 4 min Atualizado em: 09/01/2025 15:05
Ações de frigoríficos disparam com recorde nas exportações de carne

Em 2024, o Brasil alcançou recordes históricos nas exportações de carne bovina e de frango, consolidando sua posição de liderança no mercado global, com embarque total de 8,2 milhões de toneladas.

Dessa quantia, a carne vermelha corresponde a 2,9 milhões de toneladas, um aumento de 26% em relação a 2023, enquanto as exportações de carne de frango atingiram o recorde de 5,3 milhões de toneladas.

As ações das principais empresas frigoríficas brasileiras também registraram desempenhos notáveis ao longo do ano. A seguir, apresentamos uma análise detalhada desses resultados e perspectivas para 2025.

Recorde nas exportações de carne bovina em 2024

O Brasil exportou 2,9 milhões de toneladas de carne bovina em 2024, representando um aumento de 26% em relação a 2023. Essa expansão gerou uma receita de US$ 12,8 bilhões, consolidando o país como líder global no setor. A China foi o principal destino, adquirindo 1,33 milhão de toneladas, o equivalente a US$ 6 bilhões. 

Para se ter uma ideia da nossa relevância entre janeiro e novembro do ano passado, 60% das importações de carne bovina pela China foram do Brasil.

 Fonte: The AgriBiz

Crescimento nas exportações de carne de frango

As exportações de carne de frango também atingiram patamares históricos, totalizando 5,3 milhões de toneladas em 2024, um incremento de 3% em comparação ao ano anterior. A receita alcançou US$ 9,928 bilhões, consolidando o Brasil como um dos principais fornecedores globais dessa proteína. 

Quem é o maior consumidor de carne do Brasil?

A China lidera como principal destino da carne bovina (1,3 milhão de toneladas) e também da carne de frango (562 mil toneladas). No total, o país é responsável por quase 25% das exportações de carne brasileira. Em seguida, aparecem os Estados Unidos e os Emirados Árabes.

Por que frigorífico foi o setor campeão da Bolsa em 2024?

Além da contribuição da alta do dólar ao longo de 2024, que contribui para as receitas das exportadoras, o spread (diferença entre preço do gado e da carne in natura) favorável também auxiliou no crescimento dos resultados da Minerva, JBS e Marfrig.

O spread favorável é reflexo do ciclo positivo do gado no Brasil (maior disponibilidade e menores preços do animal) e os preços mais elevados da carne in natura.

 Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, CEPEA/ESALQ e Minerva. Elaboração: Nord Research

Já para a carne de frango e suína, a demanda aquecida sustentou os preços mais elevados, colaborando para os resultados da BRF, JBS e Marfrig (controladora da BRF).

Desempenho das ações dos frigoríficos em 2024

As ações das principais empresas frigoríficas brasileiras apresentaram desempenhos expressivos em 2024:

  • JBS (JBSS3): valorização de 58,2% no ano.
  • BRF (BRFS3): alta de 88,7%.
  • Marfrig (MRFG3): crescimento de 104,8%.
  • Minerva (BEEF3): queda de 31,8%.

Além do cenário favorável para os frigoríficos, também tivemos fatores do lado dos fundamentos das empresas, que refletiram no desempenho das ações.

A JBS vem apresentando avanços operacionais e na redução da sua alavancagem. A BRF, por sua vez, passou por uma reestruturação recente, focando em seu negócio principal, aumentando sua rentabilidade e reduzindo o endividamento.

Já a Marfrig, além de capturar os melhores resultados da sua controlada BRF, concluiu a venda de 16 plantas para a Minerva auxiliando na redução da sua alavancagem.

A Minerva foi a única queda do setor. Apesar dos resultados sólidos, o maior endividamento, com a aquisição das plantas da Marfrig, e a alta dos juros no período refletiram no desempenho negativo das suas ações.

Perspectivas para 2025

No início de 2025 até 8 de janeiro, as ações da JBS e BRF registraram queda de 1,8% e 8,3% respectivamente. 

O mercado segue otimista quanto ao desempenho das empresas frigoríficas em 2025, embora ressaltem a necessidade de cautela.   

Fatores como a continuidade da demanda internacional (especialmente da China) e o ciclo pecuário nos EUA devem ser monitorados.

Outro fator importante que está no nosso radar é a reversão do ciclo do gado no Brasil, que provavelmente deve ocorrer em 2026.

Além disso, é importante sempre considerar as variações cambiais e eventos sanitários, que podem impactar o setor.

A ação de frigorífico para aproveitar o dólar acima de R$ 6

Apesar da nossa preferência pela Minerva (BEEF3) no setor, devido a sua liderança no mercado chines, que possui um grande potencial, e a sua operação diversificada na América Latina, nossa recomendação atual é de manutenção da posição.

Essa postura se deve às incertezas que ainda temos sobre a capacidade operacional e de geração de caixa das plantas adquiridas, e consequentemente da sua alavancagem.

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