Alta de 1,5 ponto na Selic; Raízen (RAIZ4) fora do radar; balanços e IGP-M

Nord Insider

À espera da aguardada decisão do Copom, o Índice Ibovespa encerrou praticamente estável na quarta-feira (27), com queda de 0,05 por cento, aos 118.052 pontos. Acompanhe, a seguir, os detalhes da decisão de política monetária e o que fazer com os seus investimentos.

Na agenda do dia, destaque para o IGP-M de outubro no Brasil. Nos Estados Unidos, saem os dados do PIB do terceiro trimestre.

No local, saem ainda os balanços corporativos de Ambev, Petrobras, Vale, Suzano e, lá fora, Caterpillar Comcast, Merck, Shell, Mastercard, Apple, Amazon e Starbucks.

Selic a 7,75 por cento: veja o que muda e o que fazer com os seus investimentos

A taxa básica de juros da economia (Selic) teve sua sexta alta consecutiva, de 6,25 por cento ao ano para 7,75 por cento a.a. Com o anúncio feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o Brasil passou a liderar a lista de países com os maiores juros reais do mundo, segundo o ranking feito pela Infinity Asset Management.

As últimas três altas da Selic foram de 1 ponto percentual cada e, desta vez, subiu 1,5 ponto percentual com possibilidade de outro ajuste de igual magnitude na próxima reunião, ou seja, de 1,5 ponto.

Entenda o aumento. O avanço mais incisivo nessa reunião levou em consideração os componentes de preços mais voláteis, que estão contaminando os núcleos de inflação, e o aumento do risco fiscal da economia brasileira (ameaça de rompimento ao teto de gastos), que eleva os prêmios de risco do país.

No seu cenário básico, o Comitê ainda destacou a evolução mais fraca da nossa atividade. Lembrando que, no Boletim Focus, o mercado tem reduzido as expectativas de crescimento para 2022, com uma projeção atual de 1,40 por cento, enquanto algumas instituições financeiras, como o Itaú, já esperam recessão da atividade econômica no próximo ano.

No documento, o BC citou ainda o aumento recente nos preços das commodities (carne, soja, petróleo) como fator preponderante para a decisão.

Consequências da alta dos juros

Na live de ontem (27), a Marilia Fontes, analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord, disse que, com a alta dos juros, a política monetária deixa de ter o papel de estimular a atividade econômica, principalmente no mercado de crédito, e passa a percorrer a meta de inflação de 2022.

O BC também cita que a inflação ao consumidor, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segue elevada, com alta de 10,25 por cento no acumulado de 12 meses até setembro.

O que fazer com seus investimentos?

Na conjuntura de Selic mais alta, a renda fixa pós-fixada atrelada à Selic ou à taxa DI – taxa de juros que costuma acompanhar a taxa básica – passa a render mais.

Já os títulos prefixados de curto prazo exigem cautela. Com o aumento nas curvas de juros, o preço unitário pode sofrer marcação a mercado. Já os prefixados de médio prazo talvez deem uma inclinada e passem a render um pouco mais.

A poupança, que rende 70 por cento da taxa básica de juros da economia, ganha um fôlego a mais e oferece 0,5 por cento de retorno real no mesmo período.

Entenda como ficam os Fundos Imobiliários

Com o novo aumento da taxa Selic, os investidores brasileiros voltam a se atentar para a renda fixa e reduzem a alocação em Fundos Imobiliários (FIIs).

O Marx Gonçalves, responsável pelo Nord FIIs, diz que esse movimento tem pressionado o preço das cotas dos fundos imobiliários desde o início do ciclo da alta de juros e que essa pressão vendedora deve permanecer nos próximos meses.

Apesar do cenário macro desafiador, o mercado de FIIs ainda oferece boas oportunidades. O Marx cita o caso de alguns Fundos de Tijolo com boas perspectivas de retorno e que estão negociando muito abaixo do valor patrimonial, mesmo diante do cenário de incertezas.

Além disso, há os Fundos de Papel, que são expostos a indexadores como o IPCA, que passam a render mais com a alta da inflação, bem como aqueles mais expostos ao CDI, que também se beneficiam das altas da Selic.

A Fuga da Poupança - Parte II

Saques na poupança superam depósitos pelo segundo mês seguido

A aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros registrou o segundo mês seguido de retirada maior do que o depósito. Em setembro, os brasileiros sacaram 7,72 bilhões de reais a mais do que depositaram na caderneta de poupança, segundo dados do Banco Central.

No acumulado do ano, os saques superaram os depósitos em 23,349 bilhões de reais, informou o BC.

No ano passado, a captação líquida da caderneta de poupança foi maior por conta do auxílio emergencial do governo, porém, agora, os brasileiros passaram a sacar o recurso por conta da pressão inflacionária, que reduz o poder de compra, ou para consumo.

O que mais acontece no cenário interno?

Taxa de desemprego recua, mas renda encolhe

O Brasil recuou para 13,2 por cento a taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da queda do desemprego melhor do que o esperado (o consenso do mercado era de 13,4 por cento), a informalidade cresceu e o rendimento médio real dos trabalhadores brasileiros recuou para seu menor patamar desde 2016.

Com o aumento da taxa de participação, os dados da pesquisa apostam que as pessoas estão voltando a procurar emprego devido ao processo de maior abertura da economia com o avanço da vacinação nos últimos meses.

