Ações de bancos para comprar agora: ITUB4 ou BBDC4?

Itaú e Bradesco divulgaram os resultados do 2º tri; veja a nossa preferência no setor

Danielle Lopes 09/08/2023 09:47 4 min Atualizado em: 10/08/2023 10:47
Ações de bancos para comprar agora: ITUB4 ou BBDC4?

Os grandes bancos voltaram ao octógono para a temporada de resultados do segundo trimestre, com nocaute técnico do Itaú (ITUB4) sobre o Bradesco (BBDC4).

Os resultados do Bradesco mostram um banco com dificuldades para crescer e rentabilizar sua carteira de crédito, enquanto o Itaú fez uma defesa de cinturão bem-sucedida com controle da inadimplência — mostrando resiliência num cenário macro desafiador.

Itaú x Bradesco: destaques do 2T23

No primeiro round, o banco dos Setúbal, Villela e Moreira Salles entregou um lucro líquido de R$ 8,7 bilhões no 2T23, avanço de +14% na comparação anual. Já o Bradesco reportou lucro de R$ 4,5 bilhões, queda de -36% em relação ao mesmo período no ano anterior.

No segundo round, a rentabilidade mensurada pelo ROE (rentabilidade para o acionista), Itaú apresentou retorno recorrente gerencial sobre o patrimônio líquido médio de 20,9% (+0,1 pp acima do 2T22) e o Bradesco apresentou ROE de 11,1%, -7pp em relação ao trimestre de 2022.

No terceiro round, alavancagem (dívida) do Itaú e Bradesco, mensurada pela saúde financeira do balanço das companhias, Itaú apresentou índice de Basileia nível 1 em 13,6% e Bradesco, 12,9%. Ambas com bons índices de capital próprio em relação ao capital de terceiros.

Bradesco não consegue se impor

No 2T23, o Itaú teve leve alta no índice de inadimplência medido por atrasos acima de 90 dias, atingindo 3% na comparação anual (+0,3pp), mas ainda bem abaixo da inadimplência do Bradesco, com 5,9%.

A receita com prestação de serviços, segmento com maior rentabilidade e estabilidade nos bancos, apresentou queda de -1,3% na comparação anual para o Itaú. No Bradesco, o resultado foi mais impactado, com queda de -2,5%.

Do lado negativo para o maior Banco da América Latina, destacamos a revisão do guidance de receita de seguros e serviços em 2023, com crescimento de 7,5% a 10,5% para 5% a 7%.

Nessa luta, o Bradesco foi tão castigado com socos que achamos que ficou com o olho esquerdo fechado.

BTG entra na fila para pegar o cinturão

Apesar de dominar a luta contra o Bradesco, o Itaú não vence um combate contra o BTG Pactual (BPAC11).

O BTG é campeão absoluto em histórico e visibilidade de resultados e tem conseguido crescer mesmo com o mercado de capitais ainda em retomada lenta para a área de Investment Banking — o banco de investimentos da companhia, o qual é bastante participativo em ofertas públicas de ações e emissão de dívida.

No 1T23, o BTG apresentou crescimento na receita (+10%) e no lucro líquido (+10%), além de uma rentabilidade de 21%.

Para o 2T23, o mercado espera receita +10% e lucro +14% em relação ao 2T22. A expectativa é de retomada de emissões em ações no segundo semestre no ano, e os resultados da divisão de IB devem ser auxiliados pelo forte crescimento em fusões e aquisições (M&A).

Na área de crédito, também afetada pelo efeito Americanas neste ano, os bancos focaram muito em adquirir crédito melhor avaliado (segmento que BTG atua), o que beneficiou seus spreads, algo menor que investimentos mais arriscados (os chamados “high yield”), mas ainda assim bom.

O BTG não possui nenhuma outra exposição aos nomes que a mídia tem veiculado, como Light, Marisa, Tok&Stok, entre outros. Por isso, o efeito Americanas gerou um aumento de spread com custos de crédito mais baixos.

Para as áreas de wealth management (gestão de fortunas) e consumer banking (banco digital, que é reportado dentro da linha de wealth), a expectativa é de continuidade no crescimento de captação, com cerca de R$ 29 a R$ 30 bilhões e com um mix melhor diante da migração dos investidores da renda fixa para produtos de renda variável.

O BTG Pactual divulga seus números nesta quarta-feira, 9, antes da abertura do mercado.

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A longo prazo, cotações seguem os resultados

Em relação ao preço, quando comparamos os múltiplos do BTG a seus concorrentes, o banco de André Esteves é mais atrativo, negociando a 14x lucros e com excelente visibilidade de resultados.

Gráfico comparativo do lucro líquido de BTG, Itaú e Bradesco
Cotações (linha branca) x lucro líquido (linha verde). Fonte: Bloomberg

Apesar dos maiores múltiplos em relação aos pares — Itaú 9x lucros e Bradesco a 11x lucros —, o BTG tem apresentado um crescimento médio de resultados muito acima de seu mercado, com uma forte presença no banco de atacado e iniciando o crescimento em escala no banco de varejo.

Ações de bancos para comprar agora: confira o veredito

Mesmo o Itaú tendo construído um dos maiores legados entre os bancos, o BTG é pura superação e vem enfrentando diversos desafios para chegar ao topo.

Em valor de mercado, o BTG atingiu R$ 156 bilhões, ultrapassando o Bradesco, que registrou R$ 155 bilhões, e se tornou o terceiro maior banco da bolsa.

O Itaú Unibanco continua sendo o maior banco por valor de mercado, com R$ 256 bilhões e o Nubank, em segundo lugar, com R$ 177 bilhões.

Como opção de investimento, reiteramos recomendação de compra para as ações do BTG Pactual (BPAC11).

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