A era dos Fundos de Papel não acabou

Futuros de NY operam em alta à espera da decisão do Fed

Nord Research 14/12/2022 13:19 6 min Atualizado em: 14/12/2022 15:18
A era dos Fundos de Papel não acabou

Nesta quarta-feira, 14, os índices futuros de Nova York operam no campo positivo antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). A expectativa do mercado é que o Fed eleve a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual (p.p.).

No cenário doméstico, os investidores seguem acompanhando os novos nomes da equipe ministerial do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na véspera, o mercado reagiu negativamente ao anúncio de Aloizio Mercadante, que ocupará a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na agenda econômica, destaque local para a divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de outubro e para os dados do fluxo cambial semanal. Nos Estados Unidos, além da variação semanal nos estoques de petróleo bruto e derivados, os investidores estarão atentos à decisão da taxa básica de juros americana e ao discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após o anúncio.

Principais assuntos de hoje

  • FIIs de papel continuam atrativos com alta da inflação;
  • Ata do Copom: veja 3 pontos importantes!

Vida longa aos Fundos de Papel nos próximos meses

“Vida longa ao Rei”. Esta célebre frase significa a continuidade da soberania. No caso, para os fundos imobiliários de papel atrelados à inflação.

Isso porque gastos públicos maiores pressionam a inflação. A política fiscal mais expansionista esperada para 2023 em diante pode comprometer a convergência da inflação no médio prazo.

Como consequência, o Banco Central pode lançar um novo aperto monetário, retomando o ciclo de alta de juros.

Ata do Copom


Após o Banco Central manter os juros em 13,75% na semana passada, o colegiado reforçou na ata da reunião sua preocupação com o fiscal, que pode alterar o cenário futuramente.

O novo governo eleito e a expectativa de mais gastos públicos sem contrapartida via aumento de impostos ou cortes em outros gastos, como já sinalizados na proposta da chamada PEC da Transição, acenderam o alerta do risco fiscal no mercado e, consequentemente, no Comitê de Política Monetária (Copom).

No comunicado, o colegiado reforçou o argumento de que um cenário fiscal deteriorado pode reduzir a potência da política monetária, o que, na prática, significa uma maior necessidade de juros para controlar a inflação.

FIIs de papel continuam atrativos

Baseado nas expectativas de inflação, Marx Gonçalves enxerga com otimismo o futuro dos fundos de papel.

“Diante das incertezas relacionadas ao novo arcabouço fiscal que vai vigorar no país pelos próximos anos, entendo que a exposição a fundos imobiliários de “papel” vem se tornando cada vez mais interessante, tendo em vista a proteção que essa classe de FIIs pode proporcionar aos investidores em meio a esse ambiente de grandes incertezas”, afirma.

Ele explica também que muitos fundos de papel atrelados à inflação ainda estão negociando bem abaixo do patrimonial em razão dos impactos negativos que a deflação temporária causou em suas distribuições nos últimos meses, porém essa questão vem sendo revertida.

Ele aponta alguns ativos como favoritos em função das quedas recentes e potencial de retorno no médio-prazo. São eles: Kinea Securities (KNSC11), Kinea High Yield CRI (KNHY11) e Kinea Índices de Preços (KNIP11).

Rendimentos resilientes

Quanto aos fundos de papel mais expostos ao CDI, o analista destaca que esses ativos devem manter um nível de distribuição bastante resiliente nos próximos meses.

“Acredito que os FIIs de papel mais atrelados ao CDI, como também é o caso do Valora CRI CDI (VGIR11), devem continuar com suas distribuições de rendimentos estabilizadas em níveis bastante altos, tendo em vista a perspectiva de manutenção da taxa Selic em patamares elevados ainda durante um longo período”, conclui Gonçalves.

Desempenho do IFIX em novembro


Em novembro, o IFIX – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – acumulou queda de 4,15%, acompanhando o mau humor no mercado.

Entre os fundos imobiliários que encerraram novembro no campo positivo, o Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11) foi o principal destaque, com alta de 1,94%. Na outra ponta da lista, está o Habitat II (HABT11), que liderou as maiores perdas no período, com queda de 7,15%.



Veja 3 pontos importantes da ata do Copom


Se Gotham City tem o Batman como vigilante, o mercado financeiro tem o Copom, mas você vai concordar com a gente: o Cavaleiro das Trevas é mais legal.

Na ata de dezembro, a autoridade monetária reiterou que seguirá acompanhando os “vilões” que têm aterrorizado o mercado com uma atenção redobrada para o aumento do risco decorrente das medidas recentes de política fiscal.

Enquanto o Batman não aparece para nos salvar, confira os principais temas que ficarão no radar do Copom.

1. Aumento do risco fiscal


O texto do Comitê reforçou a visão de que “o aumento do risco fiscal pode comprometer a convergência da inflação no médio prazo e exigir uma postura mais dura do Banco Central”, destaca Christopher Galvão, analista de renda fixa da Nord Research.

Há algumas semanas, o mercado precificava quedas relevantes da Selic ao longo de 2023. Agora, as falas da autoridade monetária mostram que as sinalizações sobre um fiscal mais deteriorado aumentam as chances de não ser mais possível uma redução de juros no próximo ano.

2. Processo de desaceleração


Outro ponto que o Copom vai seguir acompanhando de perto é o processo de desinflação dos preços de serviços e dos núcleos, que são componentes de maior inércia inflacionária e, portanto, demandam mais atenção e perseverança da condução de política monetária.

3. Taxa de juros neutra


Segundo o analista, além do quadro fiscal e dos preços de serviços e dos núcleos, a autarquia monetária buscou reforçar ainda que debateu de forma extensa os impactos de diferentes cenários fiscais sobre a inflação.

Em análise, o Comitê reiterou que a política fiscal pode afetar a inflação por meio da demanda agregada (ou seja, aumento de consumo no curto prazo, que tende a gerar pressões inflacionárias), preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação, assim como a taxa de juros neutra – aquela não estimula nem contrai a economia, não gerando impactos sobre a dinâmica inflacionária.

“Para o Banco Central desacelerar a inflação, a Selic tem que estar acima do juro neutro. Dessa forma, uma elevação da taxa de juro neutro, como consequência de um fiscal mais deteriorado, resulta numa perda de potência da política monetária adotada pelo BC, o que cria a necessidade de juro mais alto para o controle da inflação (ou de juro elevado por mais tempo)”, disse Galvão.

É importante mencionar que o Copom voltou a informar que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste monetário caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.


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