Para o nosso analista de renda fixa Christopher Galvão, é importante acompanharmos como está ocorrendo essa recuperação do mercado de trabalho. Uma importante parte do avanço da ocupação está ocorrendo a partir do avanço dos trabalhadores informais, que subiu para 41,1 por cento no trimestre encerrado em agosto. Ao mesmo tempo, nos últimos meses, estamos vendo quedas relevantes no rendimento médio dos trabalhadores.

Isso tudo é reflexo de como está se dando o processo gradual de recuperação da população ocupada. Os trabalhadores têm aceitado empregos de menor qualificação e menores salários.

O nosso analista vem atualizando os assinantes do Nord Renda Fixa sobre o cenário interno e os dados de atividade, que apontam para um crescimento mais fraco em 2022.

Nesta semana, o Itaú Unibanco, por exemplo, passou a estimar queda de 0,5 por cento no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para o ano que vem. Esse cenário de atividade mais fraca pode refletir em uma maior dificuldade de recuperação do mercado de trabalho.

Risco ou oportunidade?

Raízen (RAIZ4) fora do radar dos investidores; Ainda vale a pena investir?

A estreia da Raízen (RAIZ4) na Bolsa de Valores brasileira foi considerada pelo mercado como o maior IPO do ano, ao levantar 6,9 bilhões de reais. No entanto, desde a abertura de capital, os papéis da companhia desvalorizaram 8,43 por cento, cotados a 6,63 reais pelo fechamento de quarta-feira (27).

Recentemente, a companhia até anunciou um importante investimento de cerca de 150 milhões de reais para construir uma nova unidade de geração de energia elétrica a partir de bagaço de cana-de-açúcar, o que aumentaria a capacidade de produção da companhia em 105.000 MWh/ano.

Apesar das boas perspectivas para a operação no segmento de sucroenergia, será que o mercado ainda não precificou o potencial da Raízen?

Olhando pelo múltiplo de referência, o valuation – para saber se o preço está alto ou baixo –, o analista de ações André Zonaro avalia que a ação da Raízen está sendo negociada em linha com as expectativas de crescimento, deixando uma margem de entrada um pouco mais justa.

Porém, com uma receita líquida de 115 bilhões reais no último ano-safra, uma das maiores do Brasil, o nosso analista avalia que dificilmente a companhia conseguirá dobrar de tamanho em pouco tempo.

E, para a estratégia do Nord Small Caps, que é encontrar empresas menores e com probabilidade de se tornarem grandes empresas no futuro, a Raízen (RAIZ4) não é aderente.

Contudo, por estar diretamente ligada a commodities, a empresa pode se beneficiar em um cenário de preços e real mais depreciado.

Relevante agora

Big techs surpreendem com balanços positivos no 3T21

A semana do dia 25 de outubro já estava marcada para ser uma grande semana para as techs nos Estados Unidos. Gigantes como Apple, Amazon, Alphabet (Google) e Microsoft divulgaram seus balanços trimestrais. As bolsas americanas bateram máximas históricas.

A seguir, reunimos os principais highlights na visão do analista internacional Cesar Crivelli.

Snap Inc.

Após o resultado de receita da Snap Inc., detentora do aplicativo Snapchat, vir abaixo das expectativas – queda de 64 por cento em relação ao mesmo período de 2020 – devido à mudança da política de privacidade da Apple que afetou toda a receita com publicidade, criou-se uma expectativa em relação aos resultados das outras big techs.

Tesla

Antes disso, no dia 20 de outubro, a Tesla apresentou resultados batendo recordes. A empresa registrou um lucro por ação de 1,86 dólar, além de uma receita de 13,76 bilhões de dólares. Os resultados foram motivados principalmente pela melhora nas margens brutas e operacionais da companhia, tanto no segmento de automóveis elétricos (principal operação) quanto no geral.

As operações ligadas à energia, envolvendo energia solar, e armazenamento e serviços de manutenção, seguros e venda de mercadorias da Tesla também registraram crescimento. Em vendas de veículos, a companhia também registrou alta, diferentemente de outras companhias do setor.  O valor de mercado da companhia superou 1 trilhão de dólares nesta semana.

Facebook

Na segunda-feira (25), o Facebook bateu as expectativas em lucro, com 3,22 dólares por ação, mas ficou abaixo em receita (29.01 bilhões de dólares). Em usuários ativos nas plataformas, registrou crescimento (atingiu 2,91 bilhões de dólares, uma expansão de 6 por cento).

A empresa informou que se não fossem as mudanças nas regras da Apple, a companhia teria um crescimento sequencial no 2T e 3T.

Microsoft

Na terça-feira (26), a Microsoft também superou as expectativas do mercado com um lucro por ação de 2,27 dólares e receita de 45.32 bilhões de dólares, alta de 22 por cento na base anual.

Os destaques de crescimento foram em serviços ligados à nuvem, enquanto serviços como venda do novo Windows e videogames sentiram problemas com a crise na cadeia de suprimentos. Entretanto, o novo software da companhia conseguiu bater as expectativas e em novos videogames teve um leve crescimento.

Alphabet (Google)

Também na terça-feira (26), a Alphabet (Google) surpreendeu o mercado com um lucro por ação de 27,99 dólares, alta de 19 por cento acima das expectativas, e receita de 65.12 bilhões de dólares. Grande destaque para o crescimento da receita com publicidade no último ano, principalmente dentro do YouTube e serviços em nuvem.

Ainda nesta quinta-feira (28), veremos as gigantes Apple e Amazon liberarem seus resultados do trimestre. Quer entender mais sobre como investir no exterior não olhando apenas para as big techs americanas? Acesse e saiba como